Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Patricia Lages

30% dos apostadores de bets deixam de comprar itens essenciais e medicamentos para jogar

Em 2024, governo anunciou grupo de trabalho para enfrentar problema, mas ainda não há programas efetivos e gastos com jogos só aumentam

Patricia Lages|Patricia LagesOpens in new window

Apostadores deixam de comprar itens essenciais e até medicamentos Reprodução

Um levantamento realizado em 2024 pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e a AGP Pesquisas aponta que 63% dos brasileiros que apostam em jogos on-line comprometem uma parte significativa do salário e 30% deixam de comprar itens essenciais (19%) e medicamentos (11%) para usar o dinheiro em apostas.

Embora, no final do ano passado, o governo tenha sinalizado “preocupação com o endividamento da população” e anunciado a criação de um grupo para “estabelecer ações e enfrentar problemas de saúde relacionados às plataformas de bets”, nada efetivamente foi feito até o momento.

Segundo a Agência Brasil, em 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o uso de recursos de programas sociais, como o Bolsa Família, em apostas eletrônicas.

Porém, o secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena, disse haver dificuldades na fiscalização por falta de esclarecimentos do próprio STF.


A Advocacia-Geral da União (AGU) informou ao Supremo as dificuldades para impedir o uso de recursos do Bolsa Família nas apostas, e o governo federal sinalizou não haver dispositivos suficientes para identificar a origem do dinheiro usado nas apostas.

Enquanto ninguém parece saber o que fazer, dados disponibilizados pelo Banco Central revelam que os brasileiros gastaram cerca de R$ 240 bilhões em apostas somente no ano passado. Para se ter uma ideia da grandeza desse montante, é como se cada um dos 220 milhões de habitantes do país tivesse apostado R$ 1.091 cada.


Em razão do total desconhecimento financeiro, uma parcela significativa dos brasileiros acredita que as bets são um “investimento” e uma espécie de solução para a falta de dinheiro (quando na verdade, faz a grande maioria das pessoas perder dinheiro).

Segundo pesquisa da Creditas, Wellhub e Opinion Box com profissionais de RH e pessoas em cargos de liderança, 53% disseram que os funcionários estão passando por dificuldades financeiras devido às apostas, e que 54% jogam em horários de descanso, como nos intervalos para almoço e café.


Bruno Carone, CEO de Férias & Co., aponta outro comportamento preocupante: muitos trabalhadores estão vendendo as férias para apostar nas plataformas. Obviamente, além das perdas financeiras, abrir mão dos dias de descanso pode prejudicar a saúde mental dos colaboradores, a produtividade e até mesmo colocar o emprego em risco.

Em meio a isso tudo, o Estado brasileiro – sempre tão patriarcal – parece não ter pressa em combater essa epidemia de vício, dependência emocional e prejuízos financeiros. Até o momento, é cada um por si e as plataformas contra todos.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.