Apropriação olímpica, o vale-tudo para impor narativas e a espiral do silêncio
Jogos de Paris entram para história como Olimpíadas da lacração e da polarização, mas ninguém pode discordar
Mais uma vez, J.K. Rowling, a autora da série Harry Potter, é cancelada por emitir sua opinião. Em uma postagen no X, a escritora falou sobre a luta entre as boxeadoras Imane Khelif, da Argélia e Angela Carini, da Itália: “Alguma imagem poderia resumir melhor o nosso novo movimento pelos direitos dos homens? O sorriso malicioso de um homem protegido por uma instituição esportiva misógina, aproveitando a angústia de uma mulher que ele acabou de dar um soco na cabeça e cuja ambição de vida ele acabou de destruir.”
Se o bom-senso não estivesse em coma induzido, nem sequer haveria polêmica, pois qualquer pessoa em sã consciência sabe que nesse tipo de esporte precisa haver equidade de vários fatores, como sexo biológico, peso e categoria. Porém, grande parte da mídia ao redor do mundo está aproveitando a situação para avançar a agenda da normalização dos absurdos, emplacando uma série de narrativas para excluir as mulheres de seus próprios espaços, em nome da “diversidade e da tolerância”.
Independentemente dos jogos de palavras, das meias-verdades e do uso indiscriminado da semântica (sabendo que a maioria das pessoas só vai ler o título das matérias), o que a ciência afirma é que um indivíduo que possui cromossomos XY pertence ao sexo masculino. Daí em diante, suas escolham e preferências ficam a seu critério e ninguém discute isso. Porém, agrade ou não ao establishment globalista, Imane Khelif possui cromossomos XY.
Em 2023, Khelif não passou no teste de gênero da Associação Internacional de Boxe (IBA) e foi impedida de lutar contra mulheres no Mundial. O presidente da entidade, Umar Kremlev, afirmou que os testes de DNA de Khelif, bem como da boxeadora Lin Yu-Ting, de Taiwan, “provaram que elas têm cromossomos XY e por isso foram excluídas”. Na semana passada, a IBA declarou que ambas foram desclassificadas como “resultado de uma falha em preencher os critérios de elegibilidade para participar da competição feminina” e que essa foi “uma decisão extremamente importante e necessária para manter o nível de justiça e integridade da competição”. A associação acrescentou que as duas pugilistas possuíam vantagens competitivas sobre outras competidoras.
Já para o Comitê Olímpico Internacional (COI), valem as regras da Paris Boxing Unit (Unidade de Boxe de Paris/PBU), que considera a idade e o sexo das atletas conforme constam em seus passaportes. Em nota, o COI afirma estar “entristecido pelo abuso que as duas atletas estão recebendo atualmente.” Quanto aos abusos contra as mulheres em seus próprios esportes, nenhuma palavra.
Apropriação olímpica da militância que nada produz
A militância, com todo seu tempo livre e ampla falta de criatividade, bem que tentou de todas as formas usar os méritos da ginasta Rebeca Andrade para lacrar e reforçar seu velho discurso de ódio do “nós contra eles”. Neste caso, pretos contra brancos. Não funcionou.
Em entrevista, a atleta afirmou: “Eu sou preta e vou representar todo mundo. Preto, branco, pardo, todas as cores, verde, azul e amarelo. No esporte não tem que ter isso, você tem que representar todo mundo.”
E é claro que o ouro da judoca Beatriz Souza também foi usado pela militância política, aquele pessoal que parece estar com a vida ganha e tem todo tempo do mundo para ficar defendendo políticos em vez de cuidar da própria vida. De um lado, gente jurando que Bia é de direita, outros berrando que é de esquerda, querendo ganhar capital político nas costas de alguém que, até dias trás não sabiam nem quem era.
E o que dizer da turminha que não sabe nem apontar Israel no mapa-múndi, mas acha que entende tudo sobre o conflito Israel-Hamas. A insanidade é tanta que há quem esteja dizendo que a “derrota da israelense” Raz Hershko representa a “vitória do povo palestino”. Além de Hershko ter conquistado prata (o que obviamente não é nenhuma derrota), a militância cega ignora que Israel é a única democracia do Oriente Médio.
Mas para que toda essa estupidez ganhe força, a espiral do silêncio – na qual as pessoas omitem suas opiniões quando conflitam com a opinião dominante temendo isolamento e críticas – trabalha pesado. É dessa forma que se normaliza o inaceitável e se aceita o anormal. É assim que o mundo caminha para uma encenação real do conto “O rei está nu”, de Hans Christian Andersen. Tempos sombrios.
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