Análise: Por que empresários bilionários são esquerdistas?
Conheça algumas razões que fazem bilionários, donos das maiores empresas do mundo, apoiarem agenda econômica de esquerda
Patricia Lages|Do R7
Quando alguém resolve empreender por conta própria, ainda que comece como microempresário, logo irá perceber que o governo é um “sócio” que comparece todos os meses para cobrar sua porcentagem – havendo lucro ou não – e que, além de não fazer nada, ainda por cima atrapalha.
Como esse sócio tem muito tempo livre e não sabe (nem quer saber) nada a respeito do negócio, vive criando regras e mais regras para ser popular entre os funcionários e clientes. Algumas até parecem ótimas, mas, na realidade, prejudicam não só a empresa em si, como também as pessoas a quem diz querer ajudar.
Para impressionar os funcionários, por exemplo, ele tem a ótima ideia de que todos terão 20% de aumento salarial, independentemente de haver faturamento suficiente para isso. Cabe ao dono do micronegócio (o “sócio” que trabalha) se virar para fazer as contas fecharem. Para não sofrer penalidades, o microempresário não vê alternativa senão demitir um de seus três funcionários e aumentar o preço final de todos os produtos. Enquanto dois ficam felizes com o aumento, um fica sem renda e todos os clientes terão de desembolsar mais dinheiro para adquirir os mesmos produtos.
Quando os clientes ficam chateados e o desempregado protesta, o sócio que não faz nada coloca a culpa toda nos ombros do dono da empresa: “É um capitalista ‘malvadão’, explorador dos funcionários, ambicioso inveterado que não tem remédio!” Tudo isso, porém, sem sequer mencionar que as suas retiradas mensais – os impostos – serão mantidas sem nem um centavo a menos. Os clientes ecoam as ofensas e, por terem memória curta, logo não lembrarão mais do assunto e tudo continuará como sempre foi.
Mas eis que os dois funcionários que ficaram perceberam que o aumento que tiveram foi ilusório, afinal de contas, tudo o que compram subiu bem mais do que aquele reajuste de 20%. Como o sócio que só pratica o ócio tem saída para tudo, ele cria outra regra para agradar os funcionários: a partir do próximo mês eles terão vale-refeição e assistência médica. Que maravilha! Ele manda um ofício muito bem redigido para o dono da empresa, cheio de termos pomposos para demonstrar o quanto ele se empenhou para criar a tal regra e faz um pronunciamento aos funcionários: "Vocês é quem mandam! Vamos tirar de quem tem e dar a quem não tem!”
Por sua vez, o microempresário – cujas vendas caíram devido ao aumento dos preços, e a produção reduziu por estar com um funcionário a menos – não vê outra alternativa senão demitir mais um de seus colaboradores para garantir o custeio das novas despesas. “Viram só”, diz o sócio do ócio: “Eu disse que esse sujeito só visa o lucro! Mandou mais um embora, que absurdo!”
Quando seu único funcionário sai de férias, a produção do micronegócio vai a zero e o sócio (que trabalha) descobre que terá de fechar definitivamente as portas e tentar voltar ao mercado de trabalho que, por sua vez, está cheio de outros ex-empresários que, como ele, também não conseguiram fazer o negócio girar.
E a pergunta é: quem ganha com tudo isso? Os bilionários, ora! Para eles não há nenhuma dificuldade em implementar benefícios aos funcionários. Plano de saúde, vale-refeição, creche, licença maternidade de um ano e tudo mais que o sócio do ócio inventar ele pode facilmente bancar, afinal, há muita gente que daria tudo só para ter um crachá daquela empresa pendurado no pescoço (ainda que o salário em si seja pífio).
Cada micro, pequeno e médio que fecha deixa mais espaço para os grandes que, em pouco tempo, se tornam gigantes, abocanham todo o mercado e, sem concorrentes, impõem as regras de mercado que bem desejarem. Quanto mais regulações o sócio do ócio impuser, mais os pequenos quebrarão e mais os gigantes lucrarão. O raciocínio é bem simples, mas nem todo mundo tem interesse em raciocinar.
O que não se pode esquecer é que, no Brasil, 99% das empresas são micro e pequenas (MPEs) e estas são responsáveis pela geração de 54% dos empregos formais – com carteira assinada – no setor privado. Quanto menos apoio os pequenos e médios empresários receberem, mais desemprego, mais falências e menos concorrência. E agora você já sabe quem ganha e quem perde com tudo isso.
Autora
Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.
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