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Por que adoramos tanto filhotes de animais, segundo a ciência

Pesquisas mostram que o cérebro reage à “fofura” em milissegundos e ativa áreas ligadas ao prazer, ao cuidado e à empatia

RPet|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A percepção da "fofura" ativa rapidamente áreas do cérebro ligadas ao prazer e ao cuidado.
  • Características como cabeça grande e movimento desajeitado despertam o instinto de proteção instintivamente.
  • A fofura não só evoca instintos parentais, mas também promove empatia e conexões sociais.
  • Estímulos sensoriais relacionados a bebês e filhotes reforçam a resposta emocional e os comportamentos de cuidado.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Pesquisas mostram que o cérebro reage à “fofura” em milissegundos Divulgação/Nick van der Vegt/Unsplash

A cena é comum nas redes sociais: um vídeo de um filhote de gato cambaleando ou de um bebê rindo viraliza em segundos. Mas o que acontece no cérebro quando vemos algo fofo – e por que sentimos vontade de compartilhar?

Segundo o professor Joshua Paul Dale, da Universidade Chuo, no Japão, e autor do livro “Irresistible: How Cuteness Wired Our Brains and Conquered the World” (“Irresistível: como a fofura conectou nossos cérebros e conquistou o mundo”, em tradução livre), a explicação está em como o cérebro reage à fofura.

“A percepção da fofura atrai nossa atenção em cerca de 1/7 de segundo, ativando o córtex orbitofrontal, área associada ao prazer e à recompensa”, disse ele à rede National Geographic. Essa resposta rápida é seguida por processos que reduzem a agressividade e estimulam comportamentos de cuidado, empatia e compaixão.

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O que define algo como ‘fofo’

A ideia de que certos traços despertam o instinto de proteção vem do etólogo Konrad Lorenz, da Áustria, que, em 1943, descreveu o chamado kindchenschema (que significa “esquema do bebê”).


Ele observou que características como cabeça grande, olhos grandes e baixos, nariz e boca pequenos, corpo arredondado e movimentos desajeitados ativam no cérebro humano o impulso de cuidar.

Esses traços, segundo Lorenz, teriam valor evolutivo: ajudar a garantir a sobrevivência da espécie ao estimular o cuidado com os filhotes. Pesquisas recentes confirmam que o mesmo padrão se aplica a outros animais, o que explica porque humanos acham cães, coelhos ou até brinquedos “irresistíveis”.


“A fofura funcionou tão bem na nossa evolução que acabou se espalhando e hoje desperta respostas emocionais até com coisas inanimadas”, disse Dale.

Além do instinto de cuidado

A pesquisadora Kamilla Knutsen Steinnes, da Universidade Metropolitana de Oslo, na Noruega, diz que a fofura não desperta apenas o instinto parental, mas também uma série de emoções positivas.


“Ver algo fofo ativa áreas do cérebro ligadas à emoção, à recompensa e à motivação. Isso reforça comportamentos pró-sociais e o desejo de conexão”, explicou ela ao National Geographic.

Em outras palavras, a fofura não é só um “atalho biológico” para proteger bebês: ela também fortalece a empatia e o vínculo entre as pessoas.

Ciência por trás da fofura

Em um artigo científico liderado por Morten Kringelbach, professor associado e pesquisador em neurociência da Universidade de Oxford, no Reino Unido, cientistas analisaram como a fofura é processada no cérebro e descobriram que o fenômeno vai muito além da aparência.

Segundo o estudo, a fofura envolve todos os sentidos: bebês, por exemplo, não apenas parecem fofos, mas também soam, cheiram e até se sentem fofos – com risadas contagiantes, cheiros agradáveis e pele macia. Esses estímulos ajudam a garantir que recebam a atenção e os cuidados necessários para sobreviver.

Kringelbach e seus colegas apontam que essa resposta não se restringe a humanos. Cães foram criados para parecerem bebês, com olhos grandes e rostos arredondados, o que desperta em nós os mesmos instintos de cuidado. Até objetos com traços infantis, como ursinhos de pelúcia ou produtos em miniatura, podem ativar esse circuito emocional.

Reação do cérebro

Pesquisas de neuroimagem mostram que o córtex orbitofrontal – região ligada ao prazer – é ativado em apenas 140 milissegundos depois que vemos um rosto de bebê. Essa resposta rápida explica por que é tão difícil ignorar algo fofo.

Mas o efeito não termina aí. Depois dessa ativação inicial, o cérebro entra em um processamento mais lento e sustentado, que envolve redes ligadas ao cuidado e ao vínculo afetivo. Essa segunda fase é essencial para comportamentos como a parentalidade, que exigem aprendizado e paciência.

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