Análise: Fake news ou versão politicamente orientada?
Em vez de cumprir seu papel de pontuar notícias falsas, o termo tem sido usado para censurar conteúdo conservador
Patricia Lages|Do R7

Nas duas últimas décadas os meios de comunicação vêm passando por uma verdadeira revolução. As mídias passivas como TV, rádio, jornais e revistas foram perdendo espaço para meios interativos, como o YouTube, as redes sociais e os sites de informação em geral.
Inicialmente, a democratização da informação e a possibilidade de conhecer a opinião de quem estava do outro lado das telas foram motivos de comemoração, até que... não foram mais. Isso porque a voz popular não correspondeu ao esperado pela maioria das redações mundo afora que, como é de conhecimento geral, são hegemonicamente de esquerda.
Diante disso, a missão passou a ser descobrir uma forma de calar a voz de pessoas sobre as quais não se tem nenhum controle (pelo menos até aquele momento). Segundo o artigo The Science of Fake News (A ciência das notícias falsas, em tradução livre), publicado em 2018 na revista Science, as fake news sempre existiram, mas de uns tempos para cá, classificar notícias verdadeiras, porém, discordantes, como falsas tem sido uma ótima ferramenta de orientação política.
Em seu livro Fake News – Quando os jornais fingem fazer jornalismo, Cristian Derosa descreve como as notícias foram altamente manipuladas em maio de 2018, pouco antes da campanha eleitoral para presidência: “Jair Bolsonaro já aparecia como líder nas pesquisas, impulsionado por multidões organizadas nas redes sociais. À época, o editor-chefe da revista Piauí, Fernando de Barros e Silva, declarou em um podcast, que a postura da Folha de S. Paulo seria a de ‘tentar pegar Bolsonaro de qualquer jeito, na linha: como posso prejudicar Bolsonaro fingindo fazer jornalismo’”.
Posteriormente, o autor da frase a classificou como irônica, mas, segundo Derosa, trata-se de “uma piada que revela a verdadeira face do que se tornou o jornalismo: uma atividade voltada à construção de enredos, à produção de ambientes e à falsificação de situações”. Para Derosa, o uso da expressão fake news “marca o início do fim do jornalismo como o conhecemos”. Não só no Brasil, mas em todo o mundo. Porém, segundo um levantamento do Instituto Ipsos, 73% dos brasileiros afirmam desconfiar do que os grandes jornais (já não tão grandes assim) dizem.
Nem mesmo todos os esforços – e exageros – que a mídia esquerdista tem feito para disseminar seu conteúdo falacioso para impor suas narrativas, mudou o pensamento da grande maioria das pessoas que, ao que tudo indica, continuam mantendo valores conservadores. Sobre isso, Derosa declara que “a grande mídia não dispõe mais de credibilidade para desmentir coisa alguma”. Diante dessa constatação, as big techs têm investido pesado para implementar um pensamento hegemônico de esquerda, penalizando e até bloqueando contas e perfis de direita e classificando as vozes discordantes como disseminadoras de notícias falsas ou de discursos de ódio.
Sem sombra de dúvida, vivemos uma época em que a crise ética no jornalismo e na política consegue suplantar as crises sanitária e econômica. A guerra agora não é mais para dominar países e ampliar territórios por meio de aparatos bélicos pesados, mas sim, para dominar mentes e implantar um único pensamento utilizando todo aparato midiático que puderem. Estejamos atentos.