Beyoncé, Blackpink e Paul McCartney: astros da música levam chefs de cozinha em turnês
Cada vez mais, os grandes astros estão se preocupando com o cardápio durante os shows pelo mundo
Bem Estar|Do R7
Em Estocolmo, quando os dançarinos, a equipe e os roadies de Beyoncé viram os biscoitos de gergelim preto, wasabi e chocolate branco, ou talvez o de chocolate amargo com amêndoa e coco sem glúten, deduziram que Grant Bird estava de volta.
Bird é um chef confeiteiro inglês e um dos 14 profissionais culinários que integram a atual turnê de Beyoncé, a Renaissance World Tour. Além dele, a equipe também conta com um chef vegano e três chefs exclusivos para atender a cantora e seu círculo íntimo.
Por ter contraído Covid-19 durante os ensaios em Paris, Bird precisou se afastar por uma semana, deixando dois chefs substitutos encarregados de preparar as sobremesas para os 400 a 600 membros da equipe. A essa altura, a equipe já estava acostumada com suas sobremesas luxuosas, geralmente compreendendo uma dúzia de opções para o almoço e o jantar.
A redução do cardápio de doces era um indício de sua ausência. Por isso, ao deparar com as centenas de biscoitos de vários tipos, sua marca registrada, a equipe sabia que ele estava de volta. "Isso foi na hora do almoço, e todos aplaudiram. Sabiam que eu estava de volta, porque reconheceram meu estilo", contou Bird, que também já atuou como chef para Carrie Underwood, Justin Bieber e Mötley Crüe.
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Beyoncé é efetivamente uma das maiores estrelas do mundo, mas viajar com um grupo de chefs não é um mero capricho. Atualmente, muitos artistas levam consigo diversos cozinheiros profissionais em suas turnês, acompanhados de cozinhas móveis completas, para potencializar o desempenho, a saúde e o ânimo.
"Antigamente, no início dos anos 1980 e 1990, as turnês pareciam mais uma festa, com cocaína e o que mais os artistas quisessem. Agora é só um negócio. Temos um trabalho a fazer, que é pôr esse talento no palco, garantir que o show seja perfeito e repetir tudo no dia seguinte", disse Gray Rollin, chef veterano do Linkin Park, que também cozinhou em turnês de Prince, Madonna e Tori Amos.
Sobre a turnê de 2014 do Linkin Park e do Thirty Seconds to Mars, ele brincou: "Foi chamada de Turnê dos Carnívoros, mas 14 dos 16 caras para quem cozinhamos eram veganos".
James Digby, gerente de turnê veterano que acabara de concluir sua participação na etapa europeia da turnê de Avril Lavigne, conhece bem essas exigências: "É impossível encontrar uma refeição não vegetariana no serviço de bufê de uma turnê de Paul McCartney. Isso é um desafio, porque a maioria dos roadies que conheço são carnívoros. Mas, se o artista está tentando mudar o mundo por meio de suas turnês, pregando que todo mundo é vegetariano, meu trabalho é apoiá-lo".
Cozinhas móveis extremamente equipadas
Independentemente do tipo de alimentação, as demandas da produção são significativas. O padrão do setor para uma turnê de grande porte prevê quatro refeições diárias nos dias de preparação e de show: café da manhã, almoço, jantar e uma refeição depois da apresentação, geralmente feita no ônibus.
"Para que um exército vença a batalha, é preciso alimentar as tropas", comentou Digby. As tropas, nesse contexto, são a banda, os cantores e dançarinos de apoio, os montadores do palco, a equipe de pirotecnia, os seguranças, os gerentes, os motoristas de ônibus e todas as outras pessoas envolvidas no setor de alto risco do entretenimento ao vivo.
Em um show recente da cantora Lizzo na Acrisure Arena, em Palm Desert, na Califórnia, o almoço oferecia uma variada cesta de vegetais prontos para serem transformados em suco. Havia também cachorros-quentes no palito, sanduíches de frango frito e hambúrgueres de carne vegetal, acompanhados de cuscuz marroquino, abóbora, cenoura e biscoitos, tudo preparado na cozinha da arena. Mas, normalmente, a Latitude 45, empresa responsável pelas operações culinárias da turnê Special da artista vegana, opera em uma elaborada cozinha móvel, cuidadosamente embalada em caixas de transporte especiais e montada novamente em cada nova cidade.
A HSG Catering, empresa sediada em Chicago que atualmente trabalha na turnê de Eric Church, usa uma cozinha móvel de 16 metros quadrados, equipada com freezer, refrigerador e um aquecedor de água de 300 litros. A unidade também conta com um defumador de carne, uma churrasqueira a lenha, fornos de convecção e uma máquina capaz de preparar sous-vide de 300 bifes de uma só vez, de acordo com Bob Schneeberger, presidente da HSG.
O chef também desempenha o papel de "provador oficial", pois qualquer caso de intoxicação alimentar, por menor que seja, pode resultar no cancelamento de shows por pelo menos 48 horas, revelou Digby. À medida que os shows se tornam espetáculos maiores e os preços dos ingressos aumentam, um incidente como esse pode colocar milhões de dólares em risco.
Muita variedade
Bird contou que, no verão passado, quando preparou as refeições para o grupo de k-pop Blackpink em Chicago, a banda trouxe um caminhão exclusivamente para transportar suas marcas favoritas de macarrão instantâneo. Assim como alguns outros fornecedores que trabalharam em turnês de k-pop, ele ficou impressionado com a importância dada às operações culinárias, que sempre incluíam um bufê coreano. "Eles têm tantas comidas diferentes. Eu nunca tinha visto isso antes."
Quanto a Beyoncé, Bird enviava bandejas de frutas e biscoitos para seu camarim, e, embora não saiba dizer quais são os favoritos da estrela pop, observou que os quitutes mais consumidos são os biscoitos reese's cups, que são uma especialidade de Bird, com base de baunilha com chocolate belga ao leite e pedaços de Reese's Peanut Butter Cups incorporados à massa.
Além do sucesso de seus doces, Bird ficou emocionado ao ver seu nome nos créditos on-line da turnê Renaissance. "No fim do show, eles normalmente agradecem aos profissionais envolvidos na iluminação e na cenografia e às pessoas mais próximas, mas nunca nos incluem nos créditos", disse Bird, atualmente em turnê com o cantor country Sam Hunt.
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