Análise: Escola,trabalho e fé não são essenciais
Qual será o futuro de uma sociedade em que escolas são fechadas, o trabalho é proibido e templos religiosos não são essenciais?
Patricia Lages|Do R7
Foi atualizado o novo conceito de rebeldia. Agora, rebelde mesmo é quem sai para trabalhar, é a favor da reabertura das escolas e insiste em professar sua fé em um templo religioso. De uma hora para outra, conforme lhes convêm, nossos políticos se posicionaram como “salvadores de vidas”, sabendo que, com o apoio da grande mídia, a população acreditará em tudo o que disserem. Com isso, muitos parecem ter esquecido que esses políticos são os mesmos que, contaminados pelo vírus potente da corrupção, defraudam os cofres públicos todos os dias. E agora, ainda mais.
Podem gastar o quanto quiserem com o que quiserem, pois nem licitação é mais necessária. E, se alguém reclamar, basta dizer que “vidas não têm preço”. Mas o argumento é tão fraco que não se sustenta diante de uma única pergunta: se vidas não têm preço, por que desmontaram os hospitais de campanha alegando custarem muito caro?
E meio a medidas que não têm respaldo nenhum na ciência, inventam “verdades” e patrocinam sua repetição até que boa parte da população se encarregue de fazer o resto, de graça mesmo. Divulgam narrativas, obedecem e ainda fiscalizam e denunciam quem não segue cegamente. Conseguiram convencer as pessoas que escola significa neto matando avô, que querer trabalhar “em um momento como esse” é ser genocida e que frequentar uma igreja é “totalmente desnecessário”.
Pois é, além de salvadores de vidas, os políticos agora entendem tudo sobre a fé! Dizem que “Deus está em todos os lugares” e que, em prol da vida, todos devem busca-lo em casa. Evidente que Deus está em todos os lugares, pois Ele não muda. Porém, as pessoas mudam conforme o ambiente em que estão e quem precisa de um ambiente de fé somos nós, não Deus. Mas a sabedoria dos santos políticos tomou uma proporção tão grande que alguns creem serem deuses e, desde seu olimpo, passaram a determinar tudo o que podemos fazer, onde podemos ir, a que hora devemos voltar, o que podemos comprar, quando podemos ou não trabalhar. Politizaram tudo o que gira em torno da pandemia e, sem o menor problema, acusam seus adversários pelos próprios erros. E o melhor de tudo: descobriram que o medo tira o raciocínio e que muita gente vai apoiar qualquer arbitrariedade, afinal, acreditam piamente na “nova ciência” que não precisa de dados e que determina que toda desobediência será paga com a morte.
Embora a ciência real comprove, com pesquisas e dados, que a reabertura das escolas não aumentou o número de casos de Covid-19, eles se fazem de surdos, seguindo firmes no projeto de atrasar os estudos por mais um ano. Ora, se as crianças já perderam um ano letivo inteiro – sem nenhuma comprovação científica de que as escolas seriam as grandes disseminadoras do coronavírus – e muitos pais apoiam a medida, para que mudar? Nem foi preciso queimar livros desta vez!
Também não foi preciso fazer nenhuma campanha aberta contra a fé, pois bastou colocar as atividades religiosas no mesmo patamar das atividades comerciais e pronto. Mas os deuses do olimpo tupiniquim não têm resposta para tudo, afinal, até hoje não explicaram, por exemplo, porque não se incomodam com o transporte coletivo abarrotado – cientificamente comprovado como o maior meio disseminador do vírus – e nem porque igrejas por todo o Brasil fazem um trabalho social muito mais efetivo do que o governo.
Igrejas são as entidades número um em distribuição de cestas básicas, responsáveis por um incontável número de ex criminosos reinseridos à sociedade e pela recuperação de milhões de ex viciados. Além de um trabalho incansável na conscientização dos jovens sobre gravidez na adolescência, a importância do casamento, do planejamento familiar etc. Nenhum governo tem feito tanto pela sociedade quanto as milhares de igrejas e instituições religiosas país afora. E, em épocas sombrias como a que vivemos, o conforto espiritual que oferecem é indiscutivelmente essencial.
Para a “nova ciência” – que se apoia em nada mais do que narrativas políticas – ir à escola, trabalhar e professar uma fé perderam o valor. Mas o que será de uma sociedade sem valores como esta que nos está sendo imposta? Que futuro terá um país com o agravamento da defasagem educacional que já era preocupante, com uma sociedade ainda mais empobrecida e dependente do governo e com uma população que, cada vez mais, vem aceitando entregar aos políticos o controle da própria vida?
Autora
Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e doblog Bolsa Blindada.É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record
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