Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Patricia Lages

Análise: Feminismo é a favor das mulheres ou contra os homens?

Que a luta das mulheres do passado trouxe inúmeros benefícios é um fato. Mas o feminismo moderno luta por elas ou apenas age contra os homens?

Patricia Lages|Do R7

Protesto nos EUA no sábado teve viés feminista
Protesto nos EUA no sábado teve viés feminista

Trabalho há vários anos quase que exclusivamente para o crescimento das mulheres. O método de finanças pessoais que desenvolvi tem uma linguagem 100% feminina, pois finanças e economia sempre foram — e ainda são — assuntos bastante masculinos, dos quais as próprias mulheres se excluem.

Vários estudos sobre empreendedorismo feminino demonstram que quase 80% das mulheres que têm um negócio próprio delegam o cuidado das finanças a algum homem: marido, filho ou funcionário, e esse número sempre me incomodou.

Afinal de contas, por que podemos trabalhar, produzir e gerar riqueza, mas não nos sentimos capazes de administrar nosso dinheiro? Isso não é empoderamento feminino. E grande parte do meu trabalho é conscientizar as próprias mulheres de que elas são capazes de serem excelentes gestoras financeiras e que essa imagem de consumidoras irresponsáveis que estouram o limite do cartão do marido já não nos cabe mais.

Leia também

Sempre soube que a diferença entre o machismo e o feminismo é grande, pois enquanto o machismo diminui a mulher, o feminismo apenas luta pela igualdade de direitos. Porém, não posso ignorar que o que temos visto atualmente, por meio de diversos movimentos, é um feminismo que doutrina as mulheres contra os homens e que usa as próprias mulheres para defender interesses políticos que nada têm a ver conosco.


Neste sábado, nos Estados unidos, aconteceu a terceira edição do “Women’s March”, que se autodenomina uma manifestação em defesa dos direitos humanos em oposição ao governo Trump. Nele, pudemos ver mulheres empunhando cartazes com os dizeres: “Qualquer coisa que os homens conseguem fazer eu consigo fazer sangrando” e “O lugar da mulher é na resistência.”

O que esse tipo de pensamento traz em favor das mulheres? No que essas frases sugerem igualdade de direitos? Será que, mais uma vez, vamos permitir que nos digam qual é o nosso lugar? Não somos capazes de escolher por nós mesmas?


O “Women’s March” é um dos muitos movimentos que usam as mulheres para fins políticos, afinal, ele foi criado para fazer oposição ao governo Trump e colocar a mulher em lugar de “resistência”. Isso fica claro e cristalino quando lembramos que a primeira manifestação ocorreu justamente um dia após a posse do presidente eleito.

E o que dizer do “Dia sem Mulher”? Um movimento criado por feministas norte-americanas para promover uma greve geral – em vários países do mundo – onde as mulheres deverão suspender todas as suas atividades, sejam domésticas ou profissionais para provar o empoderamento.


E a minha pergunta é: no que esse feminismo é diferente do machismo? Até quando vamos ficar nessa de achar que temos de provar quem somos o tempo todo? Será que nós, mulheres, devemos reproduzir exatamente o mesmo comportamento que detestamos nos machistas? Devemos diminuir os homens, boicotar nossa própria família, nossos clientes e empregadores, reforçar a polarização de opiniões e sermos resistência a tudo e qualquer coisa?

Isso não é empoderamento feminino, mas, sim, apoderamento da força feminina para a defesa de interesses políticos que nada têm a ver com a luta legítima pelos direitos da mulher.

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo, palestrante e conferencista do evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard. Apresenta quadros de economia na TV Gazeta e RecordTV e é facilitadora da RME para o programa mundial WomenWill – Cresça com o Google.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.