Mudanças no Pix: BC exige rastreamento em cascata e aumenta chances de recuperar dinheiro
Confira o que muda e o reforço nas obrigações dos bancos para reaver valores em casos de fraude ou golpe
LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

O Pix se consolidou como a principal ferramenta de pagamentos instantâneos do Brasil, mas a adesão massiva também atraiu a atenção de fraudadores, resultando em um aumento no número de golpes. Para aprimorar a experiência do usuário, o Banco Central publicou a Instrução Normativa BCB nº 689/2025, em 11 de dezembro, que visa garantir mais transparência e segurança.
As novas normas entram em vigor a partir de 2 de fevereiro de 2026, data em que também se consolida o reforço da responsabilidade na segurança e no rastreamento das operações por parte dos bancos.
O objetivo da nova forma de rastreamento é aprimorar o Mecanismo Especial de Devolução (MED), ferramenta utilizada para reaver valores em situações de fraude ou golpe. Isso porque, desde que foi criado, em 2021, o MED tem sido pouco eficaz. Estudos de 2023 indicaram que apenas 9% dos valores solicitados foram devolvidos.
Um dos maiores entraves é a dependência de saldo disponível na conta usada pelo fraudador. Como os golpistas transferem rapidamente os valores para outras contas, a recuperação torna-se praticamente inviável. Com a nova regra, o Banco Central exige que os bancos façam um rastreamento em cascata, ou seja, se o valor for transferido da conta do recebedor inicial para outras contas, o bloqueio deverá ser estendido a essas contas.
Embora o bloqueio nas contas subsequentes não garanta a devolução, a medida aumenta as chances de recuperação. Também é importante destacar que o novo tipo de rastreamento ocorrerá somente em casos comprovados de fraude.
No que diz respeito à melhora na experiência do usuário, todas as instituições financeiras terão de obedecer a um padrão único de mensagens e layouts. Atualmente, cada banco usa uma nomenclatura própria, muitas vezes com termos genéricos que acabam gerando confusão. A partir de fevereiro, isso deixa de ocorrer.
Perguntas e respostas: o que muda para quem usa Pix
O Pix passará a ter tarifas ou custos para pessoa física?
Não. As operações e transferências via Pix continuam gratuitas para pessoas físicas. A cobrança de taxa é permitida (mas não obrigatória) apenas para pessoas jurídicas.
O que muda para o usuário comum?
O envio e recebimento via Pix continuam iguais. A mudança está na clareza das informações: extratos, notificações e comprovantes passam a seguir padrões obrigatórios.
Como serão os padrões obrigatórios?
Hoje cada banco cria seus padrões de apresentação e comunicação com o usuário, gerando confusões e aumentando o número de atendimentos. Mas a partir de 2 de fevereiro de 2026, todos os bancos terão de seguir os mesmos padrões de apresentação e requisitos mínimos de experiência do usuário. As instituições que não se adequarem poderão sofrer sanções e até mesmo serem suspensas do sistema Pix.
Haverá mudanças nos QR Codes?
Sim. Atualmente, cada instituição pode exibir QR Codes e informações de formas diferentes, o que pode gerar confusão em compras presenciais ou online. Com a padronização, os usuários saberão o que esperar ao ler o código, reduzindo erros de pagamento e aumentando a confiança no processo.
Haverá mudanças no Pix Automático?
Sim. O Pix Automático (que permite autorizar pagamentos recorrentes, como assinaturas, mensalidades e contas de serviços) passará por um aprimoramento. Hoje, a forma como os bancos demonstram os lançamentos no extrato pode variar, o que pode deixar dúvidas sobre o que está agendado e o que já foi realizado. Com os ajustes, o histórico será mais uniforme, facilitando o controle de pagamentos e evitando cobranças indesejadas, uma vez que o usuário entenderá o que foi pago automaticamente e por quê.
Como funcionará, na prática, a devolução por suspeita de fraude?
Como é hoje: O usuário recebe a mensagem “Transação devolvida por medida de segurança” sem detalhes, não deixando claro que se trata da devolução de um Pix.
Como será: A notificação terá que identificar o pagamento original, com data, valor e ID da transação, explicando o motivo da devolução e com um comprovante padronizado.
Como funcionará, na prática, a devolução por erro de pagamento?
Como é hoje: As mensagens e os comprovantes variam em cada banco. Em alguns casos, não fica claro quem iniciou a devolução.
Como será: O extrato deve indicar “Pix devolvido” e associá-lo ao “Pix enviado”, informando quem solicitou a devolução.
Como será o novo rastreamento de valores em cascata?
Como é hoje: Em casos de fraude, o bloqueio do valor transferido via Pix era, em geral, limitado ao saldo da conta do primeiro recebedor. Se o valor fosse transferido para outras contas, a recuperação tornava-se praticamente inviável.
Como será: haverá rastreamento em cascata. Se o valor for transferido da conta do recebedor inicial para contas intermediárias, o bloqueio deve ser estendido a essas contas.
Comunicação sobre o Processo de Devolução
Como é hoje: A comunicação com o usuário sobre os processos de devolução de valores podem ser pouco claras ou insuficientes. Em alguns casos, não fica claro quem iniciou a devolução, por exemplo.
Como será: Os bancos deverão fornecer informações claras e detalhadas ao cliente sobre a transação original, o status do processo, incluindo prazos, etapas de bloqueio e detalhes do rastreamento.














