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Patricia Lages
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Crise no RS leva “Ministério da Verdade” a trabalhar intensamente

Aumentam casos de notícias reais taxadas como “fake news” e redes sociais cobram retratações

Patricia Lages|Do R7


Mais um capítulo da nossa história parece encenar com uma precisão incrível o romance distópico 1984, de George Orwell, publicado em 1949. A temática se desdobra em três pontos principais: as consequências do totalitarismo do Estado, a vigilância ostensiva da população e a lavagem cerebral da sociedade.

Para amarrar todas as pontas de um enredo que (até pouco tempo atrás) parecia algo absolutamente fantasioso, a obra discorre sobre a necessidade de substituir a verdade dos fatos pela manipulação de dados e pela criação de narrativas orquestradas pelo Estado. As semelhanças do que estamos vivendo nos últimos tempos seriam meras coincidências?

Neste novo e tenebroso capítulo da história do Brasil, fica cada vez mais difícil não comparar a nossa triste realidade com as ações do Estado totalitário da criação de Orwell. Ao que tudo indica, também temos um “Ministério da Verdade” trabalhando a todo vapor para ocultar fatos que não convêm chegar ao conhecimento público, enquanto ameaça coibir e calar quem reporta a realidade. Não é à toa que o governo tem insistido na “regulação” das redes sociais, por onde 79% dos brasileiros consomem notícias, segundo pesquisa da Reuters.

As redes sociais, onde todos têm voz e vez, estão se mostrando uma ferramenta importante para desmontar narrativas e escancarar a verdade. Um dos exemplos é a notícia real sobre multas aplicadas a veículos que transportavam doações por falta de notas fiscais, mas veiculada como fake news pela grande mídia. A falsa afirmação de que a notícia verdadeira era falsa só foi desmascarada por causa de diversos vídeos expondo a situação nas redes sociais, seguido da cobrança de retratação por parte da população (que ainda não foi submetida, em sua totalidade, à lavagem cerebral citada por Orwell).

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Após pressão popular, fomos de “é falso que um caminhão com doações tenha sido multado”, passando por “o caso da multa não passa de um fato isolado” até culminar em “seis caminhões com doações foram, de fato, multados”. O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale, fez um pronunciamento oficial admitindo a aplicação de multas.

“Houve casos isolados de atuação por excesso de peso na balança de Araranguá (SC), que não se tornarão multas e serão devidamente anuladas. É importante dizer que todos esses casos, foram seis, seguiram suas viagens sem retenção na balança ao constatarmos que eram doações”, confirmou Vitale.

As perguntas que ficam são: não fossem as redes sociais, teríamos tido acesso à verdade? Não fossem as redes sociais, aqueles que reportaram a verdade seriam reduzidos a propagadores de fake news, “cancelados” e punidos? O que acontecerá àqueles que taxaram a verdade como mentira? E, finalmente: o que será da verdade quando a “regulação” das redes finalmente se instalar neste país e o “Ministério da Verdade” alcançar o status de juiz absoluto da verdade suprema?

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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