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Patricia Lages

Poder silencioso: vazio sonoro pode melhorar sua saúde mental

Redescobrir a quietude pode ser o segredo para uma mente mais calma e uma vida equilibrada

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Ao nos afastarmos do barulho exterior, permitimos que a mente reorganize pensamentos, processe emoções e, essencialmente, "respire"

Você sente um incômodo, uma irritação e percebe que está impaciente, mas não sabe o porquê. Até que um aparelho barulhento de ar-condicionado – que você nem havia notado – é desligado. Imediatamente você sente um alívio e, por que não dizer, uma certa paz.

Vivemos em uma era de superestimulação sensorial, onde o barulho se destaca como uma constante. Trânsito cada vez mais ruidoso, música em todo lugar, TVs ligadas em consultórios, hospitais e restaurantes, inúmeras notificações de celular pipocando por todos os lados, enquanto pessoas falam cada vez mais alto para serem ouvidas.

Nesse cenário, o silêncio se tornou artigo de luxo, mas a busca por quietude se faz necessária para o equilíbrio da saúde mental. Isso porque o barulho constante pode elevar os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, contribuindo para ansiedade, insônia e dificuldades de concentração. Viver em um ambiente barulhento pode, inclusive, alterar o comportamento, aumentando os níveis de agressividade e violência.

Em contraste, o silêncio promove redução do estresse e da ansiedade, melhora a concentração e a produtividade, estimula a criatividade e o autoconhecimento e contribui para a qualidade do sono. Além disso, a neurogênese no hipocampo, a área do cérebro associada à memória e ao aprendizado, ajuda a restaurar os recursos cognitivos esgotados pela sobrecarga sensorial.


No livro O Silêncio Vale Ouro, Justin Zorn e Leight Marz exploram a ciência por trás da quietude e como ela pode aprimorar a criatividade, a produtividade e a saúde. Os autores afirmam que, ao nos afastarmos do barulho exterior, permitimos que a mente reorganize pensamentos, processe emoções e, essencialmente, “respire”.

Medo do silêncio

Apesar de o silêncio ser altamente benéfico, por que tantas pessoas parecem temê-lo? O medo do silêncio tem nome: sedatefobia. Muitas vezes, ele surge da necessidade de preencher vazios ou de evitar a introspecção. Em um ambiente silencioso, a mente pode confrontar pensamentos e emoções reprimidos, gerando desconforto a quem prefere não ter de lidar com eles.


Além disso, a cultura contemporânea frequentemente associa silêncio à falta de produtividade, incentivando a busca constante por estímulos. Para muitos, o barulho é uma forma de distração, uma fuga das complexidades internas ou até mesmo da solidão.

No entanto, cultivar o silêncio é um ato de autocuidado que pode trazer mudanças positivas e profundas. Não é uma questão de se isolar do mundo, mas de integrar momentos de quietude no dia a dia para uma rotina mais saudável.


Encontre e faça as pazes com o silêncio

Aqui vão algumas dicas para começar a praticar o silêncio.

Institua alguns “Minutos de Ouro” na sua rotina – Comece com apenas 5 a 10 minutos diários de silêncio absoluto. Pode ser pela manhã, logo depois de acordar, ou à noite, antes de dormir. Use esse tempo para orar, meditar e observar sua respiração longe de distrações, como celular ou televisão.

Desconexão digital – estabeleça horários específicos para se desconectar de dispositivos eletrônicos: desligue as notificações, evite acessar redes sociais ou tratar de assuntos de trabalho. Isso não só reduz o ruído digital, mas também libera sua mente da constante demanda por atenção.

Contato com a natureza – sempre que possível, passe um tempo em ambientes naturais, como parques ou trilhas, sem fones de ouvido. Fazer uma imersão sensorial na natureza, livre de ruídos artificiais, acalma a mente e revitaliza o ânimo.

Praticar o silêncio não significa fugir do mundo, mas sim encontrar um refúgio interno para processar e recarregar. Ao abraçar a quietude, você abre espaço para a clareza mental, a redução do estresse e uma vida mais equilibrada. Ouvir o silêncio pode ser uma experiência transformadora.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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