Venezuelana migra para o Brasil, vence depressão e conquista emprego em TI
Imigrante fez cursos de programação em Manaus e hoje trabalha para desenvolver uma plataforma de empregabilidade
Virtz|Alex Gonçalves, do R7*
Raquel González, 48 anos, nasceu em Ciudad Bolívar, na Venezuela. Após viver sob pressão psicológica e assédio moral no trabalho, ela entrou em depressão. Diante das dificuldades em seu país de origem, Raquel tomou coragem, migrou para Manaus (AM) e deu a volta por cima.
A venezuelana trabalhou por mais de duas décadas no Serviço Nacional Integrado de Administração Tributária, como funcionária pública. Nos últimos anos, o clima ficou pesado. “Os abusos começaram a mexer com o meu emocional”, lembra.
Tratada por psicólogos e por psiquiatras, Raquel tomou coragem, largou tudo e migrou para o Brasil com sua família.
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“O meu trabalho naquela época era tudo para mim. Sempre fui comprometida com o que era proposto e me empenhava — a cada atividade que realizava no meu trabalho, eu procurava fazer o melhor e com excelência", conta.
Assim que chegou em Manaus, Raquel e a família foram acolhidos pela Visão Mundial e instituições de ajuda humanitária. "Eu recebi ajuda financeira e me deram a oportunidade de fazer cursos de empreendedorismo e programação."
“Com os recursos do projeto consegui comprar uma impressora para ajudar outros migrantes que vivem em Manaus a tirarem cópias ou realizarem impressões de documentos. São valores baixos, porque sei a condição que vive um imigrante", conta Raquel. "É uma vida muito difícil, estamos falando de pessoas que tinham um bom trabalho, mas aqui não conseguem continuar na mesma profissão e precisam garantir o sustento da sua família em um país diferente.”
O curso de empreendedorismo teve duração de seis meses, com conteúdos básicos até os mais avançados e concluídos com muito esforço. A surpresa veio na conclusão do curso, quando foi convidada para compor um time de profissionais da empresa. “Recebi um e-mail para realizar um desafio: criar o projeto de plataforma de empregabilidade em sete dias”, conta.
Do teste para a prática. “Nunca imaginei que aquele desafio seria aplicado para a vida. Tudo que aprendi no curso foi colocado em prática.”
“O emprego me ajuda muito financeira e emocionalmente", avalia. "Nós conseguimos melhorar de vida: com dois meses de trabalho foi possível pagar várias contas atrasadas e quitar a faculdade da minha filha. Foi uma vitória muito grande. Se não tivessem me dado essa oportunidade, eu não teria conseguido”, conclui.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder