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Conheça Renan Serrano, o estilista do vestido do Pedro Scooby 

Marido de Piovani usou look criado pelo idealizador da marca Trendt 

Moda|Deborah Bresser, Do R7

Renan Serrano é o cara por trás do vestido de Pedro Scooby
Renan Serrano é o cara por trás do vestido de Pedro Scooby

Na noite de sexta-feira (15), Pedro Scooby, marido de Luana Piovani, chamou atenção no Rock in Rio ao aparecer usando um vestido. Luana brincou, disse que o marido foi “de menina”. Scooby revelou que estava se sentindo muito confortável e contou se tratar de um modelo da grife Trendt, de Renan Serrano, onde ele comprou não só essa, mas várias outras peças.

O estilista, um jovem paulistano de 29 anos, tem ideias inovadoras sobre moda, sustentabilidade e empreendedorismo. Formado em Moda pela Santa Marcelina, Renan Serrano conversou com o R7 e falou sobre sua trajetória, seu processo criativo e sua forma de ver a roupa, que extrapola os gêneros e as tendências. "Eu prefiro não definir a marca em nenhum cluster, simplesmente é para pessoas que querem exteriorizar sua personalidade através da roupa bem construída; a utilização de símbolos que não fazem parte do nosso repertório facilita a construção de uma identidade única do usuário.”

Scooby causou furor com seu vestido no Rock in Rio
Scooby causou furor com seu vestido no Rock in Rio

R7: Qual era o seu sonho ao escolher estudar moda?

Renan Serrano: Escolhi fazer moda pois meus pais tinham duas estamparias têxteis a Arte-Final estamparia e a Pasta & Mix, pensei que seria bom para eu me aprofundar no ramo e ter mais conhecimento para ajudá-los. Porém, com tanto conhecimento adquirido na universidade, me senti subutilizado apenas operando a rotina diária de uma indústria. Na faculdade, nunca consegui escolher um tema ou tendência para trabalhar, pois todos são efêmeros e ecologicamente incorretos. Acabei focando minhas energias em desenvolver um processo criativo que respeita o ser humano e dá oportunidade de destacar os potenciais do nosso País.


Desde o início você pensou em roupas sem gênero? Como você definiria o conceito?

Logo após ter me formado na universidade, eu abri a Trendt, em 2011, e a marca não tinha dinheiro para confeccionar um volume mínimo de roupas que a indústria exige e ainda contemplar gêneros, biotipos e ambientes diferentes. Seria muito arriscado apostar em um volume alto de criações para todas essas áreas, sem efetivamente conhecer as necessidades dos consumidores. Por isso o modelo de negócio focou em desenvolver produtos que tivessem uma pesquisa consistente, direcionada pelos clientes e não vindo de tendências genéricas/padrão. Vale também ressaltar que numa era de globalização, focar em produtos únicos, que sejam aceitos em todos os países, reduz o risco do investimento e aumenta o impacto e exposição da marca.


Seu trabalho com pesquisa de materiais tem se destacado. Você chegou a ganhar um prêmio Ecoera. Em que consiste sua busca por matérias-primas exclusivas?

O prêmio Ecoera, é com relação ao Biosoftness um dos produtos que finalmente pude viabilizar para o mercado que gera impacto social, econômico e traz benefícios para o planeta, oferecendo acesso a nanotecnologia para o usuário final. Minha motivação é colocar o Brasil no ranking de P&D global (pesquisa e desenvolvimento), tirar aquela visão de que só o que vem de fora é melhor e mostrar que o país tem potencial de inovação sim! Basta ter tempo e cautela do desenvolvimento, reduzir os custos fixos e o trabalho, foram as principais soluções para eu conseguir me dedicar mais nisso.


A confecção de Renan tem uma organização horizontal
A confecção de Renan tem uma organização horizontal

Sua empresa está organizada de forma horizontal, de maneira que permita qualidade de vida para todos. Como isso funciona na prática?

Estou construindo uma história baseada em consistência, razão e propósito.Em 2016, reduzi o volume de produção em 70%, proporcionando uma qualidade de vida maior para todos os colaboradores, mais tempo para evoluirmos nossa técnica e passamos a atender apenas clientes selecionados, que são os que realmente se interessam pela marca. Eu não crio uma modelagem de roupa que já exista, seria reinventar a roda. Se alguém já fez uma roupa, por exemplo, o Trenchcoat da Burberry, eu não vou fazer outro para concorrer com ele. Eu consigo focar minhas energias em produtos que ainda não foram inventados e me torno relevante para os consumidores. Além disso, todo profissional que trabalha no desenvolvimento e fabricação do produto é tão importante quanto eu. Eles trabalham no local que quiserem, quando quiserem e, trabalham somente quando estão se sentindo bem; o lucro é dividido por igual entre todas os colaboradores.

Você trabalha sozinho no estilo? Como é o seu processo criativo?

Costumo me definir como um mediador entre usuários e o mundo, faço o papel de traduzir as vontades obscuras dentro de cada um de nós, encontrando um padrão que se transforme em produto. A marca só se tornou sustentável financeiramente e conceitualmente depois que entendi que nossos consumidores deveriam se tornar colaboradores. São eles que entendem a marca sob a ótica do consumo, por isso, desde o logotipo, etiqueta de marca, design do site e até os textos, todos foram feitos pelos usuários da Trendt.

O tecido knitnano é um dos destaque das coleções de Renan
O tecido knitnano é um dos destaque das coleções de Renan

Um dos desafios da moda hoje é adequar custo e criação. Por outro lado, há um movimento de menos consumo por peças descartáveis e a busca por produtos mais exclusivos. Onde você se encaixa?

Esse paradigma é atormentador e motivador, simultâneamente. As peças da Trendt, apesar de serem delicadas, são construídas para durar tanto esteticamente quanto tecnicamente, a fidelização por parte dos consumidores me motiva a continuar evoluindo nosso tecido, o knitnano, por exemplo. Ter uma marca de roupa com poucos produtos, que levam tempo para serem lançados e que, o faturamento é suficiente para manter a qualidade de vida de todos os colaboradores é onde me encaixo.

A sua marca hoje é vendida em multimarcas ou você também tem uma operação de varejo? Quais são suas aspirações comerciais?

O modelo de negócio inicial era apenas multimarcas, mas os números não convencem, a cada ano é necessário trabalhar com mais intensidade para sobreviver no mercado que é rodeado de pagamentos 180 dias e muita inadimplência, além de ter que produzir dezenas de modelos novos em volumes cada vez maiores e variados, um modelo totalmente insustentável e sem empatia com o ser humano e com o planeta terra.

Agora nossa operação é apenas varejo, eu optei por fazer o atendimento de cada cliente, claro que não consigo responder todo mundo na hora, mas todos compreendem, é divertido, uma relação leve, humana e sustentável.

Quem, no cenário do Brasil de hoje, você gostaria de vestir?

No meu ponto de vista, quando vou em um local em que todas os homens estão de terno e gravata, considerando que eu não conheça ninguém, estou sozinho e quero tentar puxar um papo com alguém, fica muito difícil analisar a personalidade da pessoa só pela roupa. De uma maneira informal e sem ofensas, não consigo saber quem ali é político, pastor, corrupto ou defunto, acaba virando “farinha do mesmo saco”. O meu trabalho é ajudar a construir a personalidade para que o aquele indivíduo possa ser interpretado por quem é sensível, isso leva tempo e tem que ser sincero. Eu gostaria de vestir um político, mas acho que isso está longe de acontecer, primeiro eu preciso aprender a votar...

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