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Patricia Lages

Análise: Discussões sem dialética só emburrecem

Para discutir não é preciso conhecer tudo a respeito, mas para discutir com respeito é preciso conhecer a dialética.

Patricia Lages|Do R7

Discutir racionalmente implica em expor e ouvir
Discutir racionalmente implica em expor e ouvir

Dialética é o ato de discutir racionalmente com pessoas de pontos de vista diferentes sobre um mesmo tema em busca da verdade e não apenas para vencer um debate ou levar o opositor a pensar diferente.

Toda sociedade verdadeiramente civilizada deveria empregar o método dialético cotidianamente, afinal, um dos assuntos mais comentados hoje em dia não é a diversidade? Porém, o que temos visto é a promoção de mentiras confortáveis regadas a muita retórica com estratégias emocionais. Cabe a nós, seres racionais, decidirmos se queremos viver fundamentados no que sentimos ou no que pensamos.

Para quem quer agir civilizadamente, a dialética é fundamental e não requer muitos itens:

• Discutir racionalmente só é possível com argumentos racionais, opiniões fundamentadas, pensamentos livres de emoções, raciocínio que requeira lógica;


• Discutir com pessoas de pontos de vista diferentes, ou seja, não se cercar apenas de quem pensa igual a você;

• Discutir com quem pensa diferente significa expor o seu ponto de vista e ouvir o do outro e não impor o seu ponto de vista sem dar voz a mais ninguém.


A dialética não inclui:

• Discutir com o objetivo de persuadir o outro;


• Discutir até vencer o debate;

• Enfatizar que o seu ponto de vista é o correto e, além dele, não há outra forma de pensar;

• Que quem pensa diferente é menos inteligente;

• Que quem pensa diferente é digno de ser ridicularizado.

Quando você se cerca exclusivamente de pessoas que pensam igual a você, forma-se um circuito auto-repetitivo que só emburrece. Discussões são formas bastante ricas de aprendizado, no mínimo, para que nós possamos compreender o que leva as pessoas a pensarem de formas diferentes. Isso não significa confundir seus próprios conceitos nem sobrecarregar a mente com informações desencontradas, mas sim, conhecer maneiras diferentes de encarar a vida sob os mais variados pontos de vista e respeitá-los.

É como em uma viagem, onde você vai justamente para conhecer lugares, culturas, pensamentos, comidas e costumes diferentes dos seus. Você não sai do seu país para convencer o estrangeiro de que a sua forma de viver é a melhor do mundo. Talvez você até volte odiando a comida e com a certeza de jamais adotar um determinado costume, mas jamais voltará com uma mente mais pobre e mais fechada. Você não tem que reproduzir o estilo de vida do outro, mas também não faz sentido criticá-lo.

Essa é a verdadeira prática da tolerância, que não significa aturar e desconsiderar erros, e sim, buscar compreender que nem todos são iguais, mas todos igualmente merecem respeito.

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo, palestrante e conferencista do evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard. Apresenta quadros de economia na TV Gazeta e RecordTV e é facilitadora do programa mundial WomenWill – Cresça com o Google.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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