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Patricia Lages

Apostas on-line são uma das causas do novo recorde de inadimplência

Cerca de 57% dos apostadores não estavam inadimplentes antes de começarem a jogar

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O influenciador ainda teve seu nome envolvido nas denúncias sobre um jogo virtual de apostas. A Polícia Civil de São Paulo investiga a plataforma que veicula o game, divulgado pelo humorista e outros famosos. Após usuários denunciarem não receber os prêmios, a empresa teve milhões de reais bloqueados na justiça. Ele assumiu o problema, mas rebateu: "Isso é um jogo de azar, e eu deixo claro". 
Apostas em plataformas on-line está entre as maiores causas de inadimplência no país Reprodução/RECORD

Segundo a Serasa Experian, em julho o número de inadimplentes bateu um novo recorde: 78,2 milhões de pessoas. Quase metade da população adulta (47,9%) está inadimplente e, em alguns estados a situação é ainda mais grave.

No Amapá, 64% dos habitantes estão negativados e, no Rio de Janeiro, 57%. O destaque fica com o Distrito Federal que, apesar de ter a maior renda per capta do país, possui um índice de 61% de inadimplentes, o que prova que acumular dívidas não é uma questão de baixa renda.

Dentre as principais causas da inadimplência estão: falta de recursos para saldar dívidas, juros e apostas on-line.

O papel das apostas on-line do endividamento e inadimplência

Segundo o Banco Central, apenas em agosto de 2024, R$ 3 bilhões do Bolsa Família foram desperdiçados em apostas. O Ministério do Desenvolvimento Social apontou que 1,8 milhão de beneficiários usaram o cartão do programa em plataformas de apostas.


A Polícia Federal deu início a uma investigação e o Governo considerou implementar medidas de bloqueio ou restrição do uso do benefício em apostas. Porém, a investigação ainda não foi concluída e medidas como limite zero para pagamentos em casas de apostas não foram implementadas.

Enquanto nada acontece, dados da Mapfre Investimentos apontam que cerca de 57% dos apostadores não estavam inadimplentes antes de começarem a jogar.


Inadimplência crônica

Oito em cada dez pessoas negativadas em maio deste ano já haviam estado inadimplentes nos 12 meses anteriores. Desse total, 63% foram negativadas novamente e 20% haviam limpado o nome, mas voltaram a dever.

Outro fator é a recorrência ao crédito. Quando a renda não é suficiente para cobrir as despesas, mais de 40% dos trabalhadores buscam mais crédito, principalmente em operações de juros altos, como cheque especial e cartão de crédito, comprometendo o orçamento até levar à perda da capacidade de pagamento.


Governo na contramão da solução

Para sair desse ciclo, educação financeira é fundamental e deveria estar – de fato e não apenas em teoria – nas escolas públicas desde cedo, para que não tenhamos outra geração de devedores e inadimplentes.

Porém, no Brasil, o que gera muito mais votos são medidas imediatistas e populistas. Com isso, chegamos a números inacreditáveis de dependência: atualmente, dez estados (AC, AM, PA, AP, MA, PI, PB, AL, SE e BA) têm mais pessoas recebendo Bolsa Família do que trabalhando em emprego formal .

O caso mais extremo é o município de Itaubal (AP), onde 93% da população depende do Bolsa Família e, dos cerca de seis mil habitantes, apenas 28 têm emprego formal.

O brasileiro médio ainda acredita que o que vem do Estado é “de graça”; que distribuir dinheiro sem qualquer contrapartida do beneficiário (a não ser continuar pobre e sem trabalho) é uma boa medida; e que educação financeira é só para quem tem dinheiro.

Essa é a equação perfeita para manter a população presa à escravidão das dívidas e à dependência de benefícios que perpetuam a pobreza e desmotivam o trabalho.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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