Superdotados: saiba se seu filho tem o QI acima da média
Especialista explica como é possível identificar as crianças que possuem inteligência superior e que tipo de suporte é necessário para seu desenvolvimento
Bem Estar|Nayara Fernandes, do R7

Até a adolescência, o engenheiro mecânico Carlos Leite enfrentava problemas de relacionamento na escola. Além de ficar facilmente entediado com as aulas, Carlos tinha dificuldade para lidar com os colegas de sala. Foi apenas na vida adulta que a sensação de não pertencimento tomou novos rumos, quando o engenheiro descobriu que pertencia aos 2% da população mundial que possuem um Q.I acima de 98.
“Na minha avaliação a superdotação torna o relacionamento com o mundo mais intenso nessa fase, exigindo mais atenção dos pais e professores”, explica Carlos, que divide o diagnóstico com personalidades como Bill Gates (QI 162), Albert Einstein (QI 160), Jô Soares (QI 156), além de Steve Jobs (QI 140).
“O QI é a medida da capacidade de processamento cerebral. Quanto maior capacidade, mais desempenho pode apresentar em resolução de tarefas”, explica Cadu Fonseca, presidente da Mensa Brasil, associação dedicada a identificar indivíduos superdotados e desenvolver suas habilidades.
A criança que possui um nível de inteligência acima da média não é necessariamente uma figurinha tímida com o rosto colado nos livros, que se dá bem em todas as matérias escolares. Segundo Priscila Zaia, psicóloga da Mensa e doutora em psicometria, os superdotados são um grupo bastante heterogêneo que apresenta desempenho acima da média em uma ou mais áreas do desenvolvimento humano. “Claro que a criança pode ser boa em mais de uma área, mas não precisa ser uma regra. Normalmente elas têm uma área de interesse e é ali que ela vai colocar o foco dela. As outras páreas podem ter um desenvolvimento normal.”
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 3,5 a 5% da população brasileira é superdotada. O número estima 2 milhões de pessoas em idade escolar. No entanto, segundo o último censo escolar (INEP/MEC), apenas 16 mil crianças possuem o diagnóstico de superdotação no país, enquanto 12 mil têm atendimento de educação especial.
Ter uma inteligência acima da média não significa que a criança não precise de auxílio. Pelo contrário. Zaia explica que a avaliação psicológica é necessária para o desenvolvimento, até para que o currículo escolar seja ajustado às competências dela. “Dependendo do ambiente e da falta de suporte, o superdotado pode perder o interesse pelos estudos, sofrer com isolamento social e passar a vida inteira sem encontrar pessoas com as mesmas habilidades. Então, esse desempenho acima da média vai se perdendo, e a criança pode chegar à fase adulta com o potencial mais adormecido. ”
Veja, a seguir, sinais que indicam que seu filho pode ser superdotado
Excelente desempenho em uma ou mais áreas
O superdotado geralmente mostra extrema facilidade em alguma determinada área de interesse. “É aquele aluno que aprende a ler e escrever mais cedo do que os coleguinhas e não precisa ficar horas estudando um assunto para dominá-lo. Isso pode acontecer em diversas áreas, não necessariamente as acedêmicas”, explica Priscila Zaia. “A criança pode, por exemplo, ter extrema facilidade musical e chegar a aprender a tocar um instrumento sozinha sem precisar de dedicação extensa. ”
Personalidade questionadora
Se seu filho desafia autoridades, isso não quer dizer que ele seja, necessariamente, uma criança difícil. A especialista explica que a criança superdotada geralmente tem um grande senso de justiça e não se conforma com pontas soltas. “Elas são muito curiosas e acabam desafiando os adultos porque querem saber o que está acontecendo, e vão chegar até o fim de todas as explicações possíveis até se conformarem”.
Alta sensibilidade
Priscila Zaia explica que, embora a capacidade intelectual da criança esteja acima da média, raramente a emocional acompanha o rápido desenvolvimento. “A criança pode ter, aos 10, o nível intelectual de um adolescente de 14. Mas continua sendo uma criança de 10 anos”.
Além disso, a capacidade de empatia dos superdotados também é acentuada. “Se elas presenciarem algum sofrimento, também vão se sensibilizar”.