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Patricia Lages

“Obrigada” é a nova palavra proibida a todas as mulheres

Segundo empreendedoras empoderadas, agradecer maridos é demonstração de subserviência e retrocesso

Patricia Lages|Patricia LagesOpens in new window

Há quanto tempo você usa a mesma esponja para lavar a louça?
Dizer "obrigada" ou lavar a louça?

Um grupo de mulheres se reúne para discutir questões sobre empreendedorismo e o encontro é muito produtivo. Todas se mostram competentes, bem preparadas e com muita vontade de fazer a diferença.

Ao final do encontro, todas estão motivadas a trabalhar para o crescimento de suas empresas, até que, antes de finalizar o encontro, uma delas pede a palavra e decide “jogar na mesa” um último tópico: como os homens adoram atrapalhar a vida das mulheres.

Ela faz um longo desabafo sobre o quanto seu marido não se interessa por seu negócio e que, além da indiferença, não comemora suas conquistas, não reconhece seus esforços e ainda acha que é obrigação dela fazer todas as tarefas domésticas sozinha.

Aos poucos, a motivação de todas vai diminuindo na mesma proporção em que as reclamações sobre seus parceiros vão aumentando. Observo a mudança drástica, mas resolvo não entrar naquela espiral. Porém, uma delas percebe que não reclamei de nada e dispara: “E você? Em que seu marido te atrapalha?”


Respondo que ele não me atrapalha em nada, mas elas não acreditam e começam a sugerir problemas como: “aposto que ele te ofusca para não ficar por baixo, homem é assim!” Reitero que ele, além de não atrapalhar, me ajuda, mas elas insistem que “nesse mato tem coelho, sim!” Respondo da melhor maneira possível para não polemizar ainda mais: “Eu faço por ele o que eu gostaria que ele fizesse por mim, mas acho que o maior segredo é agradecer as coisas que ele faz, mesmo as mais bobas, do dia a dia”.

Algumas me olham com ar incrédulo, outras dizem que fazem o mesmo e não adianta nada e, por fim, uma delas me pede um exemplo. “Eu agradeço todas as vezes que ele cozinha, lava a louça, recolhe o lixo, coisas assim”, explico. Apesar de ser uma resposta simples, as reações foram as piores possíveis.


“Quê? Tá falando sério? Eu nunca vou agradecer se por acaso meu marido lavar louça um dia! Isso é obrigação!”

“Desnecessário! É o mesmo que afirmar que ele está fazendo uma coisa que você deveria fazer. Estamos no século 21, não vamos retroceder, né?”


“Prefiro continuar limpando a casa inteira sozinha! Achei o fim... não é à toa que você estava quieta!”

“Se você se coloca numa posição subserviente, ok, mas daí a dizer que funciona... Tô chocada!”

Desde criança somos ensinadas a agradecer a quem nos faz algo bom, mas ao que tudo indica, agradecer o próprio marido é algo que as empoderadas não podem conceber. Foi muito estranho ouvir frases tão agressivas de pessoas que, minutos antes, falavam de propósito, crescimento, parceria e “fazer de tudo” por um mundo melhor.

A verdade é que todos saem perdendo quando o discurso é totalmente diferente das ações. Essas mesmas mulheres que agradecem efusivamente suas colaboradoras quando fazem suas obrigações (e, muitas vezes, relevam quando não fazem, em nome da “sororidade”), impõem dentro de casa uma atmosfera de animosidade por se recusarem a usar a maior força que têm: a delicadeza.

Apesar da chuva de críticas, continuo agradecendo meu marido por tudo o que ele faz, pois, além de ter paz dentro de casa, quase nunca preciso cozinhar, lavar louça ou colocar o lixo para fora!

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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