Aplicativo “São Paulo Mais Humana” conecta doadores a ONGs carentes
Ferramenta criada pelo governo facilita busca do cidadão por instituições que necessitam de ajuda. Além de doações, pessoa pode ser voluntária
Virtz|Joyce Ribeiro, do R7

A biomédica Lilian de Farias Jancso costuma fazer doações com frequência a entidades carentes e, pela primeira vez, utilizou a plataforma “São Paulo Mais Humana”, lançada em outubro pelo governo do Estado. “Vi uma propaganda pela TV falando sobre o aplicativo e tive curiosidade de ver como funcionava a doação”.
A plataforma, que é gratuita, conecta doadores a instituições carentes, que necessitam de ajuda para manter as atividades diárias. A ferramenta está disponível na internet e também em celulares, por meio de aplicativo.
Segundo Lilian, o cadastro é bem simples, objetivo e prático. “Você informa o CEP e ele procura entidades num raio escolhido por você, no meu foi de 10 quilômetros. O aplicativo me ajudou a encontrar instituições perto de casa. Entre 5 e 10 minutos, você finaliza o cadastro com todos os dados.”
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A biomédica escolheu o Lar Vinícius, na zona oeste de São Paulo, e doou produtos de limpeza. Os materiais foram levados por ela até a instituição que cuida de crianças que poderão ser adotadas. “Por ser do governo o aplicativo, dá para confiar. Se fosse falcatrua, eu saberia porque tem o nome da entidade, telefone, endereço, nome do responsável e a razão social”, justificou Lilian.
Pela plataforma, é possível escolher qual a causa que o doador tem preferência: crianças e adolescentes, idosos, mulheres, pessoas com deficiência ou em situação de rua ou outras categorias. O cidadão tem a opção ainda de escolher o que pretende doar: materiais, tempo como voluntário ou encontrar vagas de trabalho.
De acordo com o Fussp (Fundo Social de São Paulo), 703 entidades estão inscritas na plataforma e aceitaram o convite para participação através de um e-mail. Dois meses após o lançamento do aplicativo, 58 pessoas se cadastraram com a intenção de doar.
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Doação

O doador pode ser uma pessoa ou uma empresa. Segundo o diretor executivo do Fussp, Augusto Ramos, “apesar de não haver um filtro para os doadores, as instituições que serão beneficiadas passam por uma análise prévia para verificar a autenticidade das informações no cadastro. O aplicativo faz a aproximação entre doador e entidades, mas não interfere nessa relação”.
O objetivo da plataforma é fomentar a política pública de doação no estado de São Paulo, mas ainda é pouca conhecida. A doadora Lilian Jancso aprovou a experiência e garantiu que vai utilizá-la mais e “propagar a informação em redes sociais de doadores por não ser burocrático o aplicativo”.
Ana Moniz é administradora da ONG Centro Educacional e Profissional Vinícius, que foi beneficiada pela doação de Lilian. Ela revelou que só descobriu a “São Paulo Mais Humana” porque uma voluntária trabalha no governo e comentou sobre o assunto. “O cadastro é bem simples, depois de 3 ou 4 dias chegou e-mail de uma doação. É muito útil porque vivemos 100% de doações e precisamos dos mesmos produtos que uma casa comum”, contou Ana.
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O Lar Vinícius tem 2 unidades e cuida de 20 crianças de 0 a 10 anos de idade em situação de risco ou vulnerabilidade social. “Elas são trazidas pela Vara da Infância e estão mal cuidadas ou negligenciadas e aqui passam por médicos, dentistas e reforço escolar”, afirma a diretora da ONG.
A administradora afirmou que, por ser um aplicativo oficial do governo, serve como uma espécie de certificação: “inspira mais confiança, nunca se sabe quem é que está chegando no portão. É sempre alguém indicado por um conhecido, com agendamento. Aqui ninguém entra do nada”. O cuidado é uma exigência pela instituição lidar com crianças.
Ana Moniz sugeriu ainda uma mudança na plataforma: “seria legal que tivesse um campo onde a instituição pudesse informar os produtos de primeira necessidade”. O diretor do Fundo Social afirmou que vai tentar incorporar a sugestão ao aplicativo e contou que isso já ocorre numa parceria com a Defesa Civil.
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Quando há catástrofes, como a queda de um prédio, enchentes com desabrigados ou desastres ambientais, a Defesa Civil informa também na "São Paulo Mais Humana" quais são as necessidades específicas para ajuda emergencial. A listagem de produtos é atualizada à medida que as doações começam a se acumular enquanto outros itens ainda estão em falta, como alimentos, água e cobertores.
“A intenção é crescer o número de doações para o ano que vem. Queremos ativar 3.000 entidades e conquistar mais doadores. Vamos fazer divulgação nas estradas e parcerias com outras secretarias”, afirmou Augusto Ramos.
O governo espera que a "São Paulo Mais Humana" fique conhecida pelo boca a boca, mas também por meio da experiência positiva dos usuários, já que o Fundo Social é um órgão filantrópico e não dispõe de verba para publicidade.

Aplicativo
“O São Paulo Mais Humana é importantíssimo, pois agiliza e amplia o processo de forma digital. Não é mais analógico e nem distante. Agora se faz no celular”, disse o governador João Doria no lançamento da plataforma.
Por meio de geolocalização (disponível em www.saopaulomaishumana.sp.gov.br e aplicativo), o cidadão pode definir um raio de busca, que varia de 1 a 50 quilômetros do endereço indicado, para localizar instituições que estejam dentro da sua área de interesse.
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De acordo com o governo, as informações registradas são 100% seguras e a plataforma permite o acompanhamento das instituições, oferecendo mais transparência ao processo.
É importante que, antes de fazer a doação, a pessoa se certifique de que o produto está em bom estado e dentro das condições adequadas de uso.