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‘Virada Cultural’ de SP é evento que empobreceu e se tornou perigoso

Programação já fez parte do que de melhor a cidade oferecia aos paulistanos e turistas, mas está agonizando em praça pública

Entretenimento|Marco Antonio Araujo, do R7

O veterano Alceu Valença é dos poucos a merecer destaque
O veterano Alceu Valença é dos poucos a merecer destaque

Criada em 2005 durante a gestão Serra-Kassab, mas com um jeitão meio petista, a Virada Cultural já foi um evento ousado, impactante, aglutinador. Abrigou shows históricos, como o de Caetano Veloso, em 2019, ou Paulinho da Viola, em 2011. Epifanias. Tornou-se, inclusive, um marco turístico da cidade, atraindo milhares de pessoas dispostas a virar 24 horas maratonando atrações de todos os matizes artísticos. Mas parece estar agonizando, à beira do estertor.

Esta edição 2023 foi anunciada pela prefeitura já com uma pinta meio decadente, com um nível de convidados quase protocolar, sem surpresas e com a indefectível cota identitária da qual nunca mais nos livraremos – algo muito democrático, mas, sejamos francos, desprovido de relevância artística com suas três ou quatro figurinhas carimbadas.

A degradação que nos trouxe à Virada Cultural tem vários fatores e nenhum grande responsável ou vilão. Alguns apontarão para a questão da violência e explosão de roubos e assaltos que foram dominando o noticiário, em vez da alegria do público e das grandes atrações. A falta de segurança é um fato, mas tendo a achar que o paulistano já é suficientemente doutrinado nesse quesito para se abalar com prosaicos arrastões ou furto de celulares.

A começar, a proposta de 24 horas seguidas de programação foi reduzida ao palco do Anhangabaú. Os outros 11 palcos distribuídos pela cidade vão funcionar quase em horário comercial. O nível dos artistas decaiu progressivamente em comparação aos shows fantásticos que marcaram as Viradas.


Este ano, para evitar patrulhamentos ou a impressão de preconceito, posso dizer que teremos Alceu Valença. Não vou citar nomes constrangedores – e olha que serão 500 na programação –, seja pela irrelevância, pela pobreza estética ou pela simples e insuportável chatice de seus repertórios já rotos e rasgados. Foi o que deu para pagar com os R$ 40 milhões investidos pela prefeitura – que espera receber 4 milhões de pessoas nos dias 27 e 28 de maio.

Diante deste cenário, a Prefeitura tem que rever seus conceitos. Ampliar o orçamento, investir em curadoria para trazer grandes nomes e atrações estrangeiras de peso como foi com a banda Living Colour, em 2010. E principalmente, minimizar o poder das licitações que burocratizam a contratação de artistas e intimidam os convites institucionais às estrelas.

Duvida de mim? Dá uma olhada no cardápio disponível. Merecem algum destaque, por esforço de reportagem, o Supla (que deve ter participado de todas as edições), dona Roberta Miranda e o tio Ivan Lins, só para terem uma ideia. Se algo não for feito, podemos estar diante de uma morte terrível.

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