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Pai de cachorro
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Batata Frita, o começo de tudo!

A surpresa que transformou nossa vida

Pai de Cachorro|Celso Zucatelli e Celso Zucatelli


Nesta foto, o Zuca ainda não sabia, mas seria pai de cachorro
Nesta foto, o Zuca ainda não sabia, mas seria pai de cachorro

Sete e meia da noite na cidade de Santo André, no ABC paulista. Eu e minha irmã Larissa brincávamos com outras crianças no térreo do prédio onde morávamos quando recebemos um recado importante: "sua mãe disse para vocês subirem porque tem uma surpresa". A reação de ambos foi quase simultânea: "obaaaa, batata frita". Pode parecer estranho e um pouco exagerado, mas nossa mãe era barra pesada com o tema alimentação. Estas coisas "maravilhosas", como batata frita e refrigerante, eram artigos de luxo, permitidos apenas em alguns finais de semana. Apenas alguns, eu reforço.

Assim, largamos nossa deliciosa brincadeira no pátio e corremos para o elevador rumo ao que parecia ser o melhor acontecimento possível, já que ainda era um dia de semana. Entenda: estávamos no final dos anos 70 e esperar o tempo de subida de um barulhento e demorado elevador até o décimo segundo andar era uma viagem aparentemente interminável.

Chegamos esbaforidos e, praticamente, derrubamos a porta em direção à cozinha, mas a surpresa já nos esperava na sala. É até difícil descrever a emoção daquelas duas crianças. Mas, antes de tentar fazer isso em detalhes, vale contextualizar e descrever o ambiente familiar para ficar tudo bem claro.

Na minha casa, nessa época, moravam meus pais Celso e Laura, minhas avós Hermínia e Judith (viúvas), eu e minha irmã com dois anos e quatro meses de diferença de idade (o detalhe dos quatro meses é uma coisa impossível de não escrever porque minha mãe faz questão de dizer que a diferença de idade entre os 3 primeiros filhos é exatamente igual), e o bebê Vinícius que, como vocês já sabem, é dois anos e quatro meses mais novo que a Larissa. Era uma turma razoavelmente grande para um apartamento e esta informação é importante para entender a grandiosidade da surpresa.

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Eram outros tempos, outros conceitos, outros entendimentos sobre "ter" um animal de estimação. Como toda criança, a gente queria muito um cachorro ou um gato, mas não rolava. A resposta vinha com peixe, porquinho-da-índia, pintinho… Como eu disse, era outra época e estas práticas de "dar" pintinhos como lembrancinha em festas de aniversário ou doar os porquinhos da índia depois das festas juninas eram comuns. Mesmo sem a gente entender que aquilo não era legal, a gente não gostava e não queria. A gente queria mesmo era um cachorro ou um gato. Eu queria um cachorro, minha irmã, um gato. Tivemos muitos gatos também e depois eu conto pra vocês em outros textos.

Minha mãe costumava contar que na infância teve uma cadelinha chamada Kitty, uma pequinês, e este era nosso argumento: você teve, a gente não tem. E a resposta era bem democrática: eu morava em casa, tinha espaço, aqui não.

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Com este cenário fica mais fácil entender que, aos 50 anos, eu lembro de tantos detalhes daquela noite quente em que conhecemos nosso primeiro amor, a "nossa" Kitty. Sim, não deu tempo de ter criatividade de escolher um novo nome ou, quem sabe, foi uma forma que encontramos de tocar ainda mais fundo o coração da nossa mãe para garantir que aquela nova integrante da família jamais fosse embora.

Quase ninguém castrava seus cães naquela época e as ofertas de filhotes de amigos e conhecidos eram muitas. Tocada pela luz divina que ilumina os pais de crianças que pedem cachorros, daquela vez minha mãe aceitou. Importante: nossa cadelinha compartilhava apenas o nome com aquela que estava desde a infância nas lembranças da minha mãe, mas não o porte. A nossa Kitty não passava nem perto do tamanho de um pequinês. Nossa menina era um pastor alemão vivendo com aquela galera no apartamento e espalhando felicidade na minha família.

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É claro que a chegada dela veio repleta daquelas recomendações sobre os cuidados que nossa Kitty merecia e as responsabilidades que deveríamos assumir com limpeza e passeios. Mas o que eu quero deixar aqui neste texto é a mensagem sobre os ensinamentos que os pais passam para os filhos sobre respeito com os animais e nós, felizmente, tivemos isso em casa. Muitos bichos, sempre. E muito amor por eles.

Viajando aqui na maionese, hoje, eu sei que o nome dela deveria ter sido Batata Frita. Mas o importante é que foi com ela que tudo começou. Eu, como todos sabem, sou Pai de Cachorro, assim como meus irmãos mais novos Vinícius e João Paulo, que ainda não existia nesta história, mas já nasceu cachorreiro. E a Larissa, que subiu correndo comigo em busca da surpresa, é uma orgulhosa Mãe de Gato. E, sim, embora o nome do blog seja Pai e Cachorro, vamos falar muito de gato também. Obrigado Kitty, por abrir as portas do nosso coração para este amor.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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