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Patricia Lages

Análise: 'Um cara que tá roubando é pai de família. Ele tá trabalhando!'

Acompanhe a transcrição do diálogo entre um aluno e seu professor sobre a 'atualização' de ladrão: 'pai de família, trabalhador'

Patricia Lages|Do R7

Segue a transcrição ipsis litteris do diálogo entre um professor de geografia da Escola Estadual Camilo Dias, situada em Boa Vista, Roraima, e um de seus alunos.

Aluno: “O senhor acaba de falar sobre a gente ter que... como se fala? Alguns políticos ‘dizer’ que a gente tem que andar armado, um pai de família. Mas a gente fala: ‘Nossa, isso é um erro’, né? A pessoa tá armada. Mas a gente não pensa na hora que um ladrão tá armado. É errado a pessoa de bem tá armada pra se defender, mas...".

Interrompendo o aluno, o professor pergunta: “E quem é a pessoa de bem?”.

Aluno: “Um pai de família, por exemplo”.


Professor: “Um cara que tá roubando é pai de família. O que é uma pessoa de bem? Me explica melhor o que é que você tá falando”.

Antes de o aluno responder, o professor acrescenta: “O cara que rouba tem família!”.


O aluno começa a responder: “O cara que trabalha...”.

O professor o interrompe novamente: “O cara que rouba tá trabalhando! O cara que rouba, pra ele, roubar é um trabalho. Para ele é!”.


Aluno: “Mas não é certo!”.

Professor: “Quem tá falando que não é certo?”. O professor repete a pergunta: “Quem tá falando que não é certo?”.

O aluno tenta explicar o conceito de certo e errado ao professor por meio de um exemplo: “Vamos supor que o senhor trabalha dez anos para comprar um carro de luxo...”.

O professor interrompe mais uma vez: “Aham... Dez anos no Brasil não dá pra comprar carro de luxo”.

As ideias de um professor sobre armas, pessoas de bem e ladrões
As ideias de um professor sobre armas, pessoas de bem e ladrões

O aluno retoma: “Eu tô dando um exemplo. Mas se ‘for’: o senhor trabalha dez anos pra o senhor comprar um carro de luxo que o senhor quer, um sonho. Aí, chega um cara que nunca trabalhou na vida, nunca teve nenhum estudo... O senhor se preparou pra isso, entendeu? E toma o carro do senhor...”.

O professor reafirma: “Ele tá trabalhando!”.

Aluno: “Meu Deus do céu... Meu Pai!”.

Você, pai e mãe de família, o que acha desse diálogo? Você, que trabalha duro para educar seu filho, que faz todo o possível para que ele tenha o melhor, o que acha dessa “aula”?

Esse professor de geografia, que, em vez de ensinar sobre a descrição da Terra e seus fenômenos físicos, biológicos e humanos, faz a apologia do roubo, seria uma pessoa de bem? Ou estaria ele roubando de seus alunos o bom-senso e os valores que todo cidadão deveria ter?

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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