Análise: Em terra onde a estupidez impera até mendigo é rei
Ex-mendigo suspeito de estupro se torna uma das “celebridades” mais disputadas do carnaval carioca
Patricia Lages|Do R7
Em pleno 2022, quando a sociedade diz estar preocupada com a objetificação e a violência contra a mulher, eis que nos deparamos com a idolatria do brasileiro por mais um aproveitador que não precisou apresentar virtude alguma, nem acrescentar qualquer valor ao nosso país, a não ser trazer ainda mais vergonha e indignação.
Givaldo Alves, ex-morador de rua de 48 anos, ficou conhecido pelo “grande e heróico feito” de ter relações sexuais com uma mulher casada, enquanto, ao que tudo indica, ela passava por um surto psicótico. Por suas “qualidades inestimáveis”, o ex-sem teto hoje mora em um hotel de luxo, em Brasília, faz presença “vip” em festas badaladas pelo país, virou garoto-propaganda de operações financeiras prometendo dinheiro fácil e rápido e foi elevado à posição de “celebridade” no carnaval carioca.
Famosos e anônimos na Sapucaí disputavam para tirar fotos ao lado de um indivíduo que só desfruta das benesses da fama graças à estupidez de pessoas que, assim como ele, estão fazendo de tudo para aparecer enquanto essa onda não baixa.
Até o mendigo espertalhão sabe o quanto as pessoas amam uma hipocrisia, logo, para sujeitar os bobocas de plantão, antes de falar à imprensa, o aproveitador da vez pede um minuto de silêncio para as vítimas da guerra e da Covid-19. Quem ousaria não obedecê-lo, não é mesmo? Em seguida, seu “pronunciamento” contém frases como: “Não me arrependo”, “sou amante das mulheres”, “era uma mão na direção e outra no ‘carinho’”.
Fato é que o ex-mendigo e atual bobo de uma corte falida, doente e ainda mais boba do que o próprio bufão, expôs abertamente detalhes de momentos íntimos com uma mulher de 33 anos que, após o ocorrido, passou um mês internada em uma clínica psiquiátrica.
Fato é que o “amante das mulheres” está sob investigação por suspeita de estupro, mas quem se importa?
Fato é que Sandra Mara, que se envolveu com o mendigo, e seu marido Eduardo Alves, que o agrediu na ocasião, mudaram de endereço para tentar refazer a vida, enquanto o suspeito de um crime hediondo aparece feliz e sorridente, divertindo-se ao lado de pessoas que, igualmente, o usam para terem seus cinco segundos de fama para, em seguida, voltarem ao limbo de suas vidas sem sentido.
Como costuma acontecer, daqui um tempo Givaldo Alves voltará a ser só mais um capítulo do livro das vergonhas do Brasil, enquanto mais uma mulher teve sua intimidade exposta com todo sensacionalismo que tanto agrada a quem não tem nada melhor para fazer com a própria vida.
Se este país tem alguma intenção de ser uma nação digna, precisa urgentemente rever seus valores, parar de idolatrar gente vazia e de caráter duvidoso e, definitivamente, deixar a hipocrisia de lado. Mas, por enquanto, “vergonha” é a palavra que define o sentimento em relação ao que estamos vivendo. Vergonha.
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