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'A dança é a minha escola', diz jovem da periferia de SP sobre trabalho social

Experiências culturais com o break e aulas de música ampliam horizontes e mudam a vida de jovens de comunidades 

Virtz|Alex Gonçalves, do R7*

Grupo Unity Warriors, criado em 2015 por jovens da periferia da cidade de São Paulo
Grupo Unity Warriors, criado em 2015 por jovens da periferia da cidade de São Paulo

Igor Wilson de Souza, 29 anos, e Vinicios Silva Costa, 31 anos, são integrantes do grupo de dança Unity Warriors, criado em 2015 por jovens da periferia da cidade de São Paulo. Os rapazes desenvolvem um trabalho artístico, pedagógico e social com foco no desenvolvimento de ações em comunidades.

Igor mora em Perus, zona noroeste da capital paulista, e encontrou na dança um lugar de conhecimento. "Quando perguntam sobre a minha formação, eu respondo que a dança e a cultura foram a minha escola.” O dançarino conta que a dança o ensinou a se entregar, a ter atitude para correr atrás de oportunidades e construir novos caminhos. “De alguma forma, dançar me sensibilizou e me faz ser alguém melhor."

Filho de pais gesseiros, o rapaz tem oito irmãos e lembra que começou a dançar ainda criança, aos 10 anos, por influência dos irmãos. "O break é uma dança virtuosa, linda de ver, cheia de energia e de movimentos impressionantes, algo com que todos os jovens da periferia se identificam", conta.

Igor frequentou aulas de formação em dança como programa vocacional e oficinas sobre a cultura hip-hop oferecidas no CEU (Centro Educacional Unificado) de Perus. "Também buscava aprender com pessoas mais velhas de caminhada e influentes na dança", diz. "Muitos professores que conheci em formações me indicaram para alguns trabalhos e me deram um direcionamento para atuar profissionalmente."


Para o rapaz, a ideia é sempre continuar produzindo e dançando. "Buscar a valorização, o reconhecimento e poder obter o apoio financeiro que todos os artistas merecem", comenta.

Vinicios Silva Costa, 31 anos
Vinicios Silva Costa, 31 anos

Já Vinicios mora em União de Vila Nova, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Ele conheceu a dança em 2003, quando assistia a uma apresentação no Instituto Nova União da Arte, uma organização sem fins lucrativos. Para ele, a dança é uma ferramenta de acesso e de leitura de mundo que a educação formal não possibilita.


"O hip-hop foi e é a minha base, mas ele por si só não dá conta de transformar. Se o indivíduo não compreender a dinâmica do mundo, é provável que deixará de aproveitar as oportunidades que vão surgir pelo caminho", explica.

A cultura hip-hop foi o caminho para Vinicios entrar no universo cultural. "Fui me permitindo experimentar outras técnicas, como danças brasileiras, balé clássico, dança contemporânea, dança indiana e muitas outras. Isso me fez ser quem sou, um artista plural que transita por diferentes técnicas", finaliza o jovem.


Juntos, eles lançaram uma websérie documental no canal do YouTube inspirada nas histórias de vida dos integrantes do grupo, em que exaltam a importância das narrativas construídas por jovens periféricos que transformaram suas vidas por meio da cultura hip-hop.

Com transmissão gratuita, o documentário conta com seis episódios. As narrativas são construídas com base no olhar de um dos bailarinos do grupo, que driblam preconceitos e contextos desfavoráveis para construir uma trajetória na dança contemporânea e da arte urbana.

A websérie finaliza o projeto Eu e Você, Somos Nós?, que contou com o apoio da 18ª edição do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais do Município de São Paulo (VAI), Modalidade 2. Em conjunto com a residência artística Unity Class e MANOfestAÇÃO.

Da periferia para o mundo

Banda dos Curumins vai se apresentar na Suíça e na Itália neste mês de agosto
Banda dos Curumins vai se apresentar na Suíça e na Itália neste mês de agosto

A Banda dos Curumins é formada por 17 jovens moradores da periferia, no bairro da Pedreira, zona sul da capital paulista. Eles promovem o projeto de música da Associação Casa dos Curumins por meio de percussão, sopros, harmonia e voz.

Rumo à Europa, a banda vai se apresentar no dia 27 de agosto na Piazza della Riforma, na Suíça, e no dia seguinte no Festival de Villa Arconati, na Itália, além de marcar presença no Grand Hotel Villa Castagnola (29), também na Suíça.

A tecladista, Geovanna Regazi Custódio Graciano, 21 anos, é uma das artistas que compõem a banda e está ansiosa pela primeira viagem fora do país. “É tudo muito novo! Parece até um sonho de tão maravilhoso”, diz a aluna do último semestre de música na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas). 

Segundo a estudante, o interesse pela música surgiu quando ainda era pequena. “Gostava de acompanhar os corais durante os ensaios na igreja. Em casa havia um teclado, e eu também comecei a praticar nele as canções de que mais gostava”, lembra. Em 2017, aos 16 anos, ela ingressou no projeto Quarteirão da Música e viu a chance de realizar o seu sonho.

Na época, Geovanna cursava o segundo ano do ensino médio em um colégio particular em que era bolsista integral e recorda que, para conciliar a escola com a música, ela realizava as tarefas sempre com excelência. “Eu sempre tive facilidade de aprender, focava os estudos e com isso tinha mais tempo para me dedicar ao projeto. Dessa forma, a música se tornou um incentivo para mim.”

*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder

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