Sidney Magal lança biografia e anuncia que pretende se aposentar
Cantor também planeja filme contando história de amor com a esposa
Pop|Helder Maldonado, do R7

Sidney Magal completa 50 anos de carreira sem enfrentar dilema algum. Sex symbol dos anos 70 e 80, ele garante que aceitou a chegada da idade, o aumento do peso e até mesmo os cabelos brancos, que assumiu em 2016.
Foi nesse ano também que ele foi alertado pelo filho, Rodrigo West, que estava prestes a atingir uma marca histórica na carreira: a de meio século de atuação. A partir daí, os dois correram contra o tempo para preparar um material que fizesse jus à história de um ícone brasileiro da música pop.
Uma turnê foi idealizada para celebrar a marca e uma biografia com quase 500 páginas aborda toda a trajetória de Magal como músico.
Para preparar esse material, ele garante que foi relativamente fácil. O próprio Magal mantém um acervo de tudo que fez e todas as matérias que saíram na imprensa sobre seu trabalho. Dessa maneira, a escritora Bruna Ramos da Fonte conseguiu concluir Sidney Magal – Muito Mais Que Um Amante Latino em cerca de um ano.
Com um formato não tradicional, o livro é repleto de depoimentos em primeira pessoa, o que dá um toque de maior proximidade com o artista.
Além do livro, Magal pretende lançar um documentário e também um filme que vai contar os 40 anos da história de amor dele com Magali West.
R7 — O que o livro irá revelar sobre sua carreira que ainda não sabemos?
Sidney Magal — Bastante coisa. É um livro tão pesado quanto eu. Muita coisa que aconteceu nos primeiros dez anos de carreira será exposta pela primeira vez. Pouca gente sabe que eu comecei como crooner de música folclórica brasileira na Europa. Passei anos morando na Itália e rodando o continente com essa banda. E eu também revelo que menti a idade. Quando voltei e lancei a carreira solo, meu empresário sugeriu que eu fingisse ser mais novo. Fui tipo gato de futebol, só que na música. No que isso mudou minha carreira? Nada.
"Tinha emissora que só me filmava da cintura pra cima para não mostrar a pélvis"
R7 — Sobre a vida pessoal teremos revelações?
Magal — Eu abro o jogo sobre relacionamentos, conto a morte trágica de uma namorada e detalho a minha relação com a Magali. Inclusive, nossa história deve virar filme, mas isso só para o ano que vem.

R7 — Você estourou durante a Ditadura. Como era aderir àquele visual sexualmente subversivo naquela época?
Magal — A forma de vestir, se portar no palco e tudo ao redor da minha carreira é conceitual e único. Mas eu não era um produto. Estava me encontrando como pessoa e adotei aquele estilo. Acredito que só o Ney Matogrosso e eu somos inimitáveis dentro da música nacional. Mas eu nunca fui perseguido politicamente, não. Pelo contrário. Quem me censurava era a mídia.
R7 — De que maneira?
Magal — Umas bobagens. Tinha emissora que só me filmava da cintura pra cima para não mostrar a pélvis. Um absurdo, já que o Elvis fez sucesso com isso 20 anos antes. Além disso, a mídia impressa era bastante preconceituosa e não dava espaço para ícones populares. Eu era visto como brega, como cantor que fazia música para empregada. Mas os ricaços compravam meus discos escondidos.
R7 — Apesar de ser casado desde o começo da carreira, como você lidou com o assédio, sendo um artista com um público feminino tão grande?
Magal — Apesar da figura sexualizada do palco, eu sou um cara muito tranquilo mesmo. Caseiro, família... então, para mim, não teve influência. Mas as mulheres piravam, isso não posso negar. E os homens achavam que eu era gay.
"As mulheres piravam e os homens achavam que eu era gay"
R7 — Como é ser símbolo sexual aos 64 anos?
Magal — As coisas mudam, a idade chega. Temos que aceitar. Eu até lutei contra isso pintando o cabelo por anos. Mas é bobagem tentar manter uma juventude que não condiz com a idade. O importante é que a energia no palco continua viva. Mas não sou mais símbolo sexual. Embora seja mais bonito que muitos famosos da minha idade (risos).
R7 — Tem artista que só para quando morre. Você será assim ou vai se aposentar?
Magal — O tipo de show que faço não dá para ser apresentado aos 80 anos, né? Nem pique para isso eu vou ter. Acredito que mantenho a carreira por mais uns seis anos e, aos 70, me aposento e vou viajar e curtir minha família. Estrada cansa.