Entenda por que o peixe-palhaço está encolhendo para sobreviver
Descoberta representa uma nova linha de investigação sobre os impactos do aquecimento global na vida marinha
RPet|Do R7

O peixe-palhaço, conhecido mundialmente como o protagonista da animação “Procurando Nemo” (2003), está literalmente diminuindo de tamanho para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Um estudo recente da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, revelou que a espécie está encolhendo em resposta ao aumento das temperaturas dos oceanos.
A pesquisa, publicada na revista Science Advances, foi conduzida por cientistas das universidades de Newcastle, Leeds e Boston, com apoio do Centro de Conservação Mahonia Na Dari, na Baía de Kimbe, em Papua-Nova Guiné. Os pesquisadores acompanharam 134 peixes-palhaço ao longo de cinco meses, medindo seus corpos regularmente e monitorando a temperatura da água durante uma onda de calor marinha em 2023.
Os resultados foram surpreendentes: 75% dos peixes encolheram pelo menos uma vez no período analisado. Segundo os cientistas, essa redução de tamanho não é apenas uma perda de peso. Os peixes realmente ficam mais curtos, um processo que pode envolver a reabsorção de tecido ósseo, como já foi observado em iguanas-marinhas.
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A redução corporal está diretamente relacionada à sobrevivência. Peixes que encolheram tiveram até 78% mais chances de resistir ao estresse térmico. A adaptação também parece ter uma dimensão social, já que os pares reprodutores que diminuíram de tamanho de forma coordenada tiveram maiores taxas de sobrevivência. Isso indica que a mudança corporal não é apenas individual, mas estratégica para a dinâmica do grupo.
Theresa Rueger, professora de Ciências Marinhas Tropicais da Universidade de Newcastle, explica que o encolhimento ajuda os peixes a consumir menos oxigênio e alimento, o que é crucial em momentos de estresse ambiental. “Eles não estão apenas fazendo dieta. Estão ajustando ativamente seu corpo para sobreviver”, afirmou.
A descoberta pode ajudar a explicar o encolhimento observado em outras espécies de peixes nos oceanos. De acordo com os pesquisadores, essa capacidade de adaptação pode ser mais comum do que se pensava e representa uma nova linha de investigação sobre os impactos do aquecimento global na vida marinha.
O estudo também alerta para a frequência crescente das ondas de calor marinhas, fenômeno impulsionado pelas mudanças climáticas. Em 2023, durante o período da pesquisa, a região da baía de Kimbe registrou temperaturas oceânicas elevadas que causaram o branqueamento de grandes áreas de coral, um sinal claro do estresse enfrentado pelos ecossistemas marinhos.
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