Artificial, medieval, extravagante: confira as tendências de moda e estilo de vida para 2025
Em vez de ‘reservadas’, as pessoas vão começar a se preparar para a batalha neste ano que acabou de começar; veja a lista
Viva a Vida|The Styles Desk, do The New York Times
No início de 2024, você imaginava que o fascínio com o que os membros da Geração Z pensam, vestem e fazem começaria a desaparecer? Que os trajes temáticos dominariam os tapetes vermelhos? Ou que as rosetas floresceriam como um acessório popular na moda? Nós imaginamos. Analisando os últimos 12 meses, esses três fenômenos foram algumas das previsões mais precisas feitas pelo The New York Times sobre as tendências de moda e estilo de vida para 2024.
O que nos espera em 2025? Se as hipóteses que apresentamos a seguir estiverem corretas, o ano vai ser artificial, medieval, extravagante e verde – mas não por causa do Brat, álbum da artista Charli XCX que popularizou o verde neon. – Anthony Rotunno, editor de notícias de moda, seção Styles.
Com a mente na Idade Média
Você se lembra de quando todo mundo estava obcecado pelo Império Romano? Neste ano, um período histórico diferente parece pronto para dominar as mentes: a Idade Média. Há sinais de que uma nova fascinação pela época medieval pode estar ganhando força. Chappell Roan apareceu no MTV Video Music Awards deste ano usando uma armadura. A Dior apresentou cotas de malha em um desfile inspirado em Maria, rainha da Escócia. Um padre desleixado, conhecido por suas bênçãos envolvendo picles em um festival renascentista em Nova York, se tornou uma celebridade improvável no TikTok.
Em vez de “reservadas”, as pessoas vão começar a se preparar para a batalha em 2025. Ou pelo menos vão tentar largar o celular para festejar como se estivessem no ano 999. – Callie Holtermann, repórter, seção Styles.
Um apetite pelo artificial
Independentemente de Robert F. Kennedy Jr. ser confirmado para liderar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, só a ideia de que ele supervisione o bem-estar dos Estados Unidos pode ser suficiente para inspirar uma onda de interesse por tudo que é artificial, como reação ao movimento “Torne a América Saudável Novamente”.
Fique atento às pessoas tomando coca-cola zero no metrô a caminho do trabalho, aos coquetéis de cores vibrantes transbordando de copos de plástico em bares, às filas imensas em restaurantes de fast-food e ao uso de pele e couro sintéticos e ouro falso, associados à estética da marca de moda Forever 21, em seu auge no início dos anos 2000. Diga adeus àquele estilo indie despreocupado, agora é só o despreocupado mesmo – Dani Blum, repórter, seção Well.
O tartã ganha nova relevância
Com mais agitação política prevista, o tartã – tecido que designers como Vivienne Westwood usaram para desafiar os ideais que ele representava originalmente, como a estrutura, a conformidade e a lealdade – parece pronto para ressurgir. A marca britânica de calçados Underground revestiu seu sapato estilo creeper com tartã em uma colaboração com a designer francesa Solène Lescouët; Jessi Regina, criadora de conteúdo, começou a combinar tartã com roupas urbanas em publicações no Instagram; e, em Londres, a marca Chopova Lowena modernizou saias de tartã com mosquetões.
Para alguns, o tartã vai ser destaque poucos dias depois do início do ano, com a estreia da terceira temporada de “The Traitors”, reality show repleto de trajes escoceses, no dia 9 de janeiro. Para desafiar a conformidade, ostentar a lealdade ou dar vida ao figurino na tela, prepare-se para ver mais desse tecido. – Geordon Wollner, assistente de notícias.
Pandan se torna o ingrediente do momento
O pandan, também conhecido como pinheiro parafuso, é um aromatizante básico da culinária do Sudeste Asiático que confere um sabor doce e herbáceo, quase como a baunilha – e às vezes um tom verde-claro – a pratos como o kaya toast, o bolo de favo de mel vietnamita e o nasi lemak.
Muitas padarias e cafeterias já oferecem produtos com pandan: experimente o latte de pandan da Lê Phin, em Nova York, ou o kaya bun da Breadbelly, em San Francisco. O crescente interesse por esse ingrediente o levou a alcançar o que muitos, incluindo eu, consideram um sinal claro de que alguma coisa está em alta: chegar à rede de supermercados Trader Joe’s. Depois de um ano de verde brat, prepare-se para o verde pandan. – Mia Leimkuhler, editora de boletins informativos, seção Cooking.
Uma nova febre por criptomoedas
As criptomoedas pareciam completamente desacreditadas depois do colapso da FTX. O preço do bitcoin despencou desde seu auge, em 2021, e muitas startups do setor desapareceram. Até que o presidente eleito Donald Trump reconquistou a Casa Branca e fez uma defesa entusiástica das criptomoedas. Haliey Welch, conhecida como Hawk Tuah Girl, criou a própria moeda meme; tecnólogos pró-cripto estão sendo nomeados para cargos no novo governo Trump; e o bitcoin ultrapassou o valor de US$ 100 mil.
Em outubro, ri quando a banda The Black Keys promoveu um dos maiores comitês de ação política de criptomoedas antes da eleição. Talvez os roqueiros em decadência tenham previsto o que estava por vir. – Mike Isaac, repórter de tecnologia, seção Business.
Os Estados Unidos da promoção de produtos
Esqueça os M&M’s da Casa Branca: com um presidente eleito que transformou um boné em símbolo de lealdade, e não só promoveu sua foto de identificação policial, mas também do terno que vestia na imagem, é questão de tempo até que lembranças mais elaboradas do segundo mandato de Trump estejam disponíveis. Novos perfumes Trump já foram lançados; Elon Musk insinuou a criação de produtos para o novo Departamento de Eficiência Governamental; e o possível futuro diretor do FBI, Kash Patel, já tem a própria linha de produtos K$H.
O que pode vir a seguir? Aroma do Salão Oval? Um kit “construa seu muro”? Óculos de detetive? Talvez só uma pulseira da amizade do Tesouro dos Estados Unidos, com contas de ouro. Seja qual for a resposta, pode apostar que vai ser mais do que um bóton. – Vanessa Friedman, diretora de moda, seção Styles.
O extravagante ofusca o luxo
Marcas minimalistas como The Row e Toteme há tempos dominam pessoas elegantes que podem pagar por suas peças simples, porém caras. Mas, com o passar dos anos e com as mudanças nos ventos culturais e políticos, algumas começaram a visar formas de tornar o luxo menos discreto. Uma solução tem sido o toque extravagante. Considere, por exemplo, os adornos criativos pendurados em um número crescente de bolsas, ou nas joias vintage (ou inspiradas no estilo vintage) que muitos influenciadores de moda têm usado recentemente.
O desejo de expressar individualidade por intermédio de roupas e acessórios é antigo, mas a ênfase recente no estilo pessoal pode ser, em parte, reflexo de algoritmos que reciclam incessantemente os mesmos looks em nossas redes sociais. À medida que isso se intensifica, espere que mais pessoas procurem peças únicas que expressem sua singularidade. – Marie Solis, editora da equipe, seção Styles.
Ramaswamy versus Musk
Deixando de lado a aparente ineficiência de criar um Departamento de Eficiência Governamental não apenas com um líder, mas com dois, a parceria política entre Vivek Ramaswamy e Elon Musk faz algum sentido. Os dois são empreendedores tecnológicos ricos com um senso sólido de autovalor e têm muitas coisas em comum.
Mas, assim como a familiaridade pode gerar desprezo, o atual bromance pode sucumbir ao tipo de competição digna de reality show. Somando a isso à necessidade de Musk e Ramaswamy de chamar a atenção, a parceria pode ser de curta duração. Afinal, há espaço só para um no centro dos holofotes. – Jesse McKinley, correspondente nacional, seção Styles.
A ascensão do estilo Clinton
Quando a Donni, marca de moda feminina popular entre os influenciadores de mídia social, lançou sua coleção de fim de ano duas semanas depois da eleição de novembro, um conjunto se destacou: um terno de duas peças em tafetá, composto por um blazer sem gola e calças afuniladas, que apresentava uma notável semelhança com o estilo preferido de Hillary Clinton. No Instagram, uma foto mostrando o chamado “Lady suit” da Donni, combinado com salto baixo e pérolas, recebeu elogios entusiasmados de mulheres na faixa dos 30 anos, como a modelo Paloma Elsesser, que comentou: “Estou muito obcecada!” Em 48 horas, grande parte dos blazers já havia se esgotado.
O apelo do Lady suit pode ser uma exceção. Mas também pode sinalizar que o estilo de Clinton está começando a ganhar espaço entre mulheres jovens no início de um segundo governo Trump. – Misty White Sidell, repórter de mercado, seção Styles.
Abraçando as rugas
De 2013 a 2023, o uso de botox por pessoas com menos de 30 anos aumentou quase 50%. A era da Covid exacerbou nossa obsessão por redes sociais e nos prendeu à tirania das videochamadas, levando muitas mulheres a recorrer à cirurgia estética. As injeções de preenchimento dispararam.
Agora, surgem sinais de um movimento contra o botox. As celebridades estão dissolvendo seus preenchimentos, e tutoriais de maquiagem “antibotox” são tendência no TikTok. Será que 2025 pode ser o ano das rugas? Ou, pelo menos, o ano dos cuidados com a pele à base de plantas? – Rose Adams, assistente editorial, seção Opinion.
Um ponto de virada na guerra pela atenção
Se neste ano nossos pensamentos se pareceram com bolinhas em um jogo de pinball numa máquina – sacudindo, batendo e ricocheteando ao sabor das notificações incessantes do celular –, 2025 vai ser o ano de resetar o jogo. Oficinas já prometem ensinar a arte de recuperar a atenção; estados dos EUA estão aprovando leis que restringem o uso do celular em escolas, e algumas pessoas estão jurando deixar de lado seu aparelho em fevereiro, em vez do álcool em janeiro. Enquanto isso, o TikTok, conhecido por um algoritmo que dificulta desviar os olhos da tela, está mais próximo de ser banido nos Estados Unidos.
Tudo isso aponta para uma direção: o ano que começa pode ser um ponto de virada na guerra pela atenção, momento em que muitos vão aplicar as estratégias de Marie Kondo, descobrindo a alegria de eliminar o tumulto dos memes. – Emma Goldberg, repórter, seção Business.
c. 2025 The New York Times Company