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Refugiados ajustam negócios para contribuir durante pandemia

No Brasil, eles utilizam o isolamento social para colaborarem com ações, especialmente por meio do exemplo de resiliência que tiveram de desenvolver

Virtz|Eugenio Goussinsky, do R7

Sylvie Mutiene atua em projeto de gastronomia
Sylvie Mutiene atua em projeto de gastronomia

Primeiro, a chegada ao Brasil quase sem pertences. Depois, já no País, a chegada de uma pandemia. Neste sentido, muitos refugiados teriam grandes possibilidades de sofrer em dobro.

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Mas, adaptados, conseguiram superar dificuldades iniciais para, neste momento de urgência, poderem contribuir de alguma maneira no país que os acolheu.

Diante na nova realidade, ajustaram os seus negócios e atividades para diminuir as mazelas causadas pela pandemia.


E passaram a utilizar o contexto do isolamento social para darem sua contribuição, especialmente por meio do exemplo de resiliência que tiveram de desenvolver.

Três dessas iniciativas são a Teatroterapia, a plataforma OpenTaste de gastronomia e as aulas do projeto da ONG Abraço Cultural, conforme informa a Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) Brasil.


Na Teatroterapia, criada pelo professor e jornalista venezuelano Raul Escalona, as pessoas aprendem a se expressar melhor, o que contribui para um certo alívio neste momento de tensão.

“Minha proposta é de evidenciar a comunicação como uma ferramenta de superação de desafios. Comunicar não é apenas falar, mas se expressar e ser compreendido de diversas maneiras. Para isso, proponho uma viagem no tempo por lendas venezuelanas e técnicas que envolvem a história oral e a percussão corporal”, afirma Raul, com seus 74 anos.


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Também a plataforma OpenTaste, criada pela refugiada síria Joanna Ibrahim, resolveu adaptar seu conceito a esta situação emergencial.

Com o fechamento do comércio por causa da chegada do novo Coronavírus, chefs como Sylvie Mutiene, advogada da República Democrática do Congo, passaram a compartilhar seus conhecimentos, antes feitos de forma presencial, com aulas virtuais de gastronomia mediante agendamento por parte dos interessados.

“Ter que deixar o seu país de origem para salvar a sua vida e dos seus filhos nunca é fácil. Por mais sofrido que tenha sido a minha trajetória, olho adiante para poder compartilhar o que sei. A gastronomia congolesa e as palestras motivacionais me permitem superar as dificuldades para ensinar o que tenho de conhecimento e valores humanos”, diz Sylvie, que que há sete anos vive no Brasil, tendo chegado com todos os seus filhos pequenos.

Para Joanna, esse momento traduz de alguma maneira a importância da chegada dos refugiados e unifica as iniciativas em uma única linguagem, acima das nacionalidades: a da solidariedade humana.

“Desta forma contamos um pouco dos segredos de cada chef sobre os seus pratos tradicionais, compartilhando essa riqueza cultural com quem gosta de cozinhar. Com este aprendizado, as diferentes culturas também são valorizadas e mostram o quanto todos ganhamos com a chegada de refugiados”, afirma.

No projeto da ONG Abraço Cultural, o objetivo é promover o ensino de inglês, espanhol, francês e árabe com professores refugiados e metodologia voltada para as trocas culturais. Trata-se, conforme ressalta a Acnur, de mais uma oportunidade de trocas culturais entre refugiados e brasileiros, centrada no aprendizado de idiomas.

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“Dentre as oportunidades que tive aqui no Rio de Janeiro, o que de fato fez meus olhos foi o ensino de idiomas. Dou aulas de inglês e árabe e as trocas de saberes e cultura dentro de uma sala de aula são infinitas, ainda que as aulas tenham que ser como agora, virtualmente”, disse a jovem Tulin, de 29 anos.

A guerra que assola a Síria há mais de nove anos obrigou Tulin a abandonar a graduação de astronomia na Universidade de Damasco E, mudando de órbita em sua própria vida, passou a dar aulas particulares no Brasil.

“Estudar no Abraço Cultural é poder aprender sobre cultura Síria mesmo quando se estuda espanhol. Muito mais do que aprender um idioma, é também um espaço para conhecer diferentes culturas, histórias de superação e perceber o quanto somos diferentes e o quanto somos parecidos”, disse a aluna Kátia Hochberg.

O momento, portanto, realça muitas das curvas da vida, quando, lá na frente, as pessoas mostram que o sofrimento, enfim, se tornou aprendizado.

Os refugiados já tiveram que se adaptar à realidade do Brasil no momento de chegada, se tornaram profissionais e, com toda essa "bagagem", em contraste com as poucas roupas que tinham na chegada, redescobriram seus potenciais. Para, com eles, ajudarem a si mesmos e aos outros.

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