Análise: a influência das redes sociais na vida e no bolso
Você pode achar que não, mas o que vê, lê e ouve nas redes te influencia. Estilo de vida “perfeito” dos digital influencers impacta na vida e no bolso
Patricia Lages|Do R7

A fintech de empréstimos pessoais online Lendico revelou que o número de pedidos de empréstimo para viagens subiu 121%. No geral, os pedidos subiram 13,67% e, na maioria dos casos, o objetivo dos empréstimos é quitar dívidas (31,5% das requisições).
Esses dados mostram que, além de o brasileiro ter adotado essa dinâmica estilo “bola de neve”, de pagar dívidas antigas fazendo dívidas novas (esse é assunto para outro texto!), muitos têm sucumbido diante da força das redes sociais.
Isso porque, quando você vê seus amigos viajando, postando selfies e mais selfies nos mais variados lugares do planeta, você acha que há alguma coisa de errado com você. Afinal de contas, você está trabalhando ou passando férias em casa mesmo.
O “certo” seria estar curtindo a vida como eles, gravando dúzias de “stories” no Instagram contando as particularidades dos locais em que acabaram de chegar (como se conhecessem profundamente), mostrando cada detalhe dos quartos de hotel (como se ninguém soubesse que há cama, chuveiro, amenities, armários...) e as demais coisas de sempre: o café da manhã, os passeios de barco, a cavalo, camelo e, claro, os closes nos pés sobre areia fofa ou destacando as pernas para cima em redes e afins.
Aí você lembra que dormiu na cama de sempre, tomou um café preto correndo para não se atrasar, pegou a condução rotineira para chegar ao trabalho e está com os pés doendo pelo inchaço do calor. Não é possível, há alguma coisa de errado com você! Por que você não tem dinheiro como “todo mundo” para poder viajar igual a “todo mundo”?
A questão é que esse “todo mundo” também não tem! Grande parte das pessoas que você viu curtindo nas redes foi viajar com dinheiro levantado em empréstimos que serão pagos recheados de juros ao longo dos próximos meses.
Além desses, há os que chutaram o balde e usaram o dinheiro que deveriam pagar contas, deixando um rombo no orçamento para “resolver depois”. Como educadora financeira posso afirmar categoricamente: há muita gente postando caviar nas redes sociais sem ter dinheiro nem mesmo para a mortadela!
Não acredite em tudo o que vê e mais: se você não pode viajar agora, não pode trocar de carro, não tem como dar aquela festa ou fazer algo que “todo mundo está fazendo”, afaste-se das redes! É radical, eu sei, mas essa influência ilusória está causando prejuízos reais no bolso de muita gente. Sem falar nas questões de autoestima quando “todo mundo” tem o corpo perfeito e só você não tem...
Não, as pessoas não são como as redes sociais fazem você pensar que são. Elas não têm tudo o que as redes sociais fazem você concluir que têm. E, sim, elas também terão de enfrentar as consequências do mundo real, mas isso você não vai ver na timeline delas!
Patricia Lages
É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo, palestrante e conferencista do evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard. Apresenta quadros de economia na TV Gazeta e RecordTV e é facilitadora da RME para o programa mundial WomenWill – Cresça com o Google.