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Brasil em foco: chefs de cozinha internacionais destacam gastronomia brasileira para o mundo

Variedade e riqueza de ingredientes nacionais foi apreciada por grandes chefs em 2013

R7 Receitas|Andréa Martinelli, do R7

Alex Atala é considerado "embaixador" da gastronomia nacional
Alex Atala é considerado "embaixador" da gastronomia nacional

Grandes nomes da gastronomia mundial, Gastón Acurio, Ferran Adrià, Joan Roca e Alex Atala, considerado “embaixador” da gastronomia brasileira, em 2013, deram continuidade a um movimento de elevação do status da culinária e dos ingredientes nacionais.

Em visitas individuais ao Brasil, os cozinheiros, que têm demasiada importância no cenário mundial, deram destaque para ingredientes ricos em aromas e sabores provocantes, poucos conhecidos mundo a fora, que pertencem a um país que ainda é criança perto dos gigantes em gastronomia como França e Espanha.

“Temos muitos produtos que estão sendo descobertos e trabalhados pelos chefs brasileiros só agora, isso aguça a curiosidade e torna a vinda para o Brasil interessante aos chefs”, analisa Zenir Dalla Costa, coordenadora do curso de extensão universitária Cozinheiro Chefe Internacional do Senac, em São Paulo.

Frutas, ervas, castanhas e outros produtos nacionais são apreciados por quem tem um paladar apurado e consegue pensar em misturas e combinações diferenciadas, como os chefs, que vivem de cozinha em cozinha há anos e buscam encontrar novidades e sabores a cada viagem.


Valorização dos ingredientes nacionais

Chamado de “Deus da Gastronomia” pela revista americana Time, dentre outros chefs, Alex Atala é o mais famoso em todo o mundo por levar o sabor da Amazônia à alta gastronomia. Seu mais novo livro, D.O.M - Resdescobrindo Ingredientes Brasileiros é fruto de anos de pesquisa e traz receitas inéditas e curiosidades de um Brasil pouco conhecido.


Em entrevista à agência de notícias AFP, Atala afirma que a Amazônia é uma fronteira do sabor muito pouco explorada e valorizada pelos próprios brasileiros.

— Sua riquezas e possibilidades são infinitas. Todo mundo conhece a palavra Amazônia, mas ninguém tem um sabor associado a ela.


Mandioca fresca, como farinha ou fermentada, peixes, insetos, ervas - como a priprioca -, frutas desconhecidas e selvagens: estes são alguns elementos que fazem parte do trabalho de Atala e estão no menu do D.O.M, seu restaurante em São Paulo, que oferece menu degustação com oito pratos a R$ 560 e eleva o "status" dos ingredientes brasileiros de "comum" para "alta gastronomia".

Receitas do livro: formiga com abacaxi à esquerda e ravioli de banana à direita, feitos com ingredientes brasileiros
Receitas do livro: formiga com abacaxi à esquerda e ravioli de banana à direita, feitos com ingredientes brasileiros

Da simplicidade à sofisticação

Em 2013, dentro do país, pratos que eram conhecidos e considerados simples, ganharam status. Feijoada, churrasco, bareado (um prato típico do litoral paranaense), baião de dois foram alguns deles. Segundo Zenir, fora do Brasil, matérias-primas brasileiras estão ganhando espaço e participando da elaboração de pratos no mundo todo.

— Trabalhos como os que o Alex [Atala] faz, que mostram para o mundo como nossa culinária é admirável, trazem para o brasileiro uma nova forma de olhar para sua própria gastronomia.

Paralelamente ao trabalho de Atala, o chef Rodrigo Oliveira, do Mocotó, é um dos exemplos mais pulsantes de que a valorização da cozinha nacional está em um caminho crescente dentro do próprio país.

“Hoje é muito comum ir até a periferia de São Paulo, Vila Medeiros, e encontrar jovens de classe média alta aguardando para entrarem no Mocotó”, completa Zenir.

Clientes com alto poder aquisitivo esperam em fila para comer um escondidinho ou um mocotó, comidas que até pouco tempo não faziam parte da dieta alimentar dessa parcela da população.

Copa do Mundo vem aí

Em 2014, a gastronomia brasileira promete ter mais destaque ainda tanto internacional quando nacional. Segundo especialistas, o crescimento será tão grande que a demanda de mão de obra especializada estará escassa.

Eventos como a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016, prometem fazer com que “nossos produtos e pratos típicos sejam conhecidos por mais pessoas de outras partes do mundo consolidando ainda mais a nossa gastronomia”, antecipa Zenir.

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Voltada para o ingrediente, que é o principal destaque e diferencial da cozinha nacional, a cozinha brasileira precisa amadurecer mais. Para Michele Novembre, do Senac, em São Paulo, há um caminho longo para percorrer.

— O mundo está começando a enxergar que o Brasil existe; no entanto, não temos ainda uma posição de destaque. O trabalho do Alex é, sem dúvida, fundamental para divulgar o Brasil; porém são necessárias outras ações e a participação de outros profissionais.

Diferente de países como França e Itália, a gastronomia brasileira não é tão valorizada pelo próprio brasileiro quanto nesses lugares e este tipo de pensamento é algo que "prejudica" a construção de uma identidade gastronômica.

— É um exercício difícil, porém necessário, uma vez que, em função da nossa história, aprendemos a valorizar o produto estrangeiro em detrimento do nacional. Mantendo e incentivando ações que valorizem e divulguem os produtos brasileiros, chegaremos lá!

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