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Patricia Lages
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Mais crianças sem pai, mais pobreza, mais violência

Estudos mostram que a falta da figura paterna aumenta pobreza, evasão escolar, cometimento de crimes e dobra o índice de suicídio

Patricia Lages|Do R7


Levantamentos da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), apontam que o número de bebês registrados com “pai ausente” vem subindo a cada ano. Nos doze meses de 2018, o percentual foi de 5,5%, mas de janeiro a junho de 2023, o índice saltou para 6,9%.

As cidades brasileiras com maiores percentuais de registros sem pai apresentam índice de pobreza elevado, alto nível de analfabetismo e baixo desenvolvimento. Um exemplo é o município de Senador Alexandre Costa, no Maranhão, com mais 23% de registros apenas no nome da mãe (em 2022), apresentando 34,2% de analfabetismo (segundo o Censo de 2010), e um dos últimos colocados no Índice de Desenvolvimento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Acadêmicos das universidades americanas Princeton, Cornell e Berkeley, analisaram mais de 40 estudos, feitos em diversos países, sobre as consequências da falta do pai no desenvolvimento dos filhos. Os resultados apontam “evidências sólidas de que a ausência paterna afeta negativamente o desenvolvimento social e emocional das crianças”, principalmente nos primeiros anos de vida, atingindo mais os meninos.

As estatísticas apontadas nos estudos também mostram que adolescentes criados sem pai têm mais chances de viver na pobreza, abandonar os estudos e entrar para o mundo do crime. Além disso, a probabilidade de praticar suicídio dobra entre jovens nessa situação.

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No Brasil, a falta do pai sobrecarrega a mãe em vários aspectos, desde emocionais até financeiros. O número de pais que não pagam pensão alimentícia aumenta a cada ano, fazendo com que as mães tenham de deixar os filhos aos cuidados de terceiros durante praticamente o dia todo, cinco ou seis vezes por semana. A jornada exaustiva, as preocupações constantes e a falta de apoio da figura paterna – e muitas vezes da família como um todo – colocam sobre os ombros das mães um fardo extremamente difícil de carregar.

Enquanto isso, a cultura do empoderamento e o feminismo negacionista romantizam a “criação solo”, pregando que crianças não precisam de pai, que mulheres são autossuficientes e que não precisam do apoio de homem nenhum (ainda que os filhos sofram).

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Crianças precisam de segurança, estabilidade, rotina e de pai e mãe. As estatísticas, os estudos e as análises de profissionais multidisciplinares comprovam a afirmação. E ainda que não tivéssemos dados oficiais, qualquer pessoa um pouco mais atenta pode testemunhar o que a dissolução da família tem causado.

A mulher arrimo de família, que é cobrada no trabalho como se não tivesse filhos, ao mesmo tempo que é cobrada pela sociedade a desempenhar o papel de pai e mãe como se não trabalhasse fora é uma conta que nunca vai fechar. A tripla jornada imposta às mulheres chega a ser desumana, portanto, esperar que essas mães tenham condições emocionais para lidarem sozinhas com todas as demandas que um filho traz é massacrá-las com requintes de crueldade.

A verdade é que criar filhos sozinha não é glamoroso nem para as mulheres e muito menos para as crianças. Resta saber a quem interessa implementar esse tipo de pensamento e a fomentar o caos que temos assistido nos noticiários todos os dias.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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