Do teleteatro para uma investida corajosa no cinema brasileiro
Carnaval em Lá Maior, marcou época com uma trama recheada de marchinhas carnavalescas com todas as estrelas da Record.
Testemunha da História|por Gilson Silveira
No início dos anos 1950 São Paulo vivia um período intenso nas produções teatrais onde novas companhias surgiram e grupos de outras regiões do país faziam suas turnês pela capital paulista.
Exatamente no início da história da TV Record surgiram também o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e os estúdios da Vera Cruz. Nilton Travesso, que no início do Canal 7 dirigiu muitos teleteatros e buscou profissionais que não atuavam na TV Tupi ou na TV Paulista, o objetivo inicial era trabalhar a dramaturgia da emissora com grandes profissionais no programa Teatro Cacilda Becker.
![Zbigniew Ziembinski](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/I56CEZJYIFKFLIER7CEU5DXZP4.jpg?auth=27d2bdee7ba60bcd72341c9ddfda7534d848febc954b6814216f2642c586b321&width=480&height=468)
Além disso, as companhias teatrais brasileiras convidavam diretores internacionais para uma troca de experiências durante alguns meses hospedados em São Paulo. Assim, nomes consagrados na Europa, como Ziembinski, Ruggero Jacobbi e Carla Civelli contribuíram para o sucesso da Record naquela época.
Lysoform Bruto, Mesbla e Mappin eram os patrocinadores dos principais programas do início da Record, principalmente dos teatros. Audiência garantida para uma campanha comercial de sucesso de público e crítica.
Às segundas-feiras, além da própria Cacilda Becker, Walmor Chagas, Cleyde Yáconis e Benedito Ruy Barbosa, entre outros, produziam um espetáculo completo com uma hora e meia de duração. Quem acompanhava a transmissão ao vivo do Teatro Cacilda Becker ou do Grande Teatro testemunhava a habilidade de todos os profissionais envolvidos nos programas.
Os atores recorriam a biombos no estúdio para rapidamente trocar os figurinos e maquiagem. Os cinegrafistas agiam com precisão para registrar toda a movimentação nos cenários e muitas vezes corriam contra o tempo para chegar no momento certo no segundo estúdio onde aconteceria a sequência da peça.
Técnicos e diretores que comandavam tudo do switcher estavam sempre a postos para qualquer corte inesperado, improviso do elenco, esquecimento de falas, falhas de iluminação e gargalhadas no momento errado do texto.
![Cartaz do filme Carnaval em Lá Maior, 1955.](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/UQ5ZBQHKI5NMJGGOGH2P6NBZVE.jpg?auth=62e8d88d7106af192e636a2159b6911ba3300c9b02cea603f3756b2bb77069b1&width=300&height=431)
A Record não se intimidou e partiu para algo ainda mais ousado, em março de 1955 estreou com grande expectativa a produção de um filme só com estrelas da emissora. Era um parceria com a companhia cinematográfica A Maristela, uma versão pequena da Vera Cruz. Após poucos meses de ensaio e filmagem, Carnaval Em Lá Maior trazia Adoniran Barbosa, Elizeth Cardoso, Aracy de Almeida, Carlos Galhardo e Inezita Barroso contracenando juntos.
A película em preto e branco mostra a história de Moreira (Walter D’Avila), um homem que não consegue parar em nenhum emprego, e da filha Celina (Sandra Amaral), que se apaixona por Eleoberto (Randal Juliano), um jovem que está sempre desempregado. Um dia a casa de Moreira pega fogo e todos eles vão morar em uma pensão de artistas que mais se parece com um hospício. Entre as cenas, números musicais carnavalescos interpretados pelo elenco e por outros cantores como Ataulfo Alves, Carmélia Alves, Alvarenga e Ranchinho, Nelson Gonçalves, Hervê Cordovil, Nora Ney e Trio Nagô.
Confira o trailer do filme exibido recentemente pela TV Cultura:
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