Análise: Restrições continuam mesmo após vacinação
Diretor-geral da Organização Mundial de Saúde diz que vacina é insuficiente para vencer a covid-19 e que as restrições continuam
Patricia Lages|Do R7
Tedros Adhanon Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais uma vez vem a público jogar um balde de água fria na onda de otimismo gerada pelos resultados positivos das vacinas dos laboratórios Pfizer, Moderna e BioNTech. Mesmo com a divulgação da eficácia de 90% na fase III de testes para as vacinas da Pfizer e BioNTech e de 95% para a da Moderna, Ghebreyesus insiste em afirmar que as medidas de prevenção devem ser mantidas, o que inclui testes e quarentena.
O que aconteceu com o “não estaremos seguros até que tenhamos vacina”? Agora nem com vacina? O que mudou, de novo? Cada vez mais, a OMS reage de forma dúbia, mudando discursos anteriores, dizendo que não disse o que disse e prestando apoio político a quem lhe convém. Desde o início da pandemia, suas ações vêm sendo inconsistentes, com uma série de informações desencontradas que só geram insegurança e medo.
A princípio, demoraram semanas para anunciar a pandemia, fazendo com que um período importantíssimo de planejamento e implantação de medidas de prevenção fosse totalmente perdido em diversos países, o que inclui o Brasil. Em relação às máscaras, as orientações mudaram tantas vezes que é difícil de acreditar que não tenham nem sequer sentido vergonha pelo vexame. “Apenas as cirúrgicas são eficazes”, diziam eles, para logo depois divulgarem que as caseiras também serviam, desde que tivessem três camadas de tecido. Daí a “ciência” mudou de ideia e decretou que duas camadas já estavam de bom tamanho. Por fim, liberou geral e, até o momento, qualquer uma é melhor do que nenhuma!
E quem não se lembra do disse-mas-não-disse em relação aos assintomáticos serem ou não transmissores do coronavírus? Com todas as letras, a epidemiologista da OMS e líder da equipe técnica da covid-19, Maria Van Kerkhove, afirmou que a disseminação do coronavírus por assintomáticos é “muito rara”. Depois da óbvia reação mundial diante de tal afirmação – que revela a inutilidade de forçar pessoas sadias a permanecer em quarentena – Kerkhove voltou atrás e disse que houve “má interpretação” e que “a transmissão a partir de indivíduos assintomáticos é real, embora os números ainda sejam desconhecidos.” Desde quando a ciência se apoia em “números desconhecidos” para afirmar ou desmentir o que quer que seja? Fora isso, lembremos do silêncio sepulcral da OMS em relação à festa em Wuhan, epicentro da pandemia, onde milhares de chineses se aglomeraram em piscinas absurdamente lotadas.
A questão é que, quem conseguiu impor um controle mundial inédito como o que estamos vendo e vivendo, não quer largar o osso. Com vacina ou sem vacina, a “ciência” parece que vai continuar mudando seu discurso de acordo com o que contribua para avançar determinadas¬ agendas. E, enquanto eles avançam, o mundo retrocede.
Autora
Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.
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