Análise: Capitalismo ou socialismo: o que é melhor para os mais pobres?
Críticos do capitalismo afirmam que o sistema não funciona para os mais pobres e que o Estado deve prover suas necessidades. Será?
Patricia Lages|Do R7

Para começarmos esta análise, vejamos o que propõe cada regime, a começar pelo capitalismo: sistema econômico baseado na legitimidade dos bens privados e na irrestrita liberdade de comércio e indústria, com o principal objetivo de adquirir lucro. Já o socialismo é uma doutrina política que prega a coletivização dos meios de produção e de distribuição, mediante a supressão da propriedade privada e das classes sociais.
É importante que se entenda que os pontos principais do capitalismo são a liberdade individual e o reconhecimento da propriedade particular, enquanto o socialismo propõe exatamente o contrário: coletivismo sem o reconhecimento da propriedade particular. Em poucas palavras: se o Brasil fosse um país socialista, a sua casa não seria sua, mas teria de cumprir a “função social” de abrigar quem não tem onde morar se assim o Estado determinasse.
O discurso socialista ganha força porque é populista e promete dar aos mais pobres acesso a saúde, saneamento, educação, segurança. E tudo isso “de graça”, bancado (teoricamente) por impostos pagos pelos mais ricos, aqueles capitalistas malvadões que só pensam em lucro. Mas tudo não passa de discurso e promessa e, para ter certeza disso, basta olhar ao redor e analisar o que a maioria da população pobre tem e o que não tem.
Os mais pobres têm, por exemplo, um televisor, uma geladeira, um fogão e, às vezes, algum meio de transporte próprio. E mesmo pessoas com menos condições, que moram em comunidades, têm um celular. Segundo Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva e Datafavela, todos os moradores das favelas têm smartphone, sendo 86% pré-pago. A informação foi dada em uma live transmitida em maio deste ano para o lançamento do Movimento Antene-se, que visa levar sinal de internet de qualidade às comunidades, o que hoje ainda é bastante precário.
E o que os mais pobres não têm? Saúde, saneamento, educação, segurança. Justamente tudo o que o discurso socialista promete, mas que, na prática, não cumpre ou entrega algo ainda mais precário do que o sinal ruim de internet nas favelas. Ou seja, as poucas coisas que os mais pobres conseguem ter acesso vêm do capitalismo, enquanto não têm acesso aos serviços que o socialismo promete “de graça”.
Além disso, como o Brasil não taxa apenas a renda, mas também o consumo, os mais pobres pagam proporcionalmente mais impostos, o que destrói o argumento de que, no socialismo, os ricos pagarão a conta, os pobres se beneficiarão e não haverá desigualdade. O discurso socialista pode ser muito bonito, mas não passa de uma teoria fantasiosa que não tem como cumprir o que promete.