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Primeira drag pop star do Brasil, até onde Pabllo Vittar pode chegar?

Aos 22 anos, artista tem conquistado espaço rapidamente no País

Pop|Helder Maldonado, do R7

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Pabllo Vittar: "Nunca deixei de ser o que sou"
Pabllo Vittar: "Nunca deixei de ser o que sou"

A vida de Pabllo Vittar se transformou completamente no último ano. A cantora foi de aspirante ao sucesso a uma das cantoras mais populares do País, atingindo até mesmo o topo do ranking de músicas mais tocadas do Brasil no Spotify no início de setembro.

Esse resultado é um misto de persistência, talento e sorte de ter sido a eleita para dar voz à ruidosa e crescente militância LGBT no Brasil. Nunca antes uma drag queen havia chegado tão longe na música popular nacional.

São quase 300 milhões de visualizações no YouTube (sendo 160 só do hit K.O.) e uma bem-sucedida parceria com Anitta em Sua Cara (que ajudou bastante na divulgação em nível nacional). Além disso, o disco Vai Passar Mal é um dos mais festejados de 2017 e o Instagram dela já superou em números de inscritos o de Ru Paul, drag mais conhecida e popular no mundo.

E o que ela ainda vai conseguir é uma incógnita. Se em menos de 365 dias, tudo isso aconteceu, com uma carreira bem planejada, Pabllo tem tudo para alçar voo que a emparelhe a Anitta como grande figura do pop nacional. Por enquanto, isso tudo é especulação.


Mas não deixa de ser um feito relevante para uma cantora que nasceu longe dos principais centros urbanos e em uma família de classe média baixa de São Luis, no Maranhão. Batizado em homenagem ao pai, Phabullo Rodrigues da Silva nasceu em 1994, tem uma irmã gêmea e foi criado apenas pela mãe. Apesar da grana curta, a família nunca passou necessidade. E foi o exemplo familiar que fez Pabllo correr atrás do sonho com tanta vontade.

— Nunca faltou nada pra mim. Minha mãe sempre trabalhou muito pra criar eu e meus irmãos da melhor maneira possível e isso me trouxe um senso de respeito e responsabilidade com o trabalho.


Mas se por um lado a vida de Pabblo sempre foi no mínimo confortável em casa, na rua e na escola ela sofreu com os mesmos problemas que a maioria dos jovens brasileiros homossexuais: preconceito e ameaças. Decidida, Pabllo conta que isso não chegou a afetá-la a ponto de pensar em esconder sua orientação.

— Nunca deixei de ser o que sou por conta de pessoas intolerantes. Então, era tranquilo. Tinha várias amigas, brincava e quando algo ruim acontecia, estava sempre de cabeça erguida e nunca deixei isso me abalar.


"Nunca deixei de ser o que sou por conta de pessoas intolerantes"

Crescimento e descoberta

Para Pabllo, um dos grandes desafios era revelar para a família sua orientação. Apesar da irmã saber bem cedo disso, a mãe apenas desconfiava. Tanto que quando resolveu contar, aos 15 anos, ela não recebeu com surpresa a informação.

Pabblo Vittar desmontada em foto na rede social
Pabblo Vittar desmontada em foto na rede social

— Ela só pediu para eu tomar cuidado, como toda mãe pede para os seus filhos.

De certa maneira, ter apoio e aceitação dentro do próprio ambiente familiar, ajudou Pabllo a se desenvolver profissionalmente como cantora. Sem ser obrigada a esconder trejeitos e preferências, foi se especializar em São Paulo, onde morou com a irmã e fez diversos bicos para sobreviver, e voltou a viver com a mãe em seguida, na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais.

Estar longe de São Paulo e do Rio não foi necessariamente problema para Pabllo investir na carreira artística. Nem quando ela descobriu que não seria apenas cantora, mas também drag queen.

— Eu moro em Uberlândia, Minas Gerais. Foi lá que tudo começou. O que tem que ser, vai ser. Sempre me interessei pelo mundo feminino. Quando conheci Rupaul's Drage Race (série americana), percebi que o drag se aproximava muito do que sinto.

"Quando conheci Rupaul's Drage Race%2C percebi que o drag se aproximava muito do que sinto"

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Os passos iniciais

Pabllo se montou pela primeira vez em um evento entregando panfletos para a festa de uma amiga na cidade mineira. Aos poucos, ela foi usando o mesmo artifício para se apresentar em casas de shows de Uberlândia. Junto a isso, se inscrevia em shows de calouros, concursos de beleza e gravava vídeos cantando músicas de divas norte-americanas, onde mostrava o alcance vocal.

Mas em paralelo à busca de se tornar artista, ela também investia em um plano B, sendo aceita em 2013 no curso de Design da Universidade Federal de Uberlândia. No entanto, a escolha foi só precaução. Na mesma época, Pabllo começou a se tornar famosa nas redes sociais e despertou o interesse de empresários artísticos e emissoras de TV locais.

— Eu sempre cantei, sempre amei essa arte e comecei minha carreira como Drag tem poucos anos. Tudo aconteceu muito rápido. Eu acho que tava sendo preparada pra entender o que estava por vir.

O grande passo, no entanto, foi dado em 2016, quando ela foi escolhida para substituir Leo Jaime na banda do programa Amor e Sexo, apresentado por Fernanda Lima na Globo. Com essa exposição, ela logo recebeu convite para participar de clipe da cantora Luiza Possi e estrelar uma campanha publicitária da Avon. Pabllo enxerga nessa guinada não só uma forma de finalmente ser conhecida em nível nacional, mas também uma maneira de reduzir o preconceito no Brasil através do espaço conquistado pela diversidade de gêneros na mídia.

— A visibilidade que temos hoje faz com que sejamos vistos. Isso gera o ódio, mas também gera conhecimento. E, no final, somos todos iguais.

"A visibilidade que temos hoje faz com que sejamos vistos. Isso gera o ódio"

Haters

A questão do ódio é real e comprovada quando se trata de Pabllo Vittar. No fim de agosto, o canal da cantora no YouTube foi invadido por um hacker que excluiu o vídeo de K.O. do perfil e ainda publicou fotos do deputado Jair Bolsonaro e vídeos que fazem alusão à pedofilia. Felizmente, ela conseguiu recuperar a conta e o vídeo com as visualizações intactas.

Pabllo sobre maquiagem: "Aprendi com tutorial do YouTube"
Pabllo sobre maquiagem: "Aprendi com tutorial do YouTube"

Duas semanas depois, ao estrelar o clipe Corpo Sensual, parceria com o Minstério da Saúde para promover o uso de preservativos, outro ataque: comentaristas ironizavam o fato da cantora não ter útero e, portanto, não precisar se prevenir com o uso de camisinha (ignorando que a proteção não é apenas contraceptiva, mas também contra DSTs).

— Eu tento me afastar de tudo que me faz mal e foco nas coisas boas que tem acontecido comigo e tento repassar essa energia boa pros VittarLovers. Mas são atitudes infantis, desesperadoras.

Maquiagem e heavy metal

Pabllo é uma figura admirada não só pela música, mas também pela imagem que vende. Embora não se preocupe em aparecer desmontada em vídeos nas redes sociais, é a maquiagem dela que faz bastante sucesso entre o público feminino. Autodidata, ela aprendeu sozinha a se maquiar em casa.

— Aprendi com muito teste e muito tutorial do YouTube. Eu sempre falo isso: para aprender, tem que colocar a cara na frente do espelho e treinar.

E quem já viu Pabllo de cara limpa, reparou também a preferência dela por camisetas de bandas de black metal obscuras. E como a carreira toda dela é voltada ao pop, logo surge o questionamento: ela curte mesmo ou só usa para montar um look descolado? Ela despista.

— Esteticamente é legal. Amo essa estética para montar o look, mas espero conhecer melhor o som.

Apesar de todo o sucesso e até de ter superado Ru Paul no Instagram, Pabllo parece não estar deslumbrada com a fama. Inclusive, não deixa que números de rede social tirem seu foco e a faça imaginar que ocupa um lugar que ainda não é dela. Principalmente quando é questionada se já é mais famosa que Ru Paul.

— Eu ter mais seguidores em uma rede social do que Mama Ru não significa que eu sou mais famosa que ela. Ela é conhecida mundialmente e tem uma história de se gabar. Ela é uma das responsáveis de eu ser quem eu sou.

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