Médicos dão consulta online grátis sobre diagnóstico da covid-19
Projeto Missão Covid reúne profissionais voluntários para orientar pacientes sobre dúvidas a respeito do coronavírus
Virtz|Do R7
Com o objetivo de diminuir o impacto no sistema de saúde brasileiro, o cardiologista Leandro Rubio e o oncologista Raphael Brandão se uniram ao especialista em inovação digital Cristiano Kanashiro (da consultoria GO.K) para colocar de pé a plataforma Missão Covid, que permite o atendimento remoto e gratuito a pessoas com dúvidas sobre o coronavírus ou que apresentem alguns sintomas e não sabem se devem ou não se procurar um hospital.
"Eu e o Leandro Rubio estávamos conversando sobre a angústia de ver tantos pacientes indo ao pronto-socorro sem necessidade e muitos outros com uma série de dúvidas e questionamentos com relação ao coronavírus, e juntos elaboramos uma ideia de atender de uma forma remota esses pacientes. A gente se juntou ao Cristiano Kanashiro, que tem a tecnologia, algo que nós médicos não temos", conta Raphael Brandão. O resultado foi a criação o site no qual o "match" entre pacientes e médicos é realizado.
"Nosso projeto vem de encontro ao momento de pandemia que a gente vive, basicamente um dos pilares é prestar assistencia, tirar dúvidas sobre o coronavírus, e caso a pessoa tenha sintomas de covid-19, ela pode entrar na nossa plataforma para ser atendida por um médico voluntário", explica Kanashiro.
Em atividade desde o dia 23 de março, a plataforma sem fins lucrativos já conta com quase 400 médicos cadastrados e 4 mil pacientes, entre já atendidos e agendados, inclusive brasileiros no exterior.“Já atendemos brasileiros na Austrália, Estados Unidos e Europa. Até o momento atendemos brasileiros em 64 países”, diz Rubio. "Todo trabalho é feito de forma voluntária e tem havido grande procura por parte dos médicos", ressalta o médico.
Atendimento pelo whatsapp
Na prática, o paciente deve se cadastrar no site do projeto e aguarda o contato do médico pelo whatsapp. O atendimento de telemedicina é feito por meio de uma chamada de vídeo pelo whatsapp. "Nosso principal objetivo é evitar que pacientes precisem ir a hospitais, causando superlotação do sistema, e ao mesmo tempo a gente entrega assistência médica de maneira remota para a população basileira que precisa ficar em isolamento", explica Rubio.
Até o momento, 10,8% dos pacientes atendidos foram encaminhados para unidades de saúde. Destes, 41,9% tinham a hipótese diagnóstica da covid-19. O médico esclarece que se o paciente apresentar sinais e sintomas que indiquem avaliação médica presencial, ele será orientado a ir ao hospital.
“Nós queremos e vamos entregar assistência e impactar a saúde do nosso país nesse momento tão importante”, acredita dr. Rubio. “Estamos utilizando um projeto de inovação para diminuir o impacto no sistema de saúde brasileiro. Temos uma grande missão voluntária e humanitária de ajudar a população brasileira, por isso focamos todo o nosso time no desenvolvimento dessa plataforma dos últimos dias”, avalia Cristiano Kanashiro, CEO da GO.K., que acredita que o projeto continuará mesmo após o pico da crise.
A orientação médica por telemedicina já possui respaldo legal. No dia 19 de março, o Conselho Federal de Medicina (CFM) encaminhou um ofício ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em que informa sua decisão de reconhecer a possibilidade do uso da telemedicina no País, além do que está estabelecido na Resolução CFM nº 1.643/2002, que continua em vigor. Dia 31, o Senado aprovou a PL 696/20, que libera o uso da telemedicina durante a pandemia - o texto segue para sanção presidencial. A decisão vale em caráter excepcional e enquanto durar o combate à epidemia de COVID-19.