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Empresária enfrenta gravidez aos 18 e abandono e vira CEO de sucesso

Mariana Marques, da Amarq, superou desafios com 'faro' para os negócios e, hoje, ajuda outras mulheres a fazerem o mesmo

Viva a Vida|Do R7

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Mariana Marques realizou o sonho de ser CEO
Mariana Marques realizou o sonho de ser CEO

Quem vê a empreendedora Mariana Marques hoje, como CEO da Amarq Consultoria em Benefícios, provavelmente não imagina o que ela enfrentou para chegar aonde está. 

Filha de pais artistas "mas não famosos", como ela diz, a empresária, atualmente com 38 anos, viveu uma infância simples e estudou apenas em escolas públicas. E foi ainda nessa fase que a vocação para os negócios começou a dar as caras.


"Sempre fui muito comunicativa, comercial, gostava de vender. Quando eu tinha oito anos, minha mãe vendia batons, e eu prospectava farmácias para ela. Pegava as páginas amarelas das listas telefônicas, ligava e marcava reuniões para a minha mãe", conta.

Aos 12 anos, Mariana se mudou para a Argentina com a mãe, que havia acabado de se divorciar do pai, e por lá ficou até os 18, idade em que engravidou. Foi então que teve de lidar com o abandono do então namorado e da própria mãe.


"Minha mãe sempre foi um pouco distante e, quando eu engravidei, ela falou: 'Não tenho nada a ver com isso, agora siga seu caminho'. Tanto ela quanto o pai do meu filho, que me mandou embora de casa faltando pouco tempo para o bebê nascer", diz.

Mariana viu como saída recorrer à tia e à avó, que moravam no Brasil, e retornou ao país. Foi a irmã do pai, inclusive, que a ajudou a completar os estudos e pagou a faculdade de administração que a então jovem mãe cursou. E, nessa época, mais uma vez, a 'veia' para vendas se destacou.


Com um filho recém nascido e precisando ganhar dinheiro para sustentá-lo, Mariana trabalhou como promotora de vendas e vendedora de uma grande empresa — emprego este que, inicialmente, seria de secretária. "Na entrevista, falei para o dono da companhia: 'Você não acha que vale a pena eu me apresentar como vendedora? Se eu fosse dona da empresa, eu gostaria de ter uma vendedora como eu'. Ele me respondeu: 'Você é muito ousada!'", conta, com bom humor. 

Para convencê-lo, Mariana, então com 19 anos, usou o melhor dos argumentos. "Eu disse para ele: 'Tenho um filho de quase um ano e preciso sustentar ele. Quer mais garra que isso?'. E deu tudo certo."


Mariana é CEO da Amarq
Mariana é CEO da Amarq

'Cara de pau' ajudou a realizar o primeiro sonho

Desde que retornou ao Brasil, Mariana alimentava o sonho de trabalhar em uma certa corretora de seguros. Para realizar o desejo, usou e abusou da 'cara de pau'.

A jovem de então 21 anos enviou um currículo e, sem receber uma resposta após uma semana, ligou para a recrutadora. "Me apresentei e disse: 'Se você olhar para o papel, você vai ver que eu tenho 21 anos e apenas um ano de experiência. Mas, se você olhar no meu olho, vai ver que eu tenho o sonho de trabalhar nessa empresa e a garra necessária para te ajudar a bater sua meta."

A atitude deu certo e ela chegou até a última etapa da seleção, que era uma entrevista com o presidente da companhia. "Ele me perguntou o que eu queria para o meu futuro, onde eu gostaria de estar daqui a alguns anos. Respondi: 'No seu lugar. Quero ser presidente de empresa."

Ela, então, foi contratada, e o primeiro sonho se realizava.

Maternidade e o crescimento profissional

"Comecei como vendedora, ganhava uma 'merreca', fazia faculdade, criava sozinha o filho, sem o pai. Tive de amadurecer muito rápido. Eu corria para fazer minha vida intensa no horário comercial porque não tinha ninguém para pegar o Lucas, meu filho, na escola. Negociava as mensalidade da escola dele, porque não tinha condições de pagar. Foi bem difícil conciliar a vida de mãe à vida profissional. Mas mais que isso: conciliar à vida de uma menina de 18 anos solteira, que queria ir para festa, namorar, viver. Foi um desafio", conta.

Ser presidente de uma empresa: check!

"Dez anos depois de falar na entrevista que sonhava em presidir uma companhia, conversei com meu chefe, o presidente da empresa, e falei que queria montar meu próprio negócio. Ele, então, se tornou meu sócio na Amarq. Em 2016, por questões burocráticas, ele teve de se desvincular, e eu fiquei como dona da sozinha. Começamos com dez funcionários, hoje temos 40 — sendo 85% mulheres".

Apoio entre mulheres

"Meu marido foi o primeiro homem contratado da Amarq. Entre 2014 e 2017 só mulheres trabalhavam aqui. Nós, mulheres, precisamos nos ajudar. Homens são muito unidos, enquanto entre nós existe uma concorrência inconsciente, por conta do que é pregado pela sociedade desde que somos crianças. Acho que as mulheres precisam criar consciência de que não adianta só a gente contratar mulheres, mas que nós, que estamos em posição de liderança, precisamos nos apoiar para nos fortacelermos mais no meio em que estamos, que é quase 100% masculino."

Sonhos realizados. E agora?

"Meu maior sonho, hoje, é fazer meu legado. Não adianta a gente estar nessa posição se não exercer a função de transformar a história das pessoas que fazem parte disso. Nós, na empresa, somos uma famlia. Vim sem recursos, e hoje só tenho o que tenho porque alguém acreditou em mim. Quero ser a pessoa que acredita nessas pessoas, do mesmo jeito que acreditaram em mim."

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