No esperado dia do casamento, noivos fazem cerimônia on-line
Débora e Adriano, de Campinas, foram obrigados a adiar a festa para março do ano que vem por causa do isolamento imposto pela covid-19
Virtz|Marcos Rogério Lopes, do R7
Eles, Débora e Adriano, conheceram-se há três anos, em maio de 2017. No fim de 2018 decidiram se casar e começaram os preparativos. Buffet, espaço, escolha de padrinhos, convites etc, tudo o que todo mundo faz, com a diferença que 50 dias antes da data, 2 de maio de 2020, quase tudo parou de funcionar no mundo inteiro, inclusive em Campinas (SP), onde moram.
Saiba como se proteger e tire suas dúvidas sobre o novo coronavírus
Com 60% dos contratos para o casamento pagos, a primeira dor de cabeça foi logo evitada: os fornecedores adiaram a festa sem exigir reembolso. O irmão da noiva vinha da Alemanha e teve de desmarcar às pressas a viagem, também sem prejuízos.
Leia também
A lua de mel do casal seria em Cancún, no México, após a celebração. "Seria, não, será", deixa claro Débora Farias, de 30 anos, que trabalha no setor de hotelaria como consultora de venda em eventos. "A companhia aérea aceitou que mudássemos para depois da nova data de casamento, em {27 de] março de 2021", explica.
Eles transferiram para quase um ano depois a cerimônia oficial, mas acharam uma forma de registrar a data original pela internet, em uma cerimônia on-line. A ideia foi da celebrante do seu casamento, a jornalista Adriana Santos.
"Quando ela sugeriu, achei curioso, não sabia como ia ser porque nunca tinha visto nada parecido. Mas valeu muito. Em seu discurso, a Adriana falou coisas bem bonitas, que nos emocionaram bastante, e o retorno dos convidados também foi ótimo", diz Débora.
Não teve champanhe, bolo, ficou faltando a condução da noiva ao altar e não se viu arroz jogado nos recém-casados, mas o carinho entre marido e mulher e o amor das pessoas próximas estava lá, mesmo que de outra forma. "Foi o que a Adriana chamou de pré-casamento ou primeira cerimônia, valeu para aquecer pra festa principal", comenta a consultora de vendas.
Alguns amigos e parentes assistiram à celebração pelo Instagram no sábado (2). Maio foi o mês em que se conheceram e também o escolhido pelos pais de Débora quando se casaram. Não poderia passar em branco.
Foram 15 minutos emocionantes, salvos no notebook para serem vistos mais e mais vezes.
Ela não está trabalhando. O hotel no qual é contratada fechou em março e tem previsão de reabertura em junho. Adriano Barbosa, seu noivo, de 42 anos, do setor de logística, faz seu serviço em home-office. Moram juntos.
A nova data, em março de 2021, foi a opção mais próxima disponível no local do evento, em Campinas. "Estava tudo cheio no segundo semestre deste ano e, como o contrato com nossos fornecedores era para um sábado, tínhamos poucas opções", diz a pré-casada.
Reinvenção na quarentena
Adrana faz casamentos há 6 anos, e já organizou cinco cerimônias virtuais para noivos que marcaram o dia durante a quarentena.
A criação é dela, em uma adaptação do trabalho do dia a dia que se mostrou necessária em vários setores da economia nesse período de isolamento social. Também foi a maneira que encontrou para se manter conectada com os clientes.
Há duas opções, sempre gratuitas. Pelo Zoom, programa no qual os padrinhos podem participar com suas imagens e falando simultaneamente, e pela Live do Instagram, na qual os convidados deixam comentários escritos.
Ela diz que a procura por remarcações é alta para o segundo semestre e há até o risco de fila de espera nos espaços. "O que tem acontecido para não ocorrer esse acúmulo é que muitos noivos têm aceitado trocar um sábado por uma sexta-feira ou domingo."
Comemoração surpresa
Adriana conta que algumas das transmissões virtuais foram surpresas organizadas pelos familiares do casal. “Tem sido gratificante proporcionar esses poucos minutos no qual falamos sobre o amor, sobre a união e, principalmente sobre a gratidão”, declara.
“Embora chateados com o adiamento, todos agiram com tamanha maturidade e compaixão que eu não poderia deixá-los desamparados na data em que originalmente aconteceria a cerimônia.”
As cerimônias não têm valor legal, esclarece. "Mas entendo que nesse momento os gestos simbólicos trazem paz ao coração e é disso que precisamos”, finaliza.