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Patricia Lages

Análise: Economia não é um jogo de soma zero

Há quem creia que para alguém ficar rico, outros têm que ficar pobres. Riqueza é transformação e isso é ilimitado

Patricia Lages|Do R7

Uso da criatividade para suprir necessidades faz a roda da economia girar
Uso da criatividade para suprir necessidades faz a roda da economia girar

Segundo a Escola Austríaca de Economia, para que algo seja considerado um bem econômico deve suprir alguma necessidade humana, de forma que as pessoas reconheçam sua utilidade e possam usufruir dela. Ou seja, as coisas que já existem em sua forma original não são suficientes para suprir nossas necessidades, mas a transformação das coisas para o suprimento das nossas necessidades se transforma em riqueza.

É tão simples quanto isso: você tem trigo, que se transforma em farinha, cana que se transforma em açúcar e, juntando leite e ovos, pode usar o seu conhecimento culinário e fazer um bolo. Ao vendê-lo dividido em fatias, lucra mais do que se vendesse inteiro ou se comercializasse apenas as matérias primas ou ainda os ingredientes separados. Ao agregar trabalho ao que se tinha, as coisas se transformam e é daí que o lucro vem. Neste caso, suprindo a necessidade de quem quer um bolo pronto, quer seja por não ter tempo ou conhecimento para fazer, quer seja por pura comodidade.

Mas, além disso, é possível agregar ainda mais valor ao produto ao serem observadas novas necessidades, como a demanda por bolos com massas e recheios variados, com decorações que remetam a determinadas festividades etc. Ou seja, o uso da criatividade para suprir necessidades – ou mesmo a criação de necessidades – é o que faz a roda da economia girar sem que para isso alguém tenha que perder para outros ganharem.

A economia não se trata de um único bolo com tamanho definido onde, para que um coma um pedaço maior, outros tenham que se contentar com migalhas. O tamanho desse bolo é ilimitado e, quanto mais o negócio cresce, mais pessoas passam a fazer parte da cadeia produtiva e a se beneficiar dela.


É como o ato e potência de Aristóteles: o ato é o que as coisas são – a riqueza que já existe na natureza – e a potência é o que as coisas podem vir a ser – por meio da criatividade, do conhecimento e da habilidade humana. Portanto, somos nós que criamos as riquezas e, para isso, não há limites. Obviamente que alguns terão mais riquezas ao desenvolverem mais habilidades, mais conhecimento ou serem mais criativos, ousados e empreendedores do que outros. O problema das sociedades não está na desigualdade, mas sim, na pobreza.

Se uma pessoa tem R$ 1 milhão, enquanto outra possui R$ 100 mil, existe desigualdade entre ambas, mas nenhuma delas sofre com a pobreza. E se uma delas tem um bilhão, enquanto outra não tem nada, não significa que a primeira tirou a porção do bolo da segunda, mas sim, que esta não desenvolveu os talentos e habilidades que todos temos, em maior ou menor grau.


Cabe aos governos propiciarem a seus cidadãos oportunidades para que eles mesmos desenvolvam o que já existe em si próprios e não vitimizá-los e limitá-los a meros dependentes. Ou seja, promover o que diz a velha história de ensinar a pescar em vez de dar o peixe.

O problema da nossa sociedade não são os bilionários, mas sim aqueles que trabalham incansavelmente para incutir na cabeça das pessoas que elas não são capazes, que são vítimas irremediáveis e que jamais poderão produzir riquezas para si mesmas, ficando à mercê de um governo que as sustente. A vitimização é a implantação da ideia absurda de que pessoas sãs e perfeitamente capazes de andar só conseguirão chegar a algum lugar utilizando-se de cadeiras de rodas. Ninguém em sã consciência permitiria que lhe cortassem as pernas, por isso, não permita que cortem as suas.


Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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