Mega Help 2023: Jovens discutem importância da saúde mental em evento de valorização da vida
Milhares de pessoas lotaram o Sambódromo do Anhembi para a segunda edição do evento
Virtz|Lello Lopes, do R7
O tempo nublado não assustou o público que lotou o Sambódromo do Anhembi na tarde deste sábado (14), na segunda edição do Mega Help. Muito pelo contrário. O clima friozinho de São Paulo deu ainda mais energia às pessoas que foram ao evento que promove a valorização da vida.
Além de São Paulo, o encontro aconteceu (ou vai acontecer) nos outros 25 estados e no Distrito Federal, com público total esperado de 250 mil pessoas. Outros 45 países também vão receber o evento.
A iniciativa é do Projeto Help, criado em 2018 para ajudar jovens que pensam em desistir da vida. "Com o lema 'Não Te Julgo, Te Ajudo', nós realizamos ações com o intuito de promover a valorização da vida, realizar prevenção ao suicídio e também levar apoio emocional para pessoas que eventualmente estejam vivendo algum desses problemas", conta Cadu Souza, responsável pelo projeto.
Um dos pontos principais do evento foi o Cantinho do Desabafo, onde voluntários ficaram de prontidão para dar apoio a quem precisasse conversar. Pelo segundo ano, Marcela Hidalgo foi uma dessas cerca de 300 voluntárias.
"Eu me coloco no lugar de quem vem desabafar. Porque é uma batalha dentro da pessoa, da mente dela e do que ela sente. Então, eu ouço tudo o que ela tem pra dizer, e no final eu mostro que ela pode vencer aquilo, que os maus pensamentos podem ser trocados pelos bons. E que não existe história se não houver uma superação, ninguém aplaude uma história de quem conseguiu viver sem lutas", conta.
O público, bastante animado, era formado majoritariamente por jovens, como as amigas Isabelly Sousa e Erika Trajano, de 17 anos, ambas estudantes de um colégio de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
"A saúde mental é um assunto que precisa ser tratado, mas ainda tem muito tabu. Quando a gente fala de saúde mental, o pessoal fala 'ai, isso não é nada', e acaba tratando como um problema fútil", diz Isabelly.
"É um tema que deveria ser mais estudado, porque são milhares de pessoas com depressão, ansiedade, transtornos e algumas pessoas simplesmente não ligam. É algo que deveria ser abordado nas escolas e no trabalho, porque é um assunto muito importante", completa Erika.
Para Isaque da Silva do Nascimento, também de 17 anos, o Mega Help é importante para acabar com o preconceito sobre o tema.
"Muita gente tem preconceito com pessoa com depressão, às vezes acha que é frescura, mas realmente quem já passou por esse tipo de coisa sabe quão difícil é. Por isso eu acho tão importante o pessoal fazer esse trabalho. A gente vê uma mão estendida e uma oportunidade para um monte de jovem encontrar um caminho para sair dessa tristeza, desses maus pensamentos que batalham na mente todos os dias", afirmou.
O Mega Help, que contou com apresentações musicais e palestras, aconteceu em outubro, escolhendo conscientemente não ficar restrito a setembro, o mês tradicional do "Setembro Amarelo", que promove a prevenção ao suicídio.
Para Cadu, do Projeto Help, o compartilhamento de histórias é fundamental na luta pela saúde mental e na prevenção ao suicídio.
"Nós somos provas vivas disso, porque muitos de nós tiveram depressão profunda, sofreram abuso, tiveram crises quase que intermináveis de ansiedade, e hoje essas pessoas também retomaram suas vidas, suas carreiras, seus sonhos. Hoje vivem como prova viva de que superar um problema de ordem de saúde mental é, sim, possível. Não é fácil, mas é possível. Então tudo muda quando nós entendemos o quanto nós somos capazes de superar. Não torna mais fácil, mas me faz eliminar a opção de desistir. Se eu entendo que eu sou capaz, então eu consigo enxergar que desistir não é a saída", finaliza.
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