Análise: Comunismo não é ruim, norte-coreanos é que não sabem passar fome
Coreia do Norte pede aos cidadãos que reduzam o consumo de comida até 2025, quando o país deve reabrir fronteira com a China
Patricia Lages|Do R7

Segundo a rede Radio Free Asia (RFA), moradores que vivem na fronteira entre a Coreia do Norte e a China relataram que lideranças do governo de Kim Jong Un estão solicitando à população que diminua a ingestão de alimentos e “apertem os cintos mais do que nunca”. De acordo com a reportagem, o governo pede aos norte-coreanos que suportem a escassez de comida até 2025, quando a fronteira com a China deverá ser reaberta.
Dados da Organização nas Nações Unidas para Alimentação e Agricultura dão conta de que o país asiático enfrenta a falta de cerca de 860 mil toneladas de alimentos, enquanto o Programa Mundial de Alimentos da ONU estima que 4 de cada 10 cidadãos estão subnutridos. Resta saber como a população, que já vive em situação de insegurança alimentar neste momento, conseguirá se manter por mais quatro anos.
Enquanto isso, a grande mídia faz vista grossa e destaca que a “perda de peso do líder Kim Jong Un chama a atenção”, em uma possível tentativa de criar empatia pelo comunista que estaria sentindo na pele o mesmo que a população tem vivido e que, além disso, estaria preocupado com seus súditos, incentivando que passem a consumir cisnes negros para combater a fome.
Mas a verdade está longe disso, pois enquanto a população passa fome, Jong Un figura na lista anual da Forbes como um dos homens mais poderosos do mundo. Sua fortuna foi estimada (em 2013) em US$ 5 bilhões, além de ser proprietário de uma coleção milionária de relógios, mais de cem carros de luxo, uma ilha particular, 17 palácios espalhados pelo país e um jato chamado “Air Force Un”.
O líder supremo da Coreia do Norte também tem hábitos alimentares bastante peculiares como consumir altas quantidades de caviar preto iraniano, tomar centenas de garrafas de uísque e conhaque todos os anos – comprados principalmente dos Estados Unidos – e ainda preferir porcos importados da Dinamarca.
O comunismo realmente é muito bom quando visto bem de longe. Pode-se dizer que é um regime excelente para quem está no comando e ruim apenas para aqueles que não sabem passar fome.
Autora
Patricia Lages é autora de cinco best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.