Análise: As pessoas sabem o que devem fazer, mas não fazem
Por que há coisas que praticamente todas as pessoas sabem que deveriam fazer, têm condições de fazer, seria benéfico a elas, mas mesmo assim não fazem?
Patricia Lages|Do R7
Uma das perguntas que mais ouço quando faço algum tipo de atendimento sobre finanças ou mentoria sobre empreendedorismo é: o que devo fazer? As pessoas explicam seus problemas nos mínimos detalhes, enfatizando todas dificuldades e querem, de preferência, uma única resposta que resolva tudo.
Em algumas situações é possível resolver as questões com algumas pequenas mudanças de comportamento, mas é aí que entra um problema ainda maior: no fundo, a pessoa já sabe o que deveria fazer, mas não fez e não está disposta a fazer.

São pessoas que vivem no vermelho porque gastam demais, mas não querem diminuir os gastos, ainda que sejam totalmente desnecessários. Empreendedores que têm problemas sérios com maus funcionários, mas evitam a todo custo demití-los. Lojistas que sabem que o negócio não se sustenta, mas não trocam fornecedores, não ajustam preços e se limitam a colocar a culpa no governo, na crise ou na concorrência.
O que geralmente as pessoas têm em comum, independentemente do tipo de problema que estejam vivenciando é que, em vez de usarem a razão, elas preferem viver pela emoção.
Aquele sentimento de satisfação ao sair do shopping cheia de sacolas repletas de coisas inúteis fala mais alto do que a realidade de não ter como pagar a fatura do cartão. O medo do confronto que pode surgir do desligamento de um mau funcionário faz com que empreendedores fechem os olhos para o fato de que a empresa está afundando por causa dele. E por aí vai...
Parece que, cada vez mais, pessoas adultas têm agido como crianças, acreditando que um dia algo vai acontecer do nada e tudo vai entrar nos eixos. Chamo esse comportamento de síndrome da loteria, pois é bem isso: a crença de que um dia a pessoa ganhará uma bolada e mudará de vida sem fazer esforços.
O que precisamos desenvolver é um novo mindset que nos conduzirá a uma mudança real e duradoura e isso não vem da noite para o dia. É necessário praticar hábitos de sucesso diariamente – ainda que pequenos – e acertar a rota todas as vezes que algo tente nos desviar.
Ainda que pareça clichê, a verdade é que toda mudança começa dentro de cada um de nós e que, simplesmente, não é possível mudar sem sair do lugar. Nessas horas o conforto pode ser um inimigo implacável, portanto, devemos combatê-lo com todas as forças, lembrando sempre que nada muda se você não mudar primeiro.
Patricia Lages
É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros "Economia doméstica" no programa "Mulheres" TV Gazeta e "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as terças e quintas.