Sensível e assustador, Invocação do Mal 2 é o melhor filme de terror de 2016

Considerado um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, Invocação do Mal conquistou os críticos com sua trama baseada em fatos reais e arrecadou mais de R$ 1 bilhão (US$ 318 milhões) em bilheteria pelo mundo, valor impressionante para um orçamento relativamente pequeno em Hollywood, cerca de R$ 68 milhões (US$ 20 milhões). Com resultados assim, era mais do que certo que haveria uma continuação.

Nesta quinta-feira (9), Invocação do Mal 2 chegou oficialmente aos cinemas, três anos após o primeiro filme. Felizmente, os envolvidos nesta sequência são os mesmos do longa original, o que garante um pouco mais de segurança quanto ao produto final. E dá para dizer, sem nenhuma dúvida: já é o melhor terror de 2016.

Dessa vez, os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren começam o filme participando do famoso caso de Amityville, nos EUA, onde Lorraine tem uma visão tão terrível que a faz pensar em desistir do arriscado trabalho que realiza com o marido. A história principal, no entanto, está em Londres, onde uma família, formada por mãe e quatro crianças, dois meninos e duas meninas, sofre com acontecimentos assustadores. Sempre preocupados em ajudar, Ed e Lorraine aceitam ir até a Inglaterra para investigar o caso, mesmo passando por uma crise pessoal. Novamente, dois casos reais que marcaram época.

O diretor James Wan conseguiu mostrar mais uma vez toda a sua visão refinada e inspiração em grandes clássicos como O Exorcista, Poltergeist e O Iluminado. Com movimentos engenhosos de câmeras, que transitam pela casa assombrada de maneira fluída, o espectador é inserido no meio do suspense e fica em constante alerta de que algo vai acontecer. A sensibilidade de Wan é fator determinante para transformar Invocação do Mal 2 em grande filme. Mesmo tratando de assuntos complexos, o diretor tem um jeito de guiar a trama que faz com que o público se conecte e se importe com os personagens. Dessa forma, todo susto, toda atividade demoníaca, todo sofrimento e também toda alegria, ganham novas dimensões.

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Os verdadeiros Ed e Lorraine se preocupavam com pessoas, queriam mesmo ajudar quem precisava, e isso fica claro no trabalho de Wan, que insere momentos emocionantes, que poderiam ficar deslocados em um filme de terror comum, mas que casam perfeitamente com a aura delicada que envolve Invocação do Mal. A cena em que a família canta Elvis na sala é de arrepiar e tira lágrimas com facilidade. Vale dizer que essa sensibilidade e o drama no qual o diretor aposta não atrapalham a parte assustadora. Pelo contrário, apenas reforçam tais momentos.

A tensão é constante e aí está mais uma das melhores qualidades de Wan nos filmes de terror. Apesar de ter alguns daqueles sustos rápidos, nos quais muitas produções se apoiam, o grande diferencial de Invocação do Mal 2 é a construção do suspense. Quando você pensa que “já passou”, que o susto principal já foi, Wan te surpreende. Cenas longas e planos sequência tornam praticamente todo o filme assustador, porque fica uma sensação constante de perigo. No fim das contas, o filme assusta por seu clima geral e não apenas por conta de uma ou duas cenas específicas. No entanto, dá para dizer que o diretor também caprichou nas cenas de maior impacto. Prepare-se para dar vários pulos da cadeira. 

Há ainda espaço para um pouco de humor, em cenas geniais como a dos policiais que visitam a casa da família em Londres ou a da professora na escola das crianças. O elenco também ajuda muito, com ótimas atuações.

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O trabalho de casting é, assim como no primeiro filme, certeiro. A família atormentada por espíritos é bastante carismática. Madison Wolfe vive Janet Hodgson, a menina de 11 anos que é o alvo principal dos acontecimentos paranormais, e dá um show na tela, especialmente nos momentos em que está possuída. Lauren Esposito, que vive Margaret Hodgson, irmã mais velha de Janet, também brilha e desponta como uma possível aposta para Hollywood. Frances O'Connor, a mãe da família, consegue passar com perfeição as dificuldades de uma mãe solteira que está com dificuldades financeiras e, claro, com coisas bizarras acontecendo em sua casa.

Sem dúvida alguma, o coração do filme é Vera Farmiga, em mais uma atuação impecável. Sua dupla com Patrick Stewart, como Lorraine e Ed Warren, é novamente o que faz o filme se mover. O ator se destaca em momentos emotivos como o do violão, mas é Vera quem rouba a maior parte das cenas com sua serena, angelical e poderosa Lorraine. Já passou da hora desta atriz fenomenal receber mais reconhecimento por seus trabalhos. 

Vale ressaltar também o excelente trabalho de ambientação, figurinos e fotografia. A Londres de 1977 ganha cores e tons perfeitos. O visual é realmente refinado e auxilia na criação de todo o clima de suspense.

Invocação do Mal 2 é cinema do mais alto nível, tanto no sentido técnico quanto na maneira de apresentar e conduzir uma ótima história. Com elenco de peso, equipe afinada e um talentoso diretor, esta segunda parte faz Invocação do Mal passar de melhor filme para melhor franquia de terror dos últimos anos.

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