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Cobras têm amigos? Ciência diz que espécies gostam da companhia umas das outras

Pesquisas mostram que serpentes como pítons e cascavéis formam grupos, cuidam dos filhotes e até parecem ter “colegas”

Bichos|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Novas pesquisas revelam que cobras como pítons e cascavéis apresentam comportamentos sociais complexos.
  • Estudos mostram que essas serpentes formam grupos e cuidam coletivamente de seus filhotes.
  • Pesquisadores observaram que algumas cobras preferem a companhia de indivíduos específicos, demonstrando um comportamento semelhante à amizade.
  • Cobras exibem sinais de proteção e comunicação entre si, indicando que o comportamento social é mais comum do que se pensava.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Pesquisas mostram que espécies de cobras gostam da companhia umas das outras Divulgação/Amber Wolfe/Unsplash

Durante décadas, a ciência acreditou que as cobras eram animais frios, solitários e guiados apenas por instintos. Mas novas pesquisas mostram que a vida social desses répteis é muito mais complexa do que se imaginava.

De acordo com os cientistas, espécies como cascavéis, cobras-liga e até pítons demonstram comportamentos de convivência, cooperação e cuidado coletivo – hábitos bem diferentes daqueles que imaginávamos até então.


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“Durante muito tempo, pensava-se que as cobras agiam apenas por reflexo e não tinham relações sociais”, disse Noam Miller, pesquisador da Universidade Wilfrid Laurier, no Canadá, à rede norte-americana National Geographic. “Mas descobrimos que elas formam grupos e demonstram preferências por indivíduos específicos”.

Estudos de laboratório e de campo conduzidos por Miller e sua equipe revelaram que cobras-liga, comuns na América do Norte, não apenas se agrupam, mas também escolhem permanecer com companheiras específicas, comportamento comparável ao que o pesquisador chama informalmente de “amizade”.


Essas cobras, que hibernam juntas durante o inverno, coordenam horários para sair de abrigos e permanecem mais tempo em locais onde há outras da mesma espécie. “A sofisticação do comportamento social das cobras é algo que não era amplamente reconhecido”, disse Miller.

Proteção em grupo

Pesquisas também mostraram que cascavéis norte-americanas, como a cascavel-diamante-ocidental e a cascavel-das-pradarias, formam comunidades durante o inverno e cuidam dos filhotes.


Um estudo de 2004 revelou que fêmeas dessas espécies reconhecem e preferem se associar a suas irmãs. Outro, de 2011, chegou a observar mães protegendo seus pequenos filhotes de predadores.

No Projeto RattleCam, uma transmissão ao vivo criada por cientistas da Universidade Politécnica Estadual da Califórnia, nos EUA, dezenas de cascavéis foram filmadas vivendo juntas no Colorado.


As imagens mostraram comportamentos de proteção, aconchego e até sinais de comunicação feitos com movimentos de cabeça. “Algumas fêmeas grávidas parecem preferir ficar juntas, e isso ajuda a reduzir o estresse do grupo”, disse Emily Taylor, especialista em cascavéis que coordena o projeto.

Pítons também gostam de companhia

As descobertas não se limitam às cobras norte-americanas. Um estudo publicado, no ano passado, no periódico Behavioral Ecology and Sociobiology revelou que pítons-bola, originárias da África, também preferem viver juntas.

O experimento foi conduzido por Morgan Skinner e pelo próprio Miller. Eles colocaram grupos de pítons jovens em recintos com abrigos separados, mas todas as cobras optaram por se aglomerar no mesmo local, passando mais de 60% do tempo juntas. Mesmo quando os abrigos foram trocados, o comportamento se repetiu.

“Eu não esperava isso de uma cobra”, disse Skinner ao jornal The New York Times. “Elas queriam simplesmente ficar juntas o tempo todo”.

Os pesquisadores descobriram ainda que, ao interagir socialmente, certas áreas do cérebro das pítons se ativam da mesma forma que em aves, mamíferos e até humanos, indicando que o comportamento social pode ter bases neurológicas semelhantes entre espécies muito diferentes.

Tarefa difícil

Segundo Vladimir Dinets, especialista em comportamento de répteis da Universidade Rutgers, nos EUA, estudar cobras é difícil porque elas passam a maior parte do tempo escondidas e se comunicam principalmente por meio de cheiros e sinais químicos. “Na maioria das vezes, você nem consegue vê-las”, disse.

Mesmo assim, as observações feitas em laboratório e na natureza sugerem que o comportamento social pode ser comum entre serpentes. “Sempre que alguém começa a estudar répteis, descobre que eles são muito mais sociáveis do que se imaginava”, acrescentou o pesquisador.

Apesar de as cobras parecerem solitárias, as evidências indicam que muitas espécies preferem viver em grupos, cuidar dos filhotes e buscar companhia quando têm a opção. “Elas fazem isso pelo mesmo motivo que nós”, disse Miller. “Procuram conforto e segurança na presença de outras”.

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