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Patricia Lages

Dia do Trabalho: o que comemorar quando há 8,6 milhões de desempregados

Apesar das narrativas de que tudo vai bem, taxa de desemprego avança e atinge 7,9% no primeiro trimestre do ano

Patricia Lages|Do R7

Carteira de trabalho Divulgação/Governo do Estado do Rio

“Mas veja como isso é bom...” A frase já virou piada na internet por ser usada em tentativas desesperadas de convencer a população de que estamos vivendo no país das maravilhas, ou numa espécie de ilha da fantasia, como preferir. Já nos deparamos com pérolas do tipo: inflação alta não é ruim, aumento da gasolina só atinge “ricos que têm carrão” e que a reforma tributária trará isenção de impostos na cesta básica (embora vá reduzir a quantidade de produtos). Não me surpreenderia uma narrativa do tipo: “Para conter avanço da obesidade, governo diminui cesta básica”.

E hoje, em pleno Dia do Trabalho, eis que somos inundados com notícias que dão a entender que a alta do desemprego não é um problema. Para isso, há várias estratégias que podem ser intercaladas entre si.

A estratégia do “mas”: Desemprego sobe a 7,9%, mas é o menor para o 1º trimestre desde 2014

A estratégia do “poderia ser pior”: Analistas esperavam taxa maior, de 8,1%


A estratégia do “só vão ler a manchete”: Taxa de desemprego cai para 7,9% no primeiro trimestre de 2024

Para sustentar a afirmação, basta voltar no tempo: Indicador é o menor registrado na série histórica do IBGE para o período entre janeiro e março de 2014


A estratégia dos “recortes estatísticos” que ignora tudo ao redor: Criação de empregos bate recorde em março e acumula alta de 33% no trimestre

Para destacar alta de empregos quando há 8,6 de desempregados, basta uma frase afirmando que tudo irá bem, desde que nada vá mal: “Com o resultado colhido no ano passado e nestes três primeiros meses do ano, tenho certeza que se não tiver um impacto tão negativo internacional, a economia brasileira vai crescer mais do que os chamados especialistas projetaram para esse ano”, disse o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

No país onde até a taxa de desemprego se tornou algo “fluido” e que adaptável à “verdade de cada um”, quem está realmente com muito trabalho são os que insistem em afirmar que estamos indo de vento em popa em todos os sentidos. Mas veja como isso é bom: um grande exemplo de que o uso da criatividade pode fazer milagres.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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