Fórmula que promete resolver qualquer problema em 30 minutos: fato histórico ou mito corporativo?
Conheça a “Equação Universal dos Resultados” que diz que meia hora de foco real substitui horas de pseudoatividade

Conta-se que, em 1986, Brian Tracy, consultor de produtividade, apresentou na Universidade de Harvard uma fórmula capaz de resolver qualquer problema em 30 minutos. A chamada Equação Universal dos Resultados afirma que clareza, concentração e foco total podem substituir horas de trabalho disperso. Diz-se também que 12 empresas teriam testado a teoria e experimentado um aumento de 300% na produtividade.
Apesar de não haver evidências que comprovem a história nem os resultados dos supostos testes, a falta de foco está ampla e cientificamente documentada como um fator de baixa produtividade.
Uma pesquisa da Universidade da Califórnia, conduzida por Gloria Mark, autora do livro Attention Span (sem tradução para o português), revelou que um funcionário trabalha em uma tarefa de 10 a 12 minutos antes de ser interrompido. E que, após cada interrupção, são necessários entre 20 e 25 minutos para retomar a concentração anterior.
Há, porém, um detalhe importante: nós mesmos interrompemos nossas tarefas com mais frequência do que somos interrompidos. Nosso cérebro prioriza a sobrevivência e não a produtividade. Isso porque se o homem primitivo estivesse profundamente focado em uma tarefa poderia não perceber mudanças no ambiente ou sinais de perigo. Ao longo do tempo, desenvolvemos sistemas automáticos de varredura, interrompendo o foco para checar se algo mais importante está acontecendo.
Pesquisadores da Universidade de Newcastle, indicam que essa função nos dá a capacidade de reagir em fração de segundo diante de algum perigo. Quando dirigimos, por exemplo, apesar de estarmos concentrados na estrada, uma “distração” do cérebro pode perceber um pedestre e desviar rapidamente, evitando um acidente.
Se somos “desatentos por natureza”, como manter o foco?
Ainda que a história em torno da Equação Universal dos Resultados não seja comprovada, sua lógica faz sentido: produtividade depende de clareza (saber exatamente o que fazer), foco (atenção total) e controle do tempo perdido com distrações. Em termos simplificados, a equação poderia ser descrita como: Resultados = Clareza × Foco ÷ Distrações.
Porém, a atenção humana não é um recurso ilimitado e constante, pois nosso cérebro opera alternando ciclos de atenção e cansaço cognitivo. Períodos prolongados de foco intenso podem levar à Fadiga da Atenção Dirigida (FAD), ou seja, o cérebro cansa de se concentrar e, naturalmente, busca uma pausa por meio de distrações. E não, não há nada de errado com isso, pois assim como o corpo, o cérebro também precisa de descanso.
Foco e descanso
Para equilibrar foco e descanso e, assim, aumentar a produtividade, especialistas recomendam três práticas simples:
1. Alterne blocos de tempo de foco total e interrupções planejadas – mantenha o foco total de 25 a 45 minutos sem interrupções e, em seguida, faça uma pausa de 5 a 10 minutos.
2. Faça pausas de descanso e não de estímulo – afaste-se das telas, olhe para longe e, se possível, caminhe ou vá para ambientes silenciosos.
3. Encerre cada bloco focado com fechamento cognitivo claro – antes da pausa anote o ponto exato onde parou e a próxima ação objetiva.














