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Patricia Lages

Análise: Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força

Ficção distópica publicada há mais de 70 anos, o livro '1984', de George Orwell, mais parece profecia do que utopia

Patricia Lages|Patricia Lages, do R7

Livro 1984, de George Orwell
Livro 1984, de George Orwell

O livro 1984, publicado em 1949, é a obra mais famosa de George Orwell, um dos melhores cronistas (quiçá o melhor) da cultura inglesa do século passado. Nela, o autor usa diversos neologismos – criação de palavras e expressões para definir novos conceitos – que traduzem muito bem alguns fenômenos que estamos vivendo nos dias de hoje.

O livro conta a história de Winston Smith, um funcionário público de meia idade, cuja principal função é alterar dados e fatos, reescrevendo a história de acordo com os interesses do estado. Curiosamente, ele trabalha para o Ministério da Verdade, um dos quatro braços do governo autoritário descrito na obra.

Os demais eram o Ministério da Paz, responsável por criar guerras, Ministério da Fartura, que mantinha a população na pobreza enquanto prometia riqueza para todos e o Ministério do Amor, que exercia total controle sobre a população, impondo censura, prisões, tortura e execução de opositores.

Não seriam as agências de checagem – que definem o que é “fake news” e o que não – uma espécie de Ministério da Verdade? Elas definem e redefinem fatos, desmentindo, inclusive, a si mesmas. Para citar apenas um exemplo, diversos “checadores” denunciaram, em abril de 2021, que a notícia de que haveria terceira dose de vacinas era falsa...


Vivemos uma verdadeira guerra ideológica e cultural promovida e alimentada por pessoas, grupos, movimentos e partidos políticos que juram trabalhar em prol da tolerância, da harmonia e do bem-estar de todos, assim como o Ministério da Paz, de Orwell.

A ideia de que o Estado é o único capaz de distribuir riqueza vem sendo amplamente difundida. Porém, o governo não produz nada e, ainda por cima, administra muito mal o dinheiro dos contribuintes. Isso tem criado uma pequena casta de super ricos, enquanto mantém a maioria da população na pobreza. Bem parecido com o Ministério da Fartura.


Por fim, temos uma versão do nosso Ministério do Amor, com jornalistas exigindo censura, pessoas comemorando prisões e decisões arbitrárias – achando que isso só acontecerá com seus opositores – e celebrando assassinatos de reputações e “cancelamentos”, o novo tipo de execução. Nem é preciso dizer que isso em muito se assemelha ao Ministério do Amor.

Opinião virou crime. Medo virou virtude. Questionamento virou negação da verdade. E, em pleno 2022, voltamos a 1984.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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