Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Pai de cachorro

Quarenta horas sem luz, mas com muito amor

O que aprendemos com a falta de energia elétrica que nos forçou a conviver mais

Pai de Cachorro|Celso Zucatelli e Celso Zucatelli

Celso Zucatelli e a família: 40 horas sem luz em casa
Celso Zucatelli e a família: 40 horas sem luz em casa

Foram mais de 40 horas sem energia elétrica em casa depois do temporal da última sexta-feira (3). É claro que isso causou uma série de problemas, e o principal deles: a falta de refrigeração para os alimentos. Mas vamos tirar boas lições de tudo o que acontece na nossa vida?

Vou explicar usando como exemplo nossa relação com nossos filhos de quatro patas, que amam uma rotina e, obviamente, essa rotina deixou de existir nesses dois dias. Vou explicar: eu e Ana temos gostos completamente diferentes, deve ser por isso que vamos completar 25 anos de casamento neste mês. Nosso paladar não combina em nada, assim com o nosso gosto cultural. Livros, filmes, esportes, tudo diferente. Isso nos obriga a fazer coisas separadamente, e nossos filhotes escolhem com quem eles ficam, dependendo do que estamos fazendo.

Depois do jantar, cada um vai para uma televisão, porque gostamos de programas diferentes. Na maioria das vezes, os quatro vão comigo, mas se a Ana vai fazer brigadeiro, por exemplo, um ou dois deles voltam para ficar mais perto da cozinha e curtir o aroma. Mas o fato é que nunca ficamos todos juntos desde o fim do jantar até a hora de dormir.

E foi tudo diferente nessas duas noites sem luz. Primeiro porque, quando o dia ia caindo, começava uma operação "espalhar velas" e lanternas solares pela casa. E com os quatro nos acompanhando como se fosse uma gincana. Nada de micro-ondas nem fritadeira elétrica, e sim preparo raiz, no fogo. Até a comidinha deles (usamos alimentação natural) foi aquecida no fogão, espalhando um cheiro maravilhoso pela casa. E fazendo todos correrem para comer sem a gente chamar.


Celso Zucatelli e Hambúrguer no escuro
Celso Zucatelli e Hambúrguer no escuro

Sem televisão e sem luz, depois do jantar, nada de TV nem livro. Seguimos juntos, conversando, planejando viagens, contando mais detalhes sobre o nosso dia. E com os quatro filhos peludos com a gente. Eu e Ana sempre temos muito assunto, a gente fala pelos cotovelos, e parece que jamais acaba.

No grupo do meu condomínio, um vizinho que eu ainda não conheço (mas já gosto dele) escreveu que, depois de muitos anos, curtiu com as crianças um divertido jogo de dominó, na sala. Todos juntos, sem celular, computador, streaming...


Entenda, eu amo todas esss tecnologias, todo mundo sabe. Sou geek com muito orgulho, mas dar uma desligada é bom demais. E, muitas vezes, ela precisa ser forçada, como aconteceu com essa falta de luz. Que bom que o motivo foi esse, e não um problema de saúde que nos obrigasse a fazer isso.

Então, de verdade, vamos promover, de vez em quando, esse tipo de "apagão" de diversões individuais. Sem desligar a geladeira, mas ligando a conexão real, e não digital, com quem está pertinho da gente.


Não posso afirmar com 100% de certeza, mas tive mesmo a impressão que Paçoca, Mandioca, Cafezinho e Hambúrguer adoraram seguir com os dois sem ter que escolher um ambiente. Você que é pai ou mãe de pet sabe bem identificar quando eles estão felizes, não sabe?

O Paçoca demonstra isso com toda a força dele quando eu e Ana estamos juntos, no mesmo ambiente, cozinhando, por exemplo. Quando um dos dois fica muito tempo fora de casa, ele passa muito tempo na escada, aguardando a chegada da pessoa e a tão desejada reunião da família. Ele sabe que isso é sinal de que está tudo bem, que estamos juntos e seguros. Como em tantas outras situações, vamos aprender com eles e valorizar esses momentos.

Que bom que a luz voltou, precisamos dela. Mas precisamos também de outro tipo de luz, e ela brilhou por aqui nesses dias.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.