Com ‘florestas de comida’, comunidade japonesa recupera áreas desmatadas na AmazôniaFlipar|Do R725/01/2024 - 18h26 (Atualizado em 19/04/2024 - 20h29)twitterfacebooklinkedinwhatsappgoogle-newsshareAlto contrasteA+A-Uma comunidade japonesa fixada no município de Tomé-Açu, no nordeste do Pará, tornou-se modelo de produção agrícola e combate ao desmatamento da Amazônia. A história foi contada em um documentário da rede britânica BBC. Flipar Grupos de imigrantes japoneses se fixaram na região florestal no fim dos anos 20 do século passado e formaram a terceira maior colônia nipônica do Brasil (atrás apenas de São Paulo e Paraná). Flipar Em lotes cobertos por floresta, essas famílias ergueram casas e tiravam o sustento das plantações. Flipar Por alguns anos, em especial na década de 50, a comunidade foi próspera graças à pujança na plantação de pimenta-do-reino. Flipar Antes, porém, passaram por anos aflitivos devido à Segunda Guerra Mundial, quando o governo brasileiro aderiu aos aliados contra o chamado eixo (formado por Alemanha, Itália e Japão). De acordo com os relatos históricos, a comunidade japonesa foi alvo de hostilidade e viveu em uma espécie de “campo de concentração” na floresta. Flipar Nos anos 70, a colônia de japoneses de Tomé-Açu passou por um período dramático ao ter suas plantações de pimenta do reino arruinadas por fungos do gênero Fusarium. Flipar Diante da necessidade de alimentos, os nipo-brasileiros uniram o conhecimento ancestral japonês a recursos que aprenderam observando as comunidades ribeirinhas para criar uma saída revolucionária. Flipar O engenheiro florestal Noboru Sakaguchi, diretor da cooperativa de agricultores locais na época, foi quem despertou na comunidade a necessidade de “aprender com a natureza” e sair da monocultura, aproveitando a diversidade presente na Floresta Amazônica. Flipar Ele percebeu que os ribeirinhos viviam em meio a árvores frutíferas de espécies variadas, o que lhes garantia colheita e alimentação para o ano todo. Flipar A partir daí, as famílias desenvolveram um sistema agroflorestal voltado para a diversidade de espécies. Flipar As famílias nipo-brasileiras começaram a testar combinações variadas de árvores e, com o tempo, essas fazendas “múltiplas” recuperaram o caráter florestal. Flipar O método ajuda a recuperar áreas desmatadas e passou a atrair agricultores brasileiros e de outros países que desejam aprender as técnicas para reproduzi-las em outros lugares. Flipar É um modelo sustentável de manejo da floresta. A produção variada gera renda sem desmatar a área, o que tem despertado atenção de pesquisadores. Flipar O agricultor Michinori Konagana, que chegou com o pai ao Pará no início dos anos 60, é um dos seguidores dos ensinamentos de Sakaguchi. Flipar “Ele (Sakaguchi) via o ribeirinho produzindo com harmonia”, explicou o agricultor no depoimento à BBC, ilustrando como a observação do engenheiro florestal resultou na técnica de cultivo que a comunidade adota ainda hoje. Flipar Na fazenda em que vive Michinori Konagana, há 230 hectares de terra cultivada com produção diversa: amêndoa, açaí, cupuaçu, melancia, melão e outras frutas, além de madeira e óleos vegetais. Flipar Flipar Flipar Com mais de cinco mil agricultores, a cidade tornou-se uma grande produtora e exportadora de produtos diversos. Flipar O carro-chefe da produção em Tomé-Açu atualmente é o cacau, a matéria-prima do chocolate. Flipar Graças ao método implementado pela comunidade nipo-brasileira, a cidade é hoje a sexta maior produtora de cacau do estado do Pará, sendo quase a totalidade produzida por agrofloresta (o que faz dela uma referência em economia sustentável). Flipar De acordo com o censo 2022, do IBGE, Tomé-Açu tem uma população de 67.585 habitantes. Flipar A cultura japonesa marca fortemente o município paraense. A cidade conta com um Museu de Histórico da Imigração Japonesa. Flipar google-newsfacebooktwitterwhatsapplinkedinshare