Calor extremo: veja como as altas temperaturas afetam o corpo e a saúde
Especialistas alertam que crianças e idosos devem redobrar os cuidados durante as altas temperaturas
Bem Estar|Do R7
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As ondas de calor que atingem o Brasil nas últimas semanas e que devem durar ao menos até o dia 24 de fevereiro têm colocado em alerta as autoridades de saúde. Com temperaturas batendo recordes em várias regiões, os efeitos do calor extremo no corpo humano são cada vez mais evidentes, especialmente para idosos e crianças.
Especialistas alertam para os riscos de desidratação, insolação e complicações cardíacas, que podem ser agravadas pelas temperaturas elevadas.
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Saúde das crianças
Para a Mariana Lombardi Novello, médica pediatra, a saúde das crianças merece uma atenção especial durante os períodos de calor intenso. A especialista explica que o organismo infantil ainda está em desenvolvimento e tem mais dificuldade em regular a temperatura corporal, tornando-as mais vulneráveis aos efeitos do calor excessivo.
“Como as crianças perdem líquido rapidamente, elas podem apresentar sintomas como boca seca, sonolência ou irritabilidade, choros sem lágrima e urinar com menor frequência, por exemplo”, explica Mariana.
Outro fator de risco à população infantil seria a exaustão pelo calor, que se manifesta pela fadiga extrema, fraqueza, dor de cabeça e um mal-estar geral, além do risco de queimaduras.
“Vale a pena lembrar que a pele das crianças é sensível e pode sofrer queimaduras graves mesmo com exposições curtas ao sol”.
A médica recomenda que as crianças acima de seis meses usem filtro solar, com fator de proteção 30 ou superior, sempre que estiverem ao ar livre. “Lembre-se que a aplicação deve ser feita 30 minutos antes da exposição ao sol. Também evitar a exposição ao sol nos horários mais quentes, que é entre 10 e 16 horas”, detalha a especialista.
Segundo a pediatra, a hidratação infantil é o primeiro ponto de atenção em períodos de temperaturas elevadas. “Ofereça água regularmente para criança, mesmo que ela não peça. O ideal é que, a partir dos dois anos, a criança beba cerca de um litro e meio de água por dia para não correr o risco de desidratar”, explica Mariana.
A pediatra ainda afirma que a escolha dos alimentos durante a onda de calor deve ser pautada pela leveza e potencial nutritivo, já que os termômetros elevados diminuem o apetite.
“Frutas ricas em líquido, como melão, melancia, devem fazer parte do cardápio e excluir alimentos como embutidos, industrializados e frituras. Além de não serem saudáveis, vão exigir um tempo de digestão maior e vão deixar as crianças mais desanimadas”, afirma Mariana.
Saúde dos idosos
A população mais velha também sofre quando as temperaturas beiram os 40°C. De acordo com a Climatempo, no Rio de Janeiro e em partes de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Piauí, as temperaturas poderão alcançar este patamar na próxima semana.
A atenção especial fica para os pacientes com problemas cardíacos, que estão mais suscetíveis a terem efeitos negativos do calor. O geriatra e clínico-geral, Natan Chehter, alerta que esse grupo de pacientes tende a ter pressão baixa por conta do calor, além de sensações de tontura, desmaio e corpo amolecido.
“Outro fator que torna essas populações de risco mais vulneráveis ao calor é a desidratação. O corpo reage às altas temperaturas aumentando a produção de suor para tentar regular a temperatura interna. Isso acontece porque o sangue é direcionado para a superfície da pele, estimulando as glândulas sudoríparas. No entanto, a perda de líquido pelo suor precisa ser compensada com uma hidratação adequada”, explica Natan.
Especialmente nos idosos, o mecanismo da sede pode ser prejudicado pelo processo de envelhecimento, já que as papilas gustativas perdem sensibilidade.
“Os idosos são especialmente vulneráveis à desidratação porque sua sensação de sede é reduzida. Isso se soma a outros fatores, como um sistema cardiovascular que, em alguns casos, tem mais dificuldade para compensar quedas de pressão. Além disso, certos medicamentos podem interferir nesse processo, agravando o quadro. Como resultado, muitos acabam ingerindo menos água do que o necessário, o que pode levar à desidratação e à pressão baixa. Em situações mais extremas, essa combinação de fatores pode provocar desmaios, convulsões e outras complicações graves”, completa o especialista.
Portanto, segundo o médico, o consumo de água durante períodos de calor intenso deve ser aumentado mesmo sem a sensação de sede, além da atenção especial aos sinais de desidratação.
“Em casos mais graves, sinais como confusão mental, sonolência, irritabilidade e mudanças de comportamento podem indicar um quadro avançado de desidratação. Se a situação se agravar ainda mais, levando a desmaios ou convulsões, é um indicativo de desidratação severa, exigindo atendimento médico imediato”, afirma Natan.