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Patricia Lages
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A geração que (jura que) vai mudar o mundo, mas não sabe quem é

Altamente influenciáveis e com um vasto leque de opções de identidade, geração Z é a mais confusa da história

Patricia Lages|Do R7 e Patricia Lages


Taylor Orford, representante da Geração Z
Taylor Orford, representante da Geração Z Acervo pessoal

“Entre fazer crochê para um novo par de bermudas jeans e vender minha alma por ingressos para o T Swizzle, pensei em deixar meus patins de lado e explorar as generalizações bizarras atribuídas à Geração Z. Aparentemente, a Geração Z adora pescar. Adoramos fazer sabão, roupas do século XIX e tomar uma posição contra a monogamia. Não conseguimos encontrar tempo entre andar de skate e enrolar nossas fitas cassete para nos concentrarmos no trabalho, enquanto de alguma forma ainda trabalhamos em nossas atividades paralelas, desesperados para ter o nosso próprio negócio. Claramente, estou exausta… e muito confusa.”

É assim que Taylor Orford, criativa júnior de uma agência de publicidade de Londres, descreve a si mesma como reflexo de sua geração em seu artigo “Why Gen Z stereotypes aren’t working” (Por que os estereótipos da Geração Z não estão funcionando), publicado no site AdAge.

Sem foco, sem direção, sem ideia do que quer, exausta por fazer muitas coisas, frustrada por não terminar nenhuma, cheia de razão, mas extremamente confusa. Essa é a geração que crê piamente em sua superioridade sobre todas as demais, mas que, na prática, é a mais influenciável de todos os tempos.

Um dos inúmeros exemplos é o caso de Juvi Chagas, 32 anos, influenciadora que se define como “a webnamorada do Brasil”. Ao Acessíveis Cast, vestindo roupas masculinas, acessórios femininos e um boné do MST, Juvi contou, muito emocionada e gesticulando exageradamente, como se “descobriu” não-binária:

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“Eu lembro do dia que eu me entendi como uma pessoa não-binária. Tipo, foi o dia. Eu tava assistindo o canal da Control Points, que é um canal muito bom, aí ela falou sobre esse termo. Aí eu já tava com dúvidas e não tava achando a resposta, aí esse termo iluminou a mente. Aí eu fui, liguei para o meu irmão e falei: ‘pô, acho que eu sou uma pessoa não-binária’. Tal, expliquei... aí ele: ‘é, faz sentido’.”

E foi assim, ao ouvir pela primeira vez um termo na internet, dito por alguém de um canal “muito bom”, que Juvi teve sua mente iluminada pela resposta que não estava achando. O bater do martelo veio quando o irmão confirmou todo o seu raciocínio com duas palavras muito profundas: “faz sentido”. Pronto, tudo resolvido!

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Só não se sabe o motivo do choro de uma pessoa tão bem resolvida como Juvi e de seu semblante tão triste, ainda que maquiado por gestos nervosos e sorrisos forçados. A geração Z pode se achar muito moderna, muito diferente e tão evoluída que não precisa seguir nem mesmo a biologia e a ciência, mas o que jamais conseguirão mudar é o fato de que os olhos falam muito mais do que as palavras. Eles ainda são e sempre serão as janelas da alma de qualquer pessoa.

Essa é a geração criada sem os pais, convencida de que é mais especial do que todos e merecedores de tudo. É a geração que jura que vai mudar o mundo, mas que ainda não entendeu por que está aqui, o que deve fazer e nem mesmo quem é. Mais do que criticá-la ou apenas aturá-la, é preciso ter em mente que essa é a geração mais confusa que já existiu, e que, por isso mesmo, precisa de direção, disciplina e uma dose generosa de paz.

É possível ajudar os que permitem ser ajudados. Comecemos por aí.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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